Vestuário só volta a arrancar em janeiro. Perde 290 milhões por mês

"Vestuário só arranca em janeiro e com muita sorte", estima o presidente da Anivec. Face à quebra de encomendas, empresas do setor arriscam-se a perder 290 milhões por mês em exportações.

O vestuário está a ser um dos setores mais afetados pelo Covid-19 e adivinham-se tempos difíceis. Fábricas fechadas em toda a Europa, produções paradas, falta de matérias-primas, isolamento social e grande parte da população em teletrabalho. “O cenário é terrível e o arranque vai ser muito complicado. Se as empresas do vestuário começarem a erguer-se em janeiro do próximo ano já temos muita sorte”, prevê César Araújo, presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção (Anivec).

Com esta pandemia, as empresas do vestuário arriscam-se a perder em exportações 290 milhões de euros por mês. Para o presidente, o principal motivo é “a quebra de encomendas. Se partirmos do princípio que faturamos 3,2 mil milhões por ano, vamos ter perdas entre 290 milhões a 320 milhões mensalmente, a partir de abril”, explica ao ECO, César Araújo.

O presidente da Anivec afirma ainda que neste momento “quase 90% das empresas têm as encomendas canceladas e vão entrar em colapso. No vestuário, seguramente, as quebras vão chegar aos 90%”, destaca.

Empresas do vestuário perdem 290 milhões por mês face à quebra de encomendas.

César Araújo

Presidente da Anivec

Perante o cenário, César Araújo considera que “a maioria das empresas não têm outra alternativa a não ser o lay-off e, mesmo assim, podem entrar em colapso porque não têm dinheiro para pagar os 30% do salários”. Muitas empresas vão fechar porque os empresários não se querem endividar para pagar salários”, assegura o presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção.

César Araújo acrescenta que para piorar ainda mais a situação, têm “exemplos de clientes a pedir descontos de 50% em produtos que estão a ser produzidos”.

E quando tudo isto passar?

O presidente da Anivec tem esperança que tudo comece a voltar à normalidade em janeiro do próximo ano, mas alerta que vão existir outros problemas. “Depois disto tudo as empresas não sabem se os clientes vão estar vivos para fazerem encomendas ou se entraram em insolvência durante esta crise. É tudo uma incógnita”, refere.

Alerta ainda para a situação de Espanha que é um dos países mais afetados pelo Covid-19 e que isso terá sérias consequências para a economia portuguesa. “Em Espanha, a indústria do vestuário fechou portas e não podemos esquecer-nos que é o nosso maior cliente”, conclui César Araújo.

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