Setor do vestuário só arranca em abril. “Não temos encomendas”, diz presidente da Anivec

Presidente da Anivec diz que o setor do vestuário só começará a dar os primeiros sinais de retoma a partir de abril de 2021 e que "o novo lay-off é pior para as empresas".

A indústria do vestuário, que emprega mais de noventa mil pessoas em Portugal, está a ser brutalmente afetada pela pandemia de Covid-19. No mês de maio as exportações registaram uma quebra de 44% em relação ao ano anterior. No total, nos primeiros cinco meses do ano, a indústria portuguesa de vestuário acumulou uma redução de 22,7% das exportações, o que equivale a menos 303,9 milhões de euros. Perante o cenário, o presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção (Anivec) considera que “o setor só começará a dar os primeiros sinais de retoma a partir de abril do próximo ano”, refere César Araújo.

César Araújo explica que o setor do vestuário ainda não arrancou porque existem países que estão confinados o que acaba por se traduzir na falta de encomendas. “O vestuário está em todo os setores, sejam restaurantes, hotéis, barcos, hospitais. É a indústria do vestuário que faz os uniformes para os trabalhadores, sempre que algum setor não arrancar, nós temos muita dificuldade em arrancar também”, conta ao ECO, o responsável.

O confinamento, as fábricas fechadas, os aviões parados causaram um prejuízo inigualável. César Araújo lembra que as “empresas de retalho não só não arrancaram como tiveram prejuízos elevadíssimos e a sua retoma vai ser muito tímida”.

São várias as dificuldades que a indústria enfrenta, para além de todos estes constrangimentos, César Araújo refere ainda que o recurso ao teletrabalho acabou por ser mais um desafio ao setor. “O facto de as pessoas estarem em teletrabalho não têm necessidade de comprar roupa. É o setor do vestuário e de moda que mais está a sofrer na Europa”, destaca.

César Araújo considera que mesmo que houvesse uma pequena retoma da atividade económica, o setor iria ter dificuldades de aprovisionamento porque quando fazem uma encomenda têm de esperar cerca de 12 semanas para receber o produto. “Nunca iríamos conseguir retomar antes do final do ano”, desataca.

“Este novo lay-off é pior para as empresas”, diz César Araújo

Mesmo com a retoma gradual da economia, a falta de encomendas está a impedir o setor de retomar. César Araújo alerta que as empresas estão a fazer um esforço económico muito grande e que existe uma necessidade absoluta do Governo manter os mecanismos de apoio, como o modelo de lay-off simplificado, “para evitar despedimentos e manter a sustentabilidade desta indústria, que representa uma parte significativa da economia do país”, refere.

A partir de agosto, estará disponível um novo apoio destinado para as empresas que ainda não consigam regressar à normalidade. César Araújo não concorda com este novo regime e destaca que, “se o lay-off simplificado já era penalizador para as empresas, este é muito mais. O lay-off simplificado é de longe melhor que o que vem aí”, contesta César Araújo.

“O novo lay-off implica que as empresas trabalhem no mínimo metade do tempo, se as empresas não tiverem trabalho que vão fazer?”, questiona César Araújo. O novo lay-off devia ter a mesma construção do lay-off simplificado. O nosso setor trabalha por estacões e os nossos clientes, neste momento, estão cheios de stocks de verão. Os stocks vão passar para a primavera/verão de 2021″, conta ao ECO.

A este novo lay-off só se podem candidatar empresas com quebras de faturação de pelo menos 40% em relação ao período homólogo. Uma percentagem que o presidente da associação não está de acordo e explica o porquê: “Uma empresa que tenha uma quebra na faturação de 20% já tem muita dificuldade em arrancar, quando chegar a uma redução de 40% elas encerram”.

“Se as empresas não têm trabalho como é que vão pagar à Segurança Social?”, questiona o presidente da Anivec, reforçando a ideia que o cenário do setor de vestuário não é nada promissor e que o estímulo na produção de máscaras foi uma ajuda para a indústria, caso contrário, “o cenário era bem pior”, conclui.

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