Fidelidade Angola lucra 705 mil euros e ganha quota de mercado
A companhia cresceu 58% em volume de negócios e 11% em lucro. Os ramos de Incêndio e Danos e os seguros de doença representaram dois terços dos prémios emitidos em 2019.
A Fidelidade Angola, empresa participada maioritariamente pelo grupo Fidelidade Seguros, alcançou 22.591 milhões de kwanzas em volume de negócios em 2019 (cerca de 32,59 milhões de euros ao câmbio do dia), um acréscimo de 57,8% face ao exercício anterior, revelou a seguradora angolana em comunicado.
A empresa cresceu 58% no bruto de prémios emitidos, equivalente à quase totalidade da receita apurada, com acréscimo de 34,8%, para 19,8 mil milhões de kwanzas nos prémios brutos adquiridos, indica o relatório e contas de 2019. A atividade comercial em banca representou 8,8 mil milhões de prémios brutos emitidos, o equivalente a 39% do total da receita anual da companhia.
No termo do exercício, a Fidelidade Angola apurou progressão de 32% na margem técnica, para 8,7 mil milhões de kwanzas, e aumento de 69% no resultado técnico, para 10,72 mil milhões de kwanzas.
Na atividade operacional (seguro direto comercializado através de canais bancários agentes exclusivos, mediadores e corretores, além de lojas próprias e aposta nos canais telefone e digital), o relatório da Fidelidade Angola indica que, no seguro Saúde, o maior ramo da companhia, a produção alcançou 7.392 milhões de kwanzas (cerca de 10,7 milhões de euros), com destaques ainda para o ramo Incêndio e outros Danos (7605 milhões), seguro automóvel (2475 milhões) e acidentes de trabalho (cerca de 1,9 mil milhões de kwanzas).
Em conjunto, os ramos de negócio Incêndio e outros Danos e Doença (seguros Saúde) representaram dois terços do total de prémios emitidos em 2019, indica uma infografia com os principais indicadores do balanço anual da companhia participada em 69% pelo grupo português através da Fidelidade Seguros SA.
O rácio combinado (líquido de resseguro) alcançou 115,1%, agravando-se 27,36 pontos percentuais (pp) face a 2018. Segundo explica a entidade, embora os prémios brutos emitidos tenham evidenciado um crescimento de 58% (impulsionado por um negócio de Engenharia de longo prazo), o efeito sobre os prémios brutos adquiridos “foi mínimo”. Assim, o agravamento do rácio combinado resultou de “um aumento de apenas 5% nos prémios brutos adquiridos líquidos de resseguro, contrastando com o aumento de 59% na sinistralidade e de 21% nas despesas”. Em consequência, o peso das despesas subiu até 51,6% (+6,3 pp) e o rácio de sinistralidade passou de 42,4%, para 63,5%, refletindo aumento a rondar 12% nos custos com sinistros do seguro direto, por acrescida sinistralidade em acidentes e doença.
A Fidelidade Angola-Companhia de Seguros encerrou 2019 com perto de 489 milhões de kwanzas de lucro líquido, cerca de 705 mil euros ao câmbio corrente (ou cerca de um milhão de dólares, indica o relatório quando menciona o lucro reconvertido em USD), mais 11,2% em moeda local face ao alcançado em 2018, ano em que teve capitais próprios reforçados (por aumento do capital social).
No termo do exercício contabilístico, a companhia registava um rácio de solvência de 156%, deteriorado face aos 223% apresentados no final de 2018. No final do exercício agora reportado, os capitais próprios totalizavam 10,3 mil milhões de kwanzas, assegurando rentabilidade calculada em 5%.
Quota de mercado a crescer. Atenção ao impacto da pandemia
De acordo com o estudo “O setor segurador e dos fundos de pensões em Angola 2014-2018” publicado pelo regulador e supervisor local (ARSEG), a Fidelidade Angola, com 10%, era terceira no ranking de produção de seguros em 2018, atrás da estatal Ensa Seguros (34% de quota), e da Saham Angola (15%).
Alterando a situação, o relatório anual da participada angolana do grupo Fidelidade indica que a empresa terminou 2019 a responder por 14,6% do mercado angolano, um incremento de 2,5% face ao ano anterior, sendo que a 2ª maior “viu a sua quota de mercado diminuir na mesma proporção.” Na liderança do mercado a Ensa assegurava 43% do mercado, igualando a quota conjunta das três maiores privadas (Saham, Fidelidade e Nossa).
Na nota introdutória do relatório anual, abordando a evolução do mercado segurador local, segundo dados até novembro do mesmo ano, a Fidelidade angolana refere que a produção do setor cresceu 33% em 2019. O ramo Vida cresceu 51%, abrandando ritmo face a 2018, enquanto os ramos não Vida progrediram 33% (com maior peso Acidentes e Doença, registando incrementos superiores a 25%), enquanto outros ramos da produção (Incêndio; Multiriscos e Outros danos; Transportes e Petroquímica) aumentaram mais de 30%, com o seguro automóvel a recuar ligeiros 0,57%.
As alterações fiscais introduzidas em 2019 (aplicando IVA de 14% nos seguros não Vida, com exceção dos seguros saúde) terão impacto a nível da tesouraria das seguradoras uma vez que o imposto é devido no momento da emissão do prémio de seguro, independentemente da sua boa cobrança, indica o documento que também faz referência à desvalorização continuada do kwanza, ao programa de privatizações (que inclui o setor de seguros) e ao atraso da entrada em funcionamento da Resseguradora Nacional.
Por seu lado, o foco da Fidelidade Angola para 2020 aponta para a continuação dos projetos que tem em curso (como reforço dos sistemas de informação e contratação e formação na área de subscrição de risco), com objetivo de crescimento do negócio, apostando na estratégia de captação affinities para expandir a base de clientes particulares (por exemplo, na área saúde com a marca Multicare, e abertura de clínicas), sem descuidar a melhoria da eficiência interna da companhia.
No mesmo documento, referindo-se à pandemia, a Fidelidade Angola afirma que “importa dar relevância ao covid-19”.
No que respeita à atividade da companhia, “ainda não é possível a esta data aferir quais serão os impactos” da Covid-19, mas os possíveis efeitos serão reavaliados a cada momento, assegura a Fidelidade admitindo que a evolução adversa da pandemia “conduzirá, certamente, à redução da atividade da companhia.”
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