Trabalhadores do Novo Banco pedem audiências para assegurar futuro do banco
“O constante ruído proveniente das notícias e das diversas declarações está a minar a confiança dos clientes”, adverte a comissão de trabalhadores do Novo Banco em comunicado.
A Comissão de Trabalhadores do Novo Banco pediu audiências aos partidos, ao Governo, ao Presidente da República e ao governador do Banco de Portugal, devido à preocupação com o futuro da instituição e dos 5.000 trabalhadores do banco.
“O constante ruído proveniente das notícias e das diversas declarações está a minar a confiança dos clientes”, adverte a comissão de trabalhadores, em comunicado divulgado esta quinta-feira, enaltecendo o profissionalismo demonstrado pelos quase 5.000 trabalhadores que, ao longo dos últimos seis anos, tem sido exercido “sob pressão constante”.
A comissão explica ter feito pedidos de audiência “face às constantes notícias e declarações” que têm sido feitas sobre “os mais diversos temas referentes” ao Novo Banco e que “estão a causar um grande mal-estar e uma grande preocupação” em relação ao futuro do banco.
"O constante ruído proveniente das notícias e das diversas declarações está a minar a confiança dos clientes.”
A comissão de trabalhadores, segundo o comunicado, já solicitou audiências a todos os partidos com assento parlamentar, às respetivas comissões parlamentares, aos ministros das Finanças, da Economia e do Trabalho, ao Presidente da República, ao primeiro-ministro e ao governador do Banco de Portugal.
O Ministério das Finanças anunciou, na terça-feira, em comunicado, ter recebido o relatório da auditoria externa que revela perdas líquidas de 4.042 milhões de euros no Novo Banco (entre 04 de agosto de 2014, um dia após a resolução do BES, e 31 de dezembro de 2018) e “descreve um conjunto de insuficiências e deficiências graves” no BES, até 2014, na concessão de crédito e investimento em ativos financeiros e imobiliários.
Segundo o Governo, o relatório “será remetido à Procuradoria-Geral da República considerando as competências constitucionais e legais do Ministério Público”.
Na quarta-feira, o presidente executivo do Novo Banco elogiou a sua equipa comparando-a com bombeiros que foram chamados a apagar um incêndio e disse que há gente que se esquece disso, nomeadamente políticos, desde logo de que foi “fogo posto”.
No final de uma conferência de imprensa, em Lisboa, a propósito da auditoria da Deloitte ao BES/Novo Banco entre 2000 e 2018, António Ramalho fez questão de fazer uma intervenção final em que elogiou a equipa que está à frente do Novo Banco e que, segundo disse, foi chamada a fazer face a um fogo “extremamente perigoso”.
“Confesso que por vezes me custa que quer a comunicação social, quer comentadores, quer políticos se esqueçam disso e procurem verificar qual a conta da água. Nós não esquecemos que estamos cá para apagar este incêndio e apagaremos este incêndio, sobretudo porque também sabemos que foi fogo posto”, afirmou Ramalho.
Na sequência da resolução do BES, em 03 de agosto de 2014, 75% do Novo Banco foi vendido em outubro de 2017 ao fundo de investimento norte-americano Lone Star, mantendo o Fundo de Resolução bancário 25%, numa solução acordada entre Banco de Portugal e Governo.
Por ocasião da venda, foi acordado um mecanismo de capital contingente, que prevê que até 2026 o Fundo de Resolução compensa o Novo Banco por perdas de capital num conjunto de ativos que ‘herdou’ do BES até 3.890 milhões de euros.
Desde então e até hoje, o Fundo de Resolução já injetou 2.976 milhões de euros e ainda poderá colocar mais de 900 milhões de euros, valores que em cada ano têm impacto nas contas públicas uma vez que o Fundo de Resolução é uma entidade da esfera do Estado.
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