Brasil: Lucro da indústria seguradora encolheu 33% em 2020
O segmento Pessoas e o de Danos representaram mais de 86% das receitas do mercado em 2020. Com mais de 120 seguradoras, veja como o Brasil fechou o ano.
Em 2020, o lucro líquido no conjunto das seguradoras sob supervisão do Brasil ascendeu a 17,52 mil milhões de reais (cerca de 2,6 mil milhões de euros ao câmbio corrente), em queda de 33% em relação a 2019. “Todos os segmentos observaram queda no lucro líquido, em grande medida em decorrência do menor resultado financeiro”, refere um documento da Susep.
A Superintendência de Seguros Privados (Susep) divulgou a primeira edição do Relatório Financeiro do Setor de Seguros, com dados de 2020, um documento “inédito”, anunciado pela Susep como mais uma ferramenta criada pelo regulador “para a promoção da transparência do setor”. Entre os principais destaques, o relatório realça que a situação económico-financeira do setor “permaneceu estável em 2020, com níveis adequados de suficiência de capital para absorver perdas inesperadas”.
Em termos de receitas, o ano fechou com “um acumulado de R$ 274 bilhões” (cerca de 40,79 mil milhões de euros), apontando crescimento nominal de 0,6% face a 2019, puxado pelos seguros (sem VGBL -Vida Gerador de Benefício Livre, um dos planos de previdência privada mais comuns no ramo de seguros Vida no Brasil) que cresceram 4,0%, atingindo 124 mil milhões de reais. Previdência e capitalização contraíram 2,0% e 3,8%, respetivamente, assim como o VGBL, que observou queda de 1,8%, “tendo acumulado R$ 113 bilhões” em contribuições no ano.
De acordo com o Relatório Financeiro do Setor de Seguros 2020, os efeitos da pandemia foram diferentes nos diversos ramos de seguros. A rentabilidade do segmento auto, medida pelo resultado técnico, cresceu de 19% para 25%, “um aumento de R$ 1,98 bilhão”, enquanto no seguro de pessoas, caiu de 33% para 28%, “uma queda de R$ 1,62 bilhão”. As variações são explicadas pela correlação com a sinistralidade observada nos dois segmentos, com queda da sinistralidade no seguro auto e aumento no seguro de pessoas.
Apesar da queda nas contribuições dos produtos de previdência tradicional, “este foi o produto que apresentou maior crescimento percentual de provisões matemáticas, que representam as obrigações da entidade de previdência para com os participantes, uma vez que tais produtos garantem, em muitos casos, rendimentos contratuais maiores do que as atuais taxas de juros”, explica a Superintendência de Seguros.
Entre os diversos segmentos do negócio segurador, embora o segmento Pessoas se apresente com a maior fatia da receita, o seguro de Danos “confirmou-se como destaque do ano, com crescimento nominal de 3,6% em 2020”. Pessoas e Danos somaram 237,77 mil milhões de reais, mais de 86% da receita total anual do setor.
O volume de cedido em resseguro ascendeu a 16,8 mil milhões de reais, dos quais 14,3 mil milhões tiveram origem em seguradoras brasileiras, observando-se neste universo um aumento de 29,2% em relação aos valores de 2019. O cedido junto de resseguradores locais, admitidos e eventuais aumentaram 15,2%, 72,7% e 66%, respetivamente, face ao ano anterior.
De acordo com a Síntese Mensal de dezembro de 2020, que agrega a informação acumulada ao longo dos 12 meses do ano, as empresas com maior participação, ou quota de mercado, e crescimento no mercado Seguro de Pessoas (incluindo previdência complementar – VGBL) ordenavam-se da seguinte forma:
Neste segmento, o Top 5 das que mais cresceram em 2020 (incluindo VGBL) foi composto pela XP Vida e Previdência (+155,7%), SICOOB Seguradora de Vida e Previdência (+62,9%), Generali Brasil Seguros (+40,7%), Caixa Vida e Previdência (+27,9%) e Zurich Santander Brasil Seguros e Previdência (+21,7%).
No final do ano, encontravam-se sob supervisão da Susep 122 Sociedades Seguradoras, 13 Entidades Abertas de Previdência Complementar (EAPC), 18 Sociedades de Capitalização e 130 Resseguradores, sendo 15 Locais, 40 Admitidos e 75 Eventuais.
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