Nove em cada dez empresas quer manter flexibilidade laboral após a pandemia

A maioria dos empregadores vê benefícios na aposta em políticas de trabalho mais flexíveis: mais produtividade, maior retenção de talento, sustentabilidade e poupança de custos, revela estudo.

A pandemia da Covid-19 obrigou milhares de empresas em todo o mundo a implementar medidas de adaptação como o trabalho remoto. Prevê-se que o futuro do trabalho seja híbrido — presencial e remoto –, sendo que mais de 90% das empresas em Portugal prevê continuar a apostar em modelos de trabalho mais flexíveis depois da pandemia. Neste cenário, a aposta na requalificação tecnológica é uma das soluções e as empresas mais abertas à inovação terão mais probabilidades de superar a crise.

Estas são algumas conclusões do estudo “Staying competitive in a hybridworld”, realizado pela Microsoft em parceria com a Boston Consulting Group (BCG) e a KRC Research e que reuniu respostas de mais de 9.000 líderes e trabalhadores em 15 países, sobre o futuro do trabalho híbrido. Em Portugal, a percentagem de empresas com políticas de trabalho flexível aumentou de 15% para 86% este ano, devido à pandemia.

Se travar o surto foi a principal razão, a mudança deu a conhecer a muitos os benefícios do teletrabalho. Os empregadores portugueses apontam especialmente para maior produtividade (81%), retenção de talento (72%), sustentabilidade (71%) e poupança de custos (71%) como vantagens. E por isso, o estudo revela que muitas empresas poderão vir a adaptar este modelo à sua realidade quando a pandemia terminar.

Trabalho remoto veio para ficar

“O futuro do trabalho é híbrido, em múltiplas combinações de modelos de trabalho remoto, em função das funções e necessidades dos colaboradores. Este futuro tem vantagens para os colaboradores, para as organizações e para a sociedade em geral. O nosso research demonstra, contudo, que a larga maioria das empresas está pouco equipada para lidar com este novo modelo com 71% das mesmas posicionando-se nos dois níveis mais baixos de maturidade”, refere José Koch Ferreira, managing director and partner da BCG, citado em comunicado.

De acordo com o relatório, o desafio do trabalho flexível em organizações com uma cultura de inovação é encarado pelos líderes de forma mais otimista em termos de crescimento: 49% das empresas nacionais mais inovadoras espera que as suas organizações se tornem mais fortes depois da pandemia, uma percentagem acima da média europeia, que se fixa nos 35%. Nas empresas nacionais menos inovadoras apenas 24% dos líderes tem essa visão.

Os colaboradores continuam a valorizar trabalhar no escritório, considerando o tempo passado no espaço físico como uma forma de manter os laços com os colegas, sendo que 35% dos inquiridos nacionais continua a afirmar que gostaria de trabalhar fora do ambiente de trabalho tradicional. Apesar disso, 99% dos trabalhadores inquiridos consegue identificar pelo menos um benefício no teletrabalho. Para 81%, o trabalho remoto é a oportunidade para se vestir de forma casual, 56% afirma que tem mais tempo para hobbies, 41% diz trabalhar na presença de animais domésticos e 37% disponibiliza mais tempo para as crianças.

Mais flexibilidade parece também ser uma forma de otimizar o tempo. Em 2019, os portugueses referiram gastar mais de metade da semana de trabalho em tarefas desnecessárias, como reuniões, chamadas telefónicas e procura de informação. Com o trabalho remoto, a percentagem para 44% do tempo gasto nestas tarefas, numa semana de trabalho.

Tecnologia e inovação são armas para o futuro

Mesmo havendo benefícios, há sempre desafios de adaptação, nomeadamente no que diz respeito à tecnologia. De acordo com a BCG e a KRC Search, mais de três quartos dos trabalhadores inquiridos afirma estar pronto para utilizar ferramentas de trabalho remoto no futuro, mas apenas 41% tem formação. Dessa forma, a requalificação tecnológica é um dos caminhos obrigatórios do futuro do trabalho e há até estudos que apontam que metade das profissões dos portugueses tem potencial de automação.

Em 2020, mais de metade (55%) das organizações em Portugal referiram ter acesso a tecnologias modernas, face à percentagem de 38% indicada pelo mesmo inquérito do ano passado, sendo que 44% das organizações diz ter apostado em formação tecnológica em 2020, comparativamente com 39% em 2019.

“Os últimos meses mudaram, em definitivo, a forma de trabalhar e as expectativas de líderes e colaboradores. Este estudo lança o debate para o futuro, sendo fundamental orientar o salto tecnológico realizado para o sucesso do trabalho em equipa e reforço da cultura e valores da organização, criando assim condições para a continuidade dos processos de inovação. Ferramentas como o Microsoft Teams da Microsoft ajudam as pessoas a gerirem o seu tempo da melhor forma, a manterem o contacto com os colegas e na aquisição de novos skills e competências”, sublinha Paula Fernandes, diretora da unidade de negócio de produtividade & colaboração da Microsoft Portugal, citada em comunicado.

O estudo revela ainda que 44% dos empregadores considera as suas empresas altamente inovadoras em termos de produtos e serviços e quase todos (98%) considera a inovação do local de trabalho como uma prioridade de transformação. Do lado dos trabalhadores, quem trabalha em empresas mais inovadoras é também mais propenso a tomar decisões autonomamente. 74% dos inquiridos considera aceitável cometer erros em empresas inovadoras, comparativamente com empresas menos inovadoras (51%).

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