Há mais 70 autocarros a partir de hoje na Área Metropolitana de Lisboa

  • Lusa
  • 25 Novembro 2020

Setenta autocarros começam a partir desta quarta-feira a reforçar o transporte público de passageiros feito pela CP, Fertagus e Metro Transportes do Sul durante a hora de ponta.

Setenta autocarros começam a partir desta quarta-feira a reforçar o transporte público de passageiros feito pela CP, Fertagus e Metro Transportes do Sul durante a hora de ponta, ajudando a população e motoristas que estavam em lay-off.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Nacional de Transportes de Passageiros (ANTROP) que esta manhã esteve na estação da Fertagus no Pragal, disse que esta medida “muito positiva” tem três virtudes: ajudar as pessoas, os motoristas que estavam em lay-off desde março devido à crise provocada pela pandemia e reanimar o mercado turístico com o regresso à estrada de veículos que estavam parados desde abril.

Hoje começou o reforço rodoviário para algumas carreiras ferroviárias suburbanas. Este reforço foi por via da acumulação de passageiros em determinados horários que levaram a que houvesse alguma preocupação acrescida relativamente à segurança e tranquilidade no transporte”, disse.

De acordo com Luís Cabaço Martins, esta medida veio dar um sinal positivo ao permitir que as pessoas se possam desdobrar entre o comboio que habitualmente utilizam e alguns reforços rodoviários de acesso a Lisboa que vão fazer linhas diretas nos pontos mais importantes e que até agora apresentavam maiores níveis de procura.

“Neste momento temos reforços do Pragal para Lisboa reforçando a Fertagus, temos do Laranjeiro para Cacilhas e do Pragal para a universidade reforçando o metro Sul do Tejo, temos reforços da parte da tarde de Lisboa para Setúbal reforçando a Fertagus e por fim reforços nas horas de ponta da manhã e da tarde do Cacém e Amadora para Lisboa reforçando a CP”, adiantou.

Para o presidente da ANTROP, esta medida também é muito positiva do ponto de vista social, pois vai permitir que cerca de 60 motoristas de várias empresas possam sair do lay-off. “Estavam completamente parados desde março em casa e esta é uma medida positiva do ponto de vista do bem-estar das pessoas e das questões ligadas ao emprego. Esta medida tem ainda uma terceira virtualidade que é reanimar um pouco o mercado turístico que também estava parado”, salientou.

Apesar de o serviço ter sido apenas anunciado na terça-feira, Luís Cabaço Martins considera que com o passar dos dias a procura vai ser maior. “Neste momento [cerca das 07:30 de hoje] temos pouca gente. O serviço só começou a ser divulgado ontem [terça-feira] e é um serviço complexo na sua organização e logística”, disse. O presidente da ANTROP explicou que o serviço envolveu várias entidades desde a Câmara Municipal de Lisboa, operadores ferroviários, Área Metropolitana de Lisboa e operadores rodoviários.

“Houve problemas que tiveram de ser resolvidos até ao fim, do ponto de vista logístico e só ontem [terça-feira] é que tivemos a garantia absoluta de que teríamos possibilidade de começar hoje. Portanto, a informação ao público começou a ser feita ontem e é natural que ainda haja pouco conhecimento, mas à medida que os dias forem passando vamos com certeza ter mais procura porque ele é necessário”, concluiu.

Na terça-feira, a Área Metropolitana de Lisboa (AML) explicou em comunicado que o reforço de oferta terá um custo de 750 mil euros e que estes transportes irão decorrer diariamente durante 62 dias. As exceções serão os dias 30 de novembro, 01, 07, 08 e 25 de dezembro, 01 de janeiro e 16 de fevereiro.

Para o apoio à Fertagus serão afetadas 13 viaturas, que farão os percursos Pragal /Sete Rios, entre as 6:20 e as 8:20, Sete Rios / Pragal, entre as 17:20 e as 18:10, Sete Rios / Setúbal, entre as 17:15 e as 17:30, explica a AML. Relativamente à Metro Transportes do Sul, o serviço de apoio envolve 22 viaturas, nos percursos Cacilhas / Laranjeiro, entre as 16:30 e as 18:10, Laranjeiro / Cacilhas, entre as 7:20 e as 8:10, Universidade Nova / Pragal, entre as 16:30 e as 18:10, e Pragal / Universidade Nova, entre as 7:20 e as 8:10.

Para apoio à CP e Metropolitano de Lisboa, serão disponibilizados 36 autocarros, para os percursos Amadora CP / Metro Pontinha, entre as 7:00 e as 8:25, e Cacém CP / Metro Pontinha, entre as 7:00 e as 8:25.

Apesar desta solução de apoio rodoviário do turismo à ferrovia, anunciada pelo secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro, no início de novembro, estar prevista também para o Porto, vai iniciar-se, para já, apenas em Lisboa, segundo a ANTROP. Na altura do anúncio, o Governo avançou que as Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto iam ter 1,5 milhões de euros para aquisição de serviços de transporte.

Utilizadores insatisfeitos com todos serviços ferroviários à exceção do Alfa

Os utilizadores mostraram-se insatisfeitos com os serviços ferroviários, à exceção do alfa pendular, embora apresentem um maior nível de satisfação face aos preços, segundo a consulta de 2019 da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT).

“Da consulta relativa aos serviços ferroviários de transporte de passageiros destacam-se […] as matérias relacionadas com ‘preços e aquisição de títulos’, que apresentam um maior nível de satisfação, com uma evolução positiva nos últimos dois anos nos serviços urbanos e suburbanos”, adiantou, em comunicado, a AMT.

No sentido inverso, manifestaram um “sentimento generalizado de insatisfação” face a todos os serviços ferroviários de passageiros, com exceção do alfa pendular. Atrasos, perturbações e as condições para os passageiros portadores de deficiência ou mobilidade reduzida “geraram maior insatisfação”, revelou o documento.

Os utilizadores defendem ser prioritário assegurar uma maior pontualidade e frequência, bem como modernizar o material circulante e aumentar o número de lugares sentados nos comboios e nas estações. Por outro lado, querem a melhoria de meios de acesso dos passageiros com mobilidade reduzida às estações, comboios e máquinas de venda e da informação e assistência disponibilizada.

Já no que se refere aos serviços ferroviários de transporte de mercadorias, a pontualidade, proteção das mercadorias e duração do transporte receberam uma avaliação positiva. Porém, verificou-se uma “insatisfação generalizada” com este serviço de transporte, nomeadamente, devido ao “preço elevado e à rigidez dos horários da atividade de carga e descarga”.

Neste sentido, a redução dos preços, maior flexibilização para realizar novas rotas, melhoria da pontualidade, fiabilidade, infraestruturas de cargas e descargas e na intermodalidade com o transporte rodoviário, assim como a criação de comboios multi-cliente/produto foram identificados como prioritários.

Por sua vez, no que concerne à infraestrutura ferroviária e às instalações de serviço, foram destacados entre os principais pontos positivos as funções operacionais do gestor da infraestrutura, nomeadamente, “a gestão da capacidade, o controlo da circulação, a gestão da segurança ferroviária, de fornecimento de energia elétrica de tração, a sinalização e telecomunicações e a interação e comunicação com o gestor da infraestrutura”.

Contudo, assinalou-se uma “insatisfação generalizada” com a infraestrutura e com as instalações de serviço, “que consideram ter piorado nos últimos dois anos”. Foram identificadas como medidas prioritárias, por exemplo, a redução do número de limitações de velocidade, a conclusão da eletrificação da rede e a diminuição das restrições de horários.

“Quanto ao transporte ferroviário de passageiros as medidas prioritárias passam pela eletrificação e sinalização e aumento da segurança ao longo da via”, indicou, acrescentando que as instalações de serviço em terminais de mercadorias e nas ligações ferroviárias aos portos “foram classificadas como satisfatórias”.

A AMT realizou esta consulta junto dos representantes dos utilizadores no último trimestre de 2019, pelo que os dados não refletem os impactos da pandemia, nem os novos investimentos para o setor, previstos no Plano Nacional de Investimentos (PNI) 2030. O regulador consulta, pelo menos, de dois em dois anos os representantes dos utilizadores dos serviços ferroviários.

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