Autoeuropa admite que novas paragens de produção podem obrigar a lay-off
“O prolongamento das medidas de confinamento em países como a Malásia está a colocar em risco a produção para as duas semanas seguintes a esta paragem”, justifica a empresa.
A fábrica de automóveis da Autoeuropa, em Palmela, admitiu esta sexta-feira a possibilidade de entrar em lay-off caso seja forçada a novas paragens de produção devido à falta de semicondutores no setor automóvel.
“O prolongamento das medidas de confinamento em países como a Malásia está a colocar em risco a produção para as duas semanas seguintes a esta paragem”, justifica a empresa, que admite equacionar o “cenário de lay-off” depois de esgotar o mecanismo de flexibilidade laboral dos down-days (dias de não produção) para este ano.
A fábrica do grupo Volkswagen em Palmela, que iniciou esta sexta-feira uma paragem de produção que deveria terminar no dia 28 de junho, mas que foi prolongada por mais dois dias, até às 00:00 de 30 de junho, diz não ter “nenhuma garantia” de que poderá retomar a produção no final deste mês.
Questionada pela agência Lusa, a administração da Autoeuropa garantiu, no entanto, que irá “utilizar até ao limite a flexibilidade gerada pela utilização dos down-days”, caso seja forçada a nova paragem, e que só depois de esgotado o recurso a essa ferramenta de flexibilidade laboral será equacionado o “cenário de lay-off” (redução temporária dos períodos normais de trabalho ou suspensão dos contratos de trabalho).
A Autoeuropa refere ainda que “a distribuição e disponibilidade de peças está a ser avaliada diariamente numa task force para determinar quais as alternativas e minimizar o impacto desta situação”.
Confrontada com o facto de ter comunicado à Comissão de Trabalhadores que não há espaço para melhoria das condições previstas no pré-acordo laboral que foi rejeitado no passado mês de maio, a administração da Autoeuropa lembra que “as condições estão continuamente a alterar-se”.
“Estamos a lidar com um cenário de incerteza no qual a competitividade da empresa não pode ser colocada em causa, para além dos prejuízos causados pelas perdas sucessivas de volume produção”, justifica.
“E é necessário relembrar que até ao momento, mesmo nestas condições, houve garantia dos rendimentos a 100% nos períodos de lay-off e dois aumentos salariais durante 2020, cumprindo com o acordo assinado em 2018”, acrescenta a administração da fábrica de automóveis de Palmela, no distrito de Setúbal.
De acordo com informações divulgadas pela Autoeuropa nos últimos dias, desde o início do ano passado a fábrica de automóveis de Palmela produziu menos de 70.000 automóveis do que estava previsto, devido à pandemia e à falta de semicondutores.
Apesar desta quebra de produção, no ano passado a Autoeuropa produziu um total de 192 mil automóveis e 20 milhões de peças para outras fábricas do grupo alemão, o equivalente a 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) e 4,7% das exportações portuguesas.
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