Negócio do chef Vítor Sobral resistiu à pandemia. “Se o país voltar a fechar, não sei o que irei fazer”
O negócio do chef Vítor Sobral resistiu às dificuldades da pandemia. Com mais de 100 funcionários, manteve todos os postos de trabalho. Mas um eventual novo confinamento pode deitar tudo por terra.
O chef português Vítor Sobral admite que poderá não ter capacidade para manter a sua estrutura no setor alimentar e da restauração, caso o país seja forçado a um confinamento equivalente ao do estado de emergência.
“Financeiramente, se fizermos a mesma coisa que fizemos anteriormente, que é fechar, terei muitas dificuldades, mesmo, em manter toda a estrutura que tenho. Tenho mesmo de confessar que não sei o que irei fazer”, disse, durante uma intervenção num evento virtual promovido pela tecnológica IBM.
Com mais de 100 funcionários a seu cargo, Vítor Sobral traçou um cenário negro perante a possibilidade de voltar a confinar com o acelerar da pandemia em Portugal: “Se toda a gente tiver de ir de novo para casa, vamos passar uma situação muito complicada”, afirmou o empresário português. “Se voltarmos a fechar, acredito que o país e o mundo vão ter um problema sério”, rematou.
Vítor Sobral respondeu desta forma a uma questão colocada pelo ECO sobre como se está a preparar para a eventualidade de uma segunda vaga. António Costa, primeiro-ministro, assim como Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, têm recusado a possibilidade de um novo confinamento generalizado, citando os custos “brutais” que o primeiro lockdown teve ao nível social e económico.
Financeiramente, se fizermos a mesma coisa que fizemos anteriormente, que é fechar, terei muitas dificuldades, mesmo, em manter toda a estrutura que tenho.
Do ponto de vista de medidas de segurança, Vítor Sobral não planeia nenhuma medida adicional às que já tem implementado nos seus restaurantes, oficina de pão e bolos e três lojas de venda ao público.
O chef assume ter-se adaptado rapidamente à pandemia antes mesmo da chegada do novo coronavírus a Portugal, preparando um plano com menus acessíveis para pessoas com menos capacidade financeira e acelerando o fabrico de salgados, “que as pessoas pudessem levar para casa e aquecer”, explicou.
“Tivemos rapidamente que nos reajustar à comunicação digital. Fazer todos os dias receitas para que as pessoas pudessem cozinhar em casa. Mostrar, no fundo, que estávamos ativos. A dinâmica que não tinha antes nas redes sociais, fui agora forçado a ter”, recordou Vítor Sobral na mesma iniciativa. “Começámos a fazer testes de dez em dez dias aos nossos funcionários”, assegurou.
Mas dentro de toda a anormalidade dos tempos, Vítor Sobral encontrou pelo menos um aspeto positivo no meio da crise. “Uma das coisas boas que pandemia trouxe é proximidade que tivemos relativamente aos produtores. Neste negócio havia muitos intermediários. Com a pandemia, tivemos a oportunidade de ir comprar diretamente aos produtores”, revelou.
“Fomos muito aos pescadores. Estou a receber atum e peixes de grande porte e a preços mais simpáticos, que depois os posso fazer também ao meu cliente. Há hoje uma linha direta que não havia antes, porque havia muitos intermediários”, acrescentou Vítor Sobral.
O testemunho de Vítor Sobral expõe as dificuldades e exigências de adaptação que o setor da restauração tem vindo a enfrentar por causa da pandemia. Outros estabelecimentos de menor dimensão continuam a operar com níveis de clientela muito abaixo dos que registavam antes da pandemia e a registar sérios problemas de tesouraria e falta de liquidez.
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