Há ovelhas à solta em Lisboa e vão lutar contra as alterações climáticas

Arrancou esta sexta-feira a 1ª fase de pastoreio urbano por ovelhas no Parque da Belavista Sul, no âmbito do projeto co-financiado LIFE LUNGS, que tem um orçamento de 2,7 milhões de euros até 2024.

Num passado não muito distante (até às últimas décadas do século passado), os rebanhos de cabras e ovelhas faziam parte da vida de Lisboa. Não era incomum estar no trânsito, logo de manhã, na Alameda das Linhas de Torres, por exemplo, e ter de parar o carro para dar passagem a um grupo de animais em trânsito pelo meio da cidade.

Esta sexta-feira, a tradição está volta à capital com a ação inaugural da 1ª fase do pastoreio urbano por ovelhas no Parque da Belavista Sul, no âmbito do projeto co-financiado LIFE LUNGS, que tem como parceiro a cidade de Málaga em Espanha, e um orçamento global de 2,7 milhões de euros até 2024. Os custos desta ação em concreto representam 14% do orçamento total do projeto, ou seja 378 mil euros.

“No âmbito da adaptação às alterações climáticas (https://life-lungs.lisboa.pt/), no qual a Câmara Municipal de Lisboa é coordenadora, dar-se-á início à ação experimental de pastoreio com ovelhas – ação C2 – Rebanho de ovelhas como agente urbano não mecânico de controlo de vegetação e conservação do solo“, informou a Câmara em comunicado, sublinhando: “Na reta final do ano Lisboa Capital Verde da Europa, ano do desaparecimento de Gonçalo Ribeiro Telles, esta ação vem também cumprir uma ideia há muito defendida pelo Arquiteto Paisagista para as cidades”.

Nesta 1ª fase, cerca de 20 ovelhas da Quinta Pedagógica dos Olivais executam 14 saídas, começando a 18 de dezembro de 2020 e terminando a 10 de maio de 2021. Em abril de 2021, o rebanho estará também, experimentalmente, 11 dias alojado num ovil preparado para o efeito, a partir da remodelação de uma estrutura existente no Parque.

A gestão diária do rebanho num espaço público exige um serviço especializado de pastor que também fornece informação sobre o projeto e importância e vantagens da utilização do rebanho em espaços verdes”, explica o site do projeto, que refere também que está prevista a deslocação das ovelhas para outras áreas de Lisboa com prados, nomeadamente no parque do Alto da Ajuda.

De acordo com os coordenadores do projeto, as vantagens são muitas: associar o pastoreio de animais à manutenção da infraestrutura verde serve para reduzir o esforço humano e o consumo de energia associados ao corte tradicional, mas também contribui para potenciar os serviços de ecossistema das pastagens, nomeadamente o aumento da matéria orgânica do solo, aumentando a sua humidade relativa, contribuindo assim para a estabilização do solo e controle da taxa de erosão.

A 1ª fase desta ação inicia-se numa área onde foi instalado um prado de sequeiro biodiverso rico em leguminosas, um coberto alternativo aos relvados tradicionais, independente de irrigação e com alto poder de fixação de carbono e azoto estável e com elevada capacidade de resiliência, para além de promotor da biodiversidade florística. Em conjunto, os prados biodiversos e a gestão por pastoreio são consideradas ações demonstrativas de infraestrutura verde adaptada às alterações climáticas.

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