Cada euro investido por um estrangeiro numa casa em Portugal gera sete euros para a economia

Franceses são a nacionalidades que mais casas compra em Portugal, mas chineses são os que gastam mais. Associação Portuguesa de Resorts alerta para importância dos vistos gold.

O imobiliário nacional sempre foi bastante apetecível para os estrangeiros e os números falam por si. Franceses e britânicos são as nacionalidades que mais casas compram em Portugal, o que acaba por ser positivo para as contas do país. Um estudo da Associação Portuguesa de Resorts (APR) mostra que por cada euro que um estrangeiro investe na compra de uma casa cá, o reflexo na economia nacional ronda os sete euros cinco anos depois.

Os números mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), referentes a 2019, dão conta de 3,4 mil milhões de euros investidos por estrangeiros em 19.520 casas em Portugal. Nesse ano, os investidores internacionais compraram 8,5% de todas as habitações vendidas. O estudo da APR conclui que esse montante investido vai produzir um impacto local de quase 21 milhões de euros até ao final de 2023.

Citado em comunicado, o diretor executivo da associação, Pedro Fontainhas, afirma que “o impacto em cinco anos é quase sete vezes superior ao investimento inicial em Portugal de cada novo residente, seja ele estrangeiro ou português regressado”.

Franceses, britânicos, brasileiros, alemães, chineses, espanhóis e holandeses são as nacionalidades que mais casas adquirem em terras lusas. Contudo, chineses, brasileiros e britânicos lideram no que toca ao valor gasto. As casas compradas pelos chineses têm o preço médio mais elevado (373.071 euros), mas foram transacionadas apenas 443 unidades, refere o estudo feito com base em dados do INE, Eurostat e OCDE. Os franceses, por outro lado, são quem compra mais casas e quem gera mais receita total (623.558 euros), ainda que com um preço médio mais baixo (115.367 euros).

Numa análise mais fina, e considerando apenas imóveis de luxo (acima de 500.000 euros), os britânicos brilham. São, “claramente, os principais clientes” de Portugal, gerando uma receita total de 300 milhões de euros com 252 habitações compradas em 2019.

Já no que diz respeito às localizações, o Algarve ocupa uma posição de destaque ao concentrar 38% do valor total investido pelos estrangeiros e 27% do número total de casas compradas. Ainda assim, salienta a APR, Lisboa está cada vez mais próxima com 36% de valor e 21% em quantidade. Ainda em termos de quantidade, o Centro ocupa já o segundo lugar, com 23% do total de imóveis transacionados.

Vistos gold inflacionam preços das casas? “Obviamente não”

O estudo da APR cita dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que dão conta de 584,6 milhões de euros investidos por estrangeiros em casas acima de 500.000 euros em 2019. Um valor que, diz o diretor executivo da associação, “representa menos do que 2,5% do total dos imóveis urbanos transacionados no mesmo ano”.

“Perante esta desproporção, não são aceitáveis os argumentos que certas vozes levantam contra os vistos gold, de que estariam a distorcer ou a inflacionar o mercado ou a tirar casas aos portugueses. Obviamente não estão. O que estarão, sim, é a dar à economia portuguesa um contributo extraordinário muito significativo”, defende Pedro Fontainhas.

Assim, o responsável alerta que “qualquer limitação à captação de investimento estrangeiro em imobiliário residencial” vai acabar por “ser um tiro no pé, tanto mais grave quanto exigente for o momento económico” que o país atravessa. “Devemos também inverter a nossa cada vez menor atratividade fiscal, legal e burocrática, e tornar Portugal apetecível aos que nos procuram para viver, trabalhar, criar família e se reformarem”, remata.

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