Trabalho flexível pode impulsionar candidaturas femininas a cargos de topo
A Zurich anunciou os cargos de topo com opções de part-time ou trabalho flexível e as candidaturas femininas aumentaram 20%. A flexibilidade também acabou por atrair mais homens, revela a seguradora.
A flexibilidade laboral causada pela pandemia e pelo trabalho remoto podem ser a solução para a desigualdade de género nos cargos de topo, revela a experiência Zurich Insurance Group. Depois de a seguradora anunciar os cargos na empresa com opções de part-time ou trabalho flexível, as candidaturas de mulheres para cargos de gestão aumentaram 20%.
Depois de a Zurich anunciar os cargos de trabalho flexíveis, o número de mulheres contratadas para posições de sénior aumentou em um terço, avança a Bloomberg (acesso livre, conteúdo em inglês).
“Mostra, de forma clara, que não são só as mulheres que têm outras responsabilidades, sejam elas uma atividade desportiva ou responsabilidades domésticas, e que todos procuram a possibilidade de um trabalho um pouco mais flexível“, sublinhou Alison Martin, CEO da Zurich para a Europa, Médio Oriente e África, numa entrevista à Bloomberg.
Esta experiência da seguradora teve efeitos também para os trabalhadores do sexo masculino. As candidaturas mais do que duplicaram, tanto por parte de mulheres como de homens, revela a Zurich.
A participação das mulheres tem aumentado nos últimos anos, contudo são ainda as mulheres que dedicam mais tempo à responsabilidade de cuidar da família, e dos filhos, e a tarefas domésticas.
Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) já afirmou que quer atingir uma quota de mulheres em cargos diretivos e em diferentes níveis entre 40% e 51% até 2026, mas os dados do Índice da Igualdade de Género 2020 alerta que a este ritmo, a União Europeia vai demorar 60 anos a atingir a igualdade de género. Por cá, os dados do Boletim Económico do Banco de Portugal de maio, apontavam que as mulheres representam cerca de 30% dos gestores de topo em Portugal.
Há, no entanto, outra face da mesma moeda. Se a pandemia trouxe maior flexibilidade laboral, dando mais possibilidades às mulheres de chegarem a cargos de chefia, também aumentou as desigualdades salariais, especialmente entre profissionais menos qualificados.
De acordo com um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) intitulado “The Covid-19 Gender Gap”, a pandemia está a aumentar, entre outros fatores, a desigualdade salarial com base no género. As mulheres sofrem mais o impacto da pandemia na situação laboral e económica do que os homens, devido às características das suas profissões e aumento do trabalho não pago durante o confinamento.
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