Dívida verde torna EDP “mais competitiva”, diz Stilwell
Empresa tem custos menores com recurso a obrigações verdes e pretende reforçar a estratégia. Está a estudar obrigações indexadas à sustentabilidade, mas ainda não decidiu se vai avançar com emissão.
A EDP tem ganho financeiramente e em termos reputacionais com a emissão de dívida verde e pretende manter a estratégia, segundo o CEO Miguel Stilwell d’Andrade. Na conferência Euronext ESG Summit, o gestor explicou que o desempenho destas obrigações é superior às convencionais, o que tem aumentado a competitividade da empresa. Já obrigações indexadas à sustentabilidade ainda estão em estudo.
“No início não era claro se essas obrigações seriam mais baratas, com uma yield mais baixa, do que obrigações convencionais. Mas ao longo do tempo temos visto claramente um desempenho superior. Vemos uma vantagem competitiva no sentido em que é financiamento verde, muito alinhado com a nossa estratégia de negócio e dá-nos um custo de capital mais baixo, o que nos torna mais competitivos“, afirmou.
Pioneira em Portugal no financiamento através destes instrumentos, a empresa colocou 5,1 mil milhões de euros em obrigações verdes nos últimos três anos. Em fevereiro, na atualização do seu plano estratégico para 2021-2025, anunciou que pretendia, até ao final desse período, ter 50% da dívida verde (o que representa um crescimento de 22 pontos base face aos atuais 28%).
“A nossa estratégia já está muito alinhada com a transição energética e verde que vemos no setor da energia. Quando se trata do financiamento, há também um alinhamento. Do ponto de vista financeiro, desde 2018 que não temos emitido nada que não seja dívida verde”, disse Miguel Stilwell d’Andrade, na conferência online. Sublinhou que o que era um fator de distinção acabou por reforçar a base de investidores na elétrica.
O CEO da EDP e EDP Renováveis explicou que a empresa não tem custos materiais para emitir green bonds. Há um enquadramento que tem de ser usado, mas a partir desse momento, é “muito fácil”. Até porque as obrigações de reporte já estão cobertas pelo relatório de sustentabilidade. “Dessa perspetiva, não temos custos ou mudanças materiais face ao que já fazíamos“.
Ainda assim, considera que o mercado beneficiaria de maior uniformização das regras para que se possa distinguir o que é realmente sustentável. “Ainda há muita diversidade no mercado sobre o que é considerado verde. Algum nível de standardização iria ajudar. São necessárias métricas mais fáceis ou formas de os investidores conseguirem distinguir quem é que está efetivamente a investir em verde, quem está a greenwash“.
Questionado sobre uma diversificação do financiamento, para produtos como obrigações indexadas a métricas ambientais, sociais e de governo societário (ESG, na sigla em inglês) ou de sustentabilidade, Stilwell disse estar ainda na dúvida.
“É algo que estamos a analisar. Um dos fatores chave é acertar nas métricas porque, no caso das obrigações verdes, o capital está a ser alocado diretamente a certos investimentos. No caso de obrigações indexadas à sustentabilidade, tem de se ter a certeza que são metas específicas”, referiu sobre estes títulos.
“Se os investidores estão a pagar um prémio é para a empresa fazer mais do que faria noutras circunstâncias. Se se fizer o que se faria de qualquer forma, então porque é que os investidores estão a pagar esse prémio? Para dizer a verdade, ainda estamos na dúvida sobre sustainability-linked bonds. Consideramos que é uma boa ideia em teoria. Temos de garantir que, na prática, não é só receber um prémio para fazer o que faríamos”, acrescentou.
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