Navio encalhado no Canal do Suez causa milhões de perdas a seguradoras
O MV Ever Given é um gigante dos oceanos com capacidade para 20 mil contentores marítimos de 20 pés. Fustigado por uma rajada de vento atravessou-se no Canal, encalhou e está a bloquear o tráfego.
O proprietário e as seguradoras de um dos maiores navios porta-contentores do mundo, encalhado há três dias no Canal do Suez (Egito), irão confrontar-se com milhões de dólares em pedidos de indemnização mesmo que o barco volte a flutuar e desimpeça a via nos próximos dias.
O gigante MV Ever Given, um navio com pavilhão de Taiwan, medindo 400 metros de comprimento, 59 metros de largura e capacidade para 20 mil TEU (1 TEU é a medida unitária utilizada no transporte marítimo para contentores marítimos de 20 pés) encontra-se atravessado no canal impedindo o tráfego de outras embarcações numa das rotas mais utilizadas pelo comércio global por via marítima.
Segundo atualização divulgada nesta quinta-feira pela entidade egípcia que gere o canal (Suez Canal Authority), a navegação continua “temporariamente suspensa” até que se consiga recolocar o Ever Given a flutuar. A mesma fonte referiu que 13 navios que largaram de Port Said deveriam lançar âncora nas proximidades de Bitter Lakes e aguardar pela libertação do porta-contentores encalhado e a reposição das condições de navegação.
A Evergreen Line, empresa de shipping do conglomerado Evergreen International Corp (com origem em Taiwan) opera o navio em regime de leasing e a embarcação tem feito a rota que liga Extremo-Oriente à Europa. Segundo comunicação desta empresa, o acidente ocorreu seis milhas náuticas após entrada do Canal, pelo lado sul, vindo do Mar Vermelho em direção ao Mar Mediterrâneo. O navio encalhou após perder a linha de navegação por efeito de rajadas de vento de 30 nós (cerca de 56 quilómetros/hora), admite o transitário.
Os grandes porta-contentores com a capacidade do Ever Given estão provavelmente segurados por danos no casco e maquinaria por um valor entre 100 e 140 milhões de dólares, adiantaram fontes da indústria seguradora à agência Reuters.
O UK P&I Club confirmou que detém a cobertura de danos próprios e risco de eventual poluição causada pelo navio, sem mais comentários. No entanto, outras fontes referem que a operação (carga), casco e maquinaria estão segurados no mercado japonês. Os encargos que irão recair sobre o proprietário da embarcação e as seguradoras incluem a perda de receitas associadas à carga do navio e os prejuízos de outros navios cuja passagem está a ser impedida pelo incidente, segundo fontes dos seguros e de corretagem.
O custo da operação de salvamento também deverá ser suportado pela seguradora do casco e da maquinaria. “É potencialmente o maior desastre mundial de sempre com navios porta-contentores sem que haja perda total do navio”, disse um jurista especialista em navegação que preferiu manter anonimato.
O incidente já afetou o comportamento do preço do barril de petróleo no mercado internacional. Os efeitos do bloqueio causado pelo navio encalhado no Suez estará a afetar mais de 9,5 mil milhões de dólares em volume de tráfego comercial por dia (nos dois sentidos do trânsito marítimo), segundo estimativa avançada pela imprensa internacional citando a Lloyd’s List.
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