Allianz e AXA investem na Stripe, tornada fintech mais valiosa do mundo
Os fundos angariados em ronda de série H vão servir para duplicar a capacidade da sua base, em Dublin, e responder à procura crescente por parte de grandes empresas na Europa.
A Stripe, fintech fundada em 2010 pelos irmãos Patrick e John Collison, concluiu ronda de financiamento (série H), captando 600 milhões de dólares (cerca de 500 milhões de euros), em condições que lhe conferem uma valorização de 95 mil milhões de dólares (80 mil milhões de euros), a mais elevada alguma vez alcançada por uma tecnológica de Sillicon Valley e ainda não cotada em bolsa.
A operação financeira teve como primary investors a Allianz X e a AXA, além do Estado irlandês – que aplicou 50 milhões através de fundos geridos por uma agência do Tesouro – e as sociedades (ou venture capital) Baillie Gifford, Fidelity Management e a Sequoia Capital, que investe na Stripe desde a germinação (fase seed).
Com a valorização (95 mil milhões de dólares) alcançada após a ronda de levantamento de capital, mais do que a duplicar de valor em apenas um ano, a empresa criadora de infraestruturas para negócios digitais (uma plataforma onde assentam diversas outras aplicações para gestão de pagamentos, fluxos de tesouraria e proteção contra fraudes), a irlandesa é catapultada para a posição de fintech norte-americana mais valiosa de sempre (antes de cotar em bolsa) e o segundo maior unicórnio do planeta, precedido apenas pela ByteDance, gigante de crescimento imparável no mercado de recursos digitais para a educação (EdTech), na China.
Em comunicado, a Stripe refere que os fundos recolhidos nesta ronda de financiamento serão aplicados na Europa e na duplicação da dimensão da sede da empresa, em Dublin, para responder à crescente procura de serviços por parte de “peso-pesados” em toda a Europa e, avançar na segunda década de existência da companhia, expandindo a nível global nos pagamentos e diversificar a extensa lista de produtos (APIs e integração de aplicações) desenvolvidos pela fintech que cresce a simplificar quase tudo no ecossistema das transações eletrónicas, desde movimentos por cartões bancários, processamento e aceitação de pagamentos, gestão de fluxos de tesouraria, gestão antifraude e até ajuda à estruturação e registo de negócio de outras startups digitais nos EUA.
Dos 42 países onde a Stripe desenvolve atividade, 31 localizam-se na Europa, e muitas das empresas europeias e marketplaces de mais rápido crescimento a nível global usam soluções da Stripe, explica a tecnológica nomeando os exemplos Deliveroo (Reino Unido), Doctolib e ManoMano (França), Glofox (Irlanda), Klarna (Suécia), N26 (Alemanha). Recentemente, Axel Springer, Jaguar Land Rover, Maersk e Metro optaram pelas plataformas da Stripe para integrarem aplicações de pagamento eletrónico, crescerem através de receitas geradas no e-commerce.
“Quer seja no segmento fintech, na mobilidade, no retalho ou ao nível SaaS (Software as a Service), a oportunidade de crescimento na economia digital europeia é imensa”, afirmou John Collison, co-fundador e presidente da empresa que, até agora, não tem obrigação de apresentar contas ao mercado.
Allianz X assume interesse de longo prazo na Stripe
A carteira de clientes da Stripe inclui atualmente mais de 50 empresas líderes nas respetivas categorias económicas, cada uma com mais de 1000 milhões de dólares de faturação anual, na generalidade a processarem pagamentos e transações através das infraestruturas digitais criadas com base nos códigos desenvolvidos pela tecnológica irlandesa.
A Allianz X, unidade do grupo segurador alemão dedicada a investimentos na área digital em cujo portefolio se inclui o banco digital N26, justifica a participação na ronda financiamento com o objetivo de apoiar a estratégia e a operação europeia da Stripe “no longo prazo.”
“A inovação que a Stripe trouxe à economia online durante a última década é espantosa. Adotando uma abordagem tech-first e ao tornar o processamento de pagamentos mais acessível, a Stripe abriu o caminho para modelos de negócio inteiramente novos”, referiu Nazim Cetin, CEO da Allianz X, citado num comunicado.
Embora os negócios através da internet cresçam mais depressa do que o resto da economia, só 3% do comércio global é feito online. Tal é o potencial de crescimento da economia digital, refere informação no site da Stripe. A pandemia e um universo de multinacionais e de pequenas empresas a procurarem adaptar-se e ganhar escala no comércio eletrónico impulsionaram a aceleração da Stripe, cujo ritmo de crescimento pode ser comparável ao de outros gigantes como a Amazon ou a Shopify.
Segundo o Financial Times, desde o início da pandemia, 200 mil empresas europeias subscreveram os serviços fornecidos pela plataforma. Na condição pré IPO (antes de abrir capital ao mercado), a Stripe vale mais do que valiam a Uber e a Facebook antes dos respetivos IPO (oferta pública inicial ou dispersão de capital em bolsa).
O trajeto da Stripe reproduz o talento e o percurso de sucesso dos Collison. Em 2005, quando tinha 16 anos, Patrick venceu um concurso de jovens cientistas na Irlanda e, daí seguiu-se a experiência em universidades norte-americanas. Dez anos depois de ser criada pelos irmãos Patrick (CEO) e John (Presidente), beneficiando do apoio da aceleradora Y Combinator, da primeira sede social, em São Francisco (EUA) e visibilidade em Sillicon Valley, a Stripe é, hoje, também um caso de reputação que se estende a mais de 100 países.
Já este ano, visando orientar a escalada internacional (por acréscimo, no último ano, de 15 novos mercados na Europa, Ásia e América Latina), a fintech anunciou a contratação de Christa Davies para o conselho de administração da Stripe. A executiva de origem australiana esteve 12 anos na Aon Plc, onde exerceu como vice-presidente executiva e CFO. Antes da Aon, Christa passou pela Microsoft, chefiando a administração financeira da divisão de Platform and Services, a mais lucrativa da companhia de Redmond (EUA).
Outro reforço de peso na Stripe é Mark Carney que, em fevereiro, foi anunciado como novo elemento do board da tecnológica. Carney foi governador dos bancos centrais do Canadá e de Inglaterra. Com larga experiência acumulada no sistema financeiro internacional e na área de governance, Mark Carney constitui referência internacional em finanças sustentáveis e, após deixar o Banco de Inglaterra, foi nomeado representante especial das Nações Unidas para as questões do Clima.
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