Diz-me o que vestes, dir-te-ei o que poluis. Farfetch calcula pegada carbónica da moda de luxo

Além de ajudar o ambiente, a empresa está também atenta ao filão da venda de roupa e acessórios de luxo em segunda mão, avaliado em 24 mil milhões de dólares.

Conhece a pegada carbónica das roupas que usa? Sabia que 1 kg de algodão pode ter como impacto no ambiente a emissão de 28 kg de dióxido de carbono e o gasto de 10.000 litros de água? É o mesmo que percorrer 112 km de carro ou encher 100 banheiras com água. Se o material for mais luxuoso, como a seda, o consumo de água dispara para mais de 58 mil litros, quase 600 banheiras cheias.

Os resultados são da nova calculadora da pegada carbónica de artigos de moda, lançada pela Farfetch, plataforma global para o luxo, a primeira startup com ADN português a transformar-se num “unicórnio” e conseguir uma avaliação superior a mil milhões de dólares.

A empresa quer ajudar os consumidores a ver, através de dados quantificáveis, como podem ajudar o planeta desde logo partir do seu guarda-roupa. E dá conselhos: no caso da seda, por exemplo, há que procurar tecidos reciclados certificados e com o selo vegan (origem não animal); já no algodão, é melhor escolher opções orgânicas e peças recicladas.

Além de ajudar o ambiente, a empresa está também atenta ao filão da venda de roupa e acessórios de luxo em segunda mão, avaliado em 24 mil milhões de dólares. “Os dados existentes mostram que a revenda de luxo representa um mercado que cresce quatro vezes mais rápido que o mercado de bens de luxo em primeira mão primário, em parte devido ao interesse do consumidor por moda sustentável”, disse Thomas Berry, diretor de Negócios Sustentáveis da Farfetch, em comunicado.

A par da ferramenta de cálculo do impacto ambiental dos diferentes tecidos — linho, poliéster, nylon, algodão, viscose, lá, seda e couro — e peças de roupa — casacos, malas de pele, vestidos, calças de ganga, tops — a Farfetch publicou também o relatório “Entender a poupança ambiental de comprar moda usada”, em parceria com a QSA, ICARO e London Waste and Recycling Board (LWARB).

“Desde 2010 que a Farfetch tem vindo a vender online uma seleção de peças de roupa vintage e usadas, com curadoria da marca. Em 2019 lançou dois novos serviços que dão aos consumidores a possibilidade de venderem ou doarem artigos usados. Queríamos entender melhor os benefícios ambientais de todos estes modelos de negócio, à medida que continuamos focados em projetos para permitir que a empresa e os seus parceiros reduzam os seus impactos ambientais”, disse ainda Thomas Berry.

Giorgio Belloli, Chief Commercial & Sustainability Officer da Farfetch acrescentou: “Com este relatório, queremos apoiar os nossos parceiros e mais amplamente a indústria da moda de luxo, ajudando a trazer mudanças positivas. AIém dos projetos sustentáveis mais relacionadas com o nosso core business, queremos ser uma fonte de informação e de ferramentas de economia circular para potenciar a mudança. Estas iniciativas marcam o primeiro passo nessa direção”.

Para conhecer os hábitos dos consumidores de roupa pré-usada, o relatório encomendado pela Farfetch questionou 3000 consumidores (dos EUA, China e Reino Unido) e descobriu que, destes, 38% responderam que metade do seu guarda-roupa é composto por peças em segunda mão. Em 2019 compraram, em média, oito artigos usados, preferindo comprar na loja (60%) e não tanto online (40%). O preço mais baixo destes artigos foi o que motivou a maioria dos consumidores (42%), enquanto só 13% admitiram preocupações ambientais.

O estudo descobriu que, em média, cada compra de uma peça em segunda mão ajuda a poupar 1kg de resíduos, 3040 litros de água e 22 kg de CO2.

Tanto o relatório como a calculadora fazem parte da iniciativa de sustentabilidade da empresa Positively Farfetch lançada em 2019, que inclui também a coleção Positively Conscious, uma seleção de moda de todo o mundo (com peças de alguns dos maiores designers do mundo, como Versace, Jean Paul Gaultier e Walter Van Beirendonck) com uma consciência ambiental e social positiva. Todas as peças de vestuário com a etiqueta Positively Conscious foram aprovadas pela Good On You, uma agência independente que avalia a sustentabilidade das marcas em três áreas: meio ambiente, social e bem-estar animal.

Inserido na missão Positively Farfetcht está também o serviço de venda ou doação de roupa Second Life , que ajuda a reduzir o desperdício e a prolongar a vida útil das suas peças favoritas. Em troca a Farfetch oferece crédito para financiar compras futuras na plataforma. “Atualmente, estamos a testar este serviço em alguns países selecionados e esperamos incluir mais regiões e categorias de produtos em breve”, disse a Farfetch.

No que diz respeito a embalagens e transporte, a marca está a tomar medidas para reduzir o impacto no ambiente, sem comprometer a qualidade de entrega. Isto tudo com embalagens mais leves, recicladas, totalmente certificadas pelo Forest Stewardship Council (padrão-ouro em florestas sustentáveis).

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