Portugal consegue juro negativo na dívida de curto prazo. Coloca 1.750 milhões a seis e 12 meses

IGCP emitiu bilhetes do Tesouro com prazo a 20 de novembro de 2020 e 21 de maio de 2021. A quebra nos juros acompanhou o forte apetite por dívida portuguesa demonstrado pelos investidores.

Portugal foi ao mercado de dívida de curto prazo e conseguiu juros negativos para colocar bilhetes do Tesouro (BT) a seis e 12 meses. Num leilão duplo realizado na manhã desta quarta-feira, a A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP emitiu um total de 1.750 milhões de euros com taxas mais baixas que em anteriores leilões.

No caso dos títulos com maturidade mais longa, o Tesouro colocou 1.000 milhões com uma taxa de juro de -0,351%. Esta taxa não só é negativa como fica abaixo dos -0,101% que Portugal conseguiu no último leilão de títulos com esta maturidade, a 18 de março.

Já no que diz respeito aos BT com prazo mais curto, a agência emitiu 750 milhões com um juro de -0,411%. No último leilão comparável, tinha conseguido uma yield menos negativa de -0,089%.

A quebra nos juros acompanhou o forte apetite por dívida portuguesa demonstrado pelos investidores. Por um lado, a reabertura da economia poderá estar a ajudar o sentimento e, por outro, a bazuca do Banco Central Europeu (BCE) a comprar grande parte da dívida mais longa poderá estar a empurrar os investidores para dívida mais curta.

“O países da periferia, e em particular Portugal, têm vindo a beneficiar dos planos de compra de ativos, bem como do alívio das condições dos mesmos por parte do Banco Central Europeu“, explica Filipe Silva, diretor da Gestão de Ativos do Banco Carregosa. “Prevê-se ainda, que esta semana haja uma versão final do acordo proposto entre a França e Alemanha, de um pacote de 500 mil milhões de euros para ajudar os países mais afetados, a recuperar da pandemia causada pelo Covid-19”.

Assim, a procura por títulos portugueses cuja maturidade vence a 21 de maio de 2021 foi 3,02 vezes superior à oferta, ou seja, mais do dobro das 1,26 vezes registadas no último leilão comparável. Por BT com prazo em 20 de novembro de 2020, a procura ficou 2,69 vezes acima da oferta, o que compara com 1,13 vezes na última colocação de títulos com esta maturidade.

Esta emissão acontece depois de, no mês passado, Portugal ter voltado a pagar para emitir BT, devido aos receios gerados pela pandemia e após quatro anos a financiar-se a curto prazo com juros negativos. Os últimos dias têm, no entanto, sido de alívio graças ao plano de recuperação europeu proposto pelo eixo franco-alemão.

Os líderes dos dois gigantes europeus, Angela Merkel e Emmanuel Macron, propuseram à União Europeia a emissão de 500 mil milhões em dívida para financiar a recuperação europeia. Após o anúncio, os juros das dívidas dos países do sul da Europa recuaram, sinalizando confiança na rede de segurança. Em Portugal, a yield das obrigações do Tesouro a dez anos negoceia esta quarta-feira em 0,78%.

“Além das ajudas financeiras, Portugal tem sido bem visto internacionalmente pela forma como tem lidado com o vírus, e são estes fatores combinados que têm permitido dar mais confiança aos investidores e como consequência uma redução do prémio de risco de Portugal”, acrescenta Filipe Silva.

(Notícia atualizada às 11h40)

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