Prémios de resseguro aumentam até 40%
As renovações de junho de contratos de resseguro, incluindo os contratos de retrocessão, tendem a registar globalmente subidas significativas no valor dos prémios.
Lorenzo Volpi, chefe do departamento de novos negócios da Leadenhall Capital, uma sociedade de gestão de investimentos sediada no Reino Unido, assinala que – para certas categorias de risco em programas de resseguro – as taxas quase duplicaram nas renovações concluídas em junho.
As taxas de resseguro devem aumentar até 40% nas renovações de julho, sendo provável que o prémio de retrocessão seja uma área particularmente atingida, disse Volpi, citado pelo portal Artemis.bm.
De acordo com especialistas, as subidas de taxas no resseguro antecedem, normalmente, movimento análogo nos prémios de seguro. O cenário de subida no resseguro é corroborado por outras entidades como, por exemplo, as agências de notação financeira que, desde início do ano, estão a insistir no assunto.
Num relatório divulgado no final de maio, a Fitch Ratings realçava uma situação de resiliência no setor, mas já notava que a rendibilidade dos capitais próprios das quatro principais resseguradoras europeias variou muito no primeiro trimestre, sobretudo as companhias com exposição significativa a cancelamentos de eventos que reportaram perdas técnicas para o trimestre.
Os números do trimestre não refletiram ainda o impacto total da crise pandémica do coronavírus, por isso não são indicadores sobre o futuro, sublinhava a agência recordando a exposição do setor à volatilidade dos mercados de capitais. Neste contexto, “as renovações de abril de 2020 já mostraram fortes aumentos de preços, indicando um mercado de resseguro cada vez mais difícil”, segundo a Fitch.
A Leadenhall, que gere fundos de investimento de resseguradoras, explicou que, por exemplo na Florida (EUA), as renovações de resseguro aumentaram entre 25% e 30% em junho, sendo que em alguns casos, considerando perdas contabilísticas, os custos atingiram agravamento de 60%. Fora dos EUA, a tendência de subida das taxas também se verifica, sustenta a Leadenhall, apontando variações entre 10% e 40% nos casos de contratos que já averbavam perdas (+3% a 5% nos casos que não acumulam prejuízos).
Por outro lado, em reuniões com analistas, os especialistas da gestora indicaram que, em certos níveis do mercado de resseguro, poderá registar-se variação da procura. Adicionalmente, numa base ajustada ao nível de risco, as taxas poderão mesmo duplicar.
Dias antes do relatório da Fitch, também a Standard & Poor’s (S&P) dava nota de dificuldades acrescidas de manutenção de preços. Revendo o outlook do setor de estável para negativo, a agência justificou, na altura, a mudança de perspetiva com as “condições comerciais cada vez mais difíceis” e exigências acrescidas na função custo de capital.
Assim, a S&P admite que as perdas relacionadas com a pandemia, a volatilidade dos mercados financeiros e rentabilidades mais baixas nos investimentos podem impedir o setor de obter ganhos ao nível do custo de capital em 2020.
Esta perspetiva sustenta-se ainda no facto de, nos últimos anos, a indústria de resseguro já sentir o fardo de perdas significativas decorrentes de desastres naturais e à forte concorrência, sustenta a nota da S&P.
Enquanto o resseguro traduz a operação pela qual as seguradoras transferem parte do risco para companhias especializadas (resseguradoras), na retrocessão estas últimas fazem o mesmo com os riscos tomados, igualmente contra pagamento de um prémio. Ou seja, tratam de dispersar (ou fazer a retrocessão dos riscos) junto de outras resseguradoras e, em alguns casos, junto de seguradoras.
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