Máscaras há muitas. Estas são ecológicas e made in Portugal
Nem todas as máscaras reutilizáveis que se encontram à venda são 100% ecológicas, sustentáveis, ou até vegan. O ECO/Capital Verde selecionou algumas das opções mais amigas do ambiente.
Às bolinhas, às riscas, com cornucópias e outros padrões ousados, cores garridas ou suaves. A imaginação é o limite. As máscaras sociais de proteção facial são obrigatórias em determinadas situações do nosso dia-a-dia e estão aí para ficar. Mais vale encará-las como qualquer outro acessório de moda. Se é para protegermos a nossa saúde, e a dos outros, que seja com estilo. Há por isso uma corrida às máscaras, tanto do lado da procura como do lado da oferta.
Quem tem talento para a costura, à mão ou à máquina, meteu mãos à obra e nas redes sociais os pequenos negócios familiares e de cariz social nascem como cogumelos. O mesmo aconteceu, em maior escala, com as fábricas do setor têxtil, que agora dedicam grande parte do seu tempo a esta peça já imprescindível no guarda-roupa nacional. Todos os dias são produzidas milhares de máscaras reutilizáveis, para serem vendidas online ou nas lojas que agora começam a reabrir por todo o país.
A associação ambiental Zero tinha já defendido que a reutilização das máscaras sociais/comunitárias é, essencial para reduzir impacte ambiental e social da pandemia de Covid-19. Já as máscaras cirúrgicas descartáveis devem ser deixadas para os profissionais de saúde e evitadas pela população em geral já que muitas vezes acabam no chão, a poluir as ruas, ou então nos aterros, já que não é possível serem recicladas.
O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Matos Fernandes, avisou entretanto no Parlamento que a retoma da economia pós-estado de emergência em Portugal vai fazer disparar o volume de resíduos. A começar pelas máscaras e outros produtos de uso único. “Sabem onde elas vão acabar? Aos aterros”, disse o governante aos deputados.
A pensar nisto, e porque nem todas as máscaras reutilizáveis que se encontram à venda são 100% ecológicas, sustentáveis, ou até vegan, muito por via dos materiais usados e do modelo de produção, o ECO/Capital Verde selecionou algumas das opções mais amigas do ambiente. Como as de cortiça da Rutz ou da Montlusa, as feitas com tecidos upcycled das marcas Springkode, Oxymora, Mind the Trash, Nazareth Collection ou Bolota Bags. Ou ainda as da Skizo, fabricadas a partir de plástico retirado do oceano e reciclado (56%) e algodão orgânico (44%). Cada uma destas máscaras retira do mar o equivalente a duas garrafas de plástico.
Springkode
A Springkode é uma loja online de moda sustentável que vende roupa para homens e mulheres, exclusivamente feita com tecidos upcycled, fundada em 2018 por Reinaldo Moreira. Isto significa que as fábricas que trabalham com a marca aproveitam os tecidos que estão nos seus armazéns, e que sobram das várias coleções, para produzirem peças de vestuário de qualidade que são depois vendidas nesta plataforma, ligando assim diretamente fabricantes e consumidores mais conscientes. As criações são exclusivas e de cada modelo só são produzidas entre 50 a 100 unidades.
“As nossas fábricas parceiras fazem uso de tecidos existentes nos seus armazéns, produzem apenas séries limitadas para evitar desperdícios e expedem diretamente da fábrica para tua casa, reduzindo assim a pegada de carbono associada”, explica a Springkode, que em 2020 e por força da pandemia de Covid-19 se estreou também na produção de máscaras de proteção facial para adultos e crianças, com a mesma preocupação de sustentabilidade.
Todas as máscaras sociais da Springkode são certificadas e homologadas pelo Citeve, com o selo “Covid-19 Aprovado”. Estão disponíveis em várias cores e tamanhos, e são vendidas em embalagens com cinco, 10, 14 ou 15 unidades, com um custo entre os 17,25 e 50 euros, o que equivale a um preço unitário por máscara entre os 3 e os 3,50 euros. Quanto à duração, estas máscaras aguentam entre cinco e 25 lavagens, consoante o modelo. A marca vende também packs família, com cinco máscaras para adulto e outras cinco para criança.
Rutz – Walk in Cork
Sapatos, malas, acessórios, artigos para a casa e, agora, máscaras de proteção facial. E até uma viseira. Todos eles produtos vegan, ambientalmente sustentáveis e produzidos à base da cortiça. No início do ano, e antes da pandemia de Covid-19 tomar de assalto a Europa, a Rutz marcou presença na maior feira internacional do setor do calçado, em Milão, Itália, para apresentar a sua coleção de calçado vegan e aproveitar assim um nicho de mercado em crescente expansão. No entanto, a grande tendência de 2020 acabou por ser outra: as máscaras sociais reutilizáveis. Fundada por Raquel Castro e outros sócios e amigos, a Rutz — Walk in Cork nasceu em 2012 com o objetivo de apostar na cortiça, um produto “tradicionalmente português”. Hoje a marca combina este material com algodão orgânico e solas de borracha feitas com pneus reciclados. Os produtos da Rutz são fabricados integralmente em Portugal, em fábricas na região Norte do país.
“A sustentabilidade continua a ser crucial ao lado da proteção total da saúde pública. Por isso, a Rutz criou máscaras eco-vegan, uma proteção alternativa para este novo normal”, justificou a marca. No site estão disponíveis para venda quase 50 modelos diferentes, com diferentes cores e padrões: do prateado aos motivos florais, do padrão cobra ao crocodilo, sem esquecer o leopardo, passando por cores mais suaves como o cor-de-rosa e o verde-esmeralda. Cada uma destas máscaras custa 15 euros e inclui cinco filtros de tecido não tecido (TNT). Quanto à viseira, custa 19,90 euros e pesa 143 gramas.
Oxymora
Inês Vilas Boas é a fundadora e diretora criativa da marca portuguesa Oxymora. A designer estudou em Londres, no London College of Fashion e trabalhou em várias casas de moda, tais como Céline, Marques’ Almeida, Cottweiler e Marta Jakubowski. Em maio de 2019 regressou ao Porto e fundou a Oxymora. Das aparas e restos de tecidos da sua mais recente coleção – “Spell it” – nasceu em 2020 uma nova gama de máscaras faciais (com três modelos diferentes), que combinam com as t-shirts ultra-coloridas, fabricadas com algodão e plástico reciclado e decoradas pela designer através de técnicas artísticas experimentais. São sustentáveis, laváveis e reutilizáveis, e cada uma tem um print único, que combina com as peças mais emblemáticas da coleção. Custam 8 euros (um pack de três fica por 20 euros) e o lucro das vendas será doado à associação SOSVizinho.
Montlusa
Reutilizáveis, ecológicas, antibacterianas, impermeáveis e 100% portuguesas. Estes são os adjetivos que a Montlusa usa para descrever as suas máscaras de proteção em cortiça, a mais recente criação da marca. O exterior é feito com cortiça natural têxtil e, no interior, o forro é de algodão. Podem ser lavadas com água quente, sabão e reutilizadas.
Em plena crise provocada pelo novo coronavírus, a Montlusa foi uma empresas portuguesas que soube reinventar-se: além das malas e acessórios de cortiça que já vendia, passou a fabricar máscaras que até já chegaram à Bélgica, Alemanha, Irlanda, EUA e foram notícia em Macau, do outro lado do mundo. Com sede na Benedita, Alcobaça, a empresa foi fundada em 2012. Ricardo Lopes decidiu começar a fabricar máscaras para proteger os próprios funcionários da fábrica, quando as mesmas eram escassas no mercado nacional e internacional. Daí a começaram a produzir em maior escala e até se tornarem num negócio de sucesso não demorou muito. A empresa já tem em comercialização máscaras com dois tamanhos, para adultos e crianças. Cada uma custa 7 euros.
Bolota Bags
A Bolota é uma marca portuguesa de produtos artesanais, feitos à mão. Fabrica e vende sacos de pano feitos com algodão orgânico e máscaras reutilizáveis e sustentáveis. A jovem empreendedora por detrás deste projeto chama-se Carlota Sempere e tem 18 anos, estuda Cinema na universidade. Lançou a Bolota no dia 24 de novembro de 2019, depois de perceber que a grande maioria das pessoas da sua idade faziam coleção de sacos de pano, por isso quis criar os seus, 100% personalizados. A base dos sacos é feita com materiais sustentáveis, resistentes e amigos do ambiente: algodão orgânico, produzido com base nos princípios de uma agricultura sem agrotóxicos ou pesticidas, o que diminui os danos causados ao solo, ao ambiente e ao ser humano.
Com a chegada do Covid-19, a Bolota começou também a dedicar-se às máscaras sociais: o tecido interior é 100% algodão, são laváveis, reutilizáveis e sustentáveis; são ajustáveis ao nariz e têm fitas que podem ser apertadas tanto atrás da cabeça como atrás das orelhas (como os elásticos mas à medida de cada pessoa); e ainda um bolso para colocar um filtro. Cada unidade custa 7 euros.
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