Mundo deve unir-se para combater “ameaça terrorista” no Afeganistão
“Estamos a receber informações assustadoras que dão conta de violações graves dos direitos humanos em todo o país”, avisou António Guterres.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou esta segunda-feira à comunidade internacional para se unir para “remover a ameaça terrorista” no Afeganistão, após o regresso ao poder dos talibãs no país.
“A comunidade internacional deve unir-se para se assegurar de que o Afeganistão nunca mais será utilizado como uma plataforma ou um refúgio para organizações terroristas”, declarou Guterres, numa reunião de emergência do Conselho de Segurança.
O líder das Nações Unidas instou igualmente “o Conselho de Segurança e a comunidade internacional no seu conjunto a fazerem frente, a trabalharem juntas e a agirem juntas e a utilizarem todos os instrumentos ao seu dispor para remover a ameaça terrorista mundial no Afeganistão e para garantir que os direitos humanos fundamentais são respeitados”.
António Guterres exortou também “os talibãs e todas as partes a respeitarem e a protegerem o direito humanitário internacional e os direitos e liberdades de todas as pessoas”, declarando-se “particularmente preocupado com relatos de cada vez mais violações dos direitos humanos das mulheres e das meninas afegãs”.
“Estamos a receber informações assustadoras que dão conta de violações graves dos direitos humanos em todo o país”, frisou o secretário-geral na sede da ONU, em Nova Iorque. “Os próximos dias serão decisivos. O mundo está de olhos postos em nós. Não devemos nem podemos abandonar a população do Afeganistão”, sustentou, numa altura em que milhares de pessoas estão concentradas no aeroporto de Cabul tentando desesperadamente sair do país.
A chegada dos talibãs a Cabul no domingo precipitou a saída do país do Presidente afegão, Ashraf Ghani, após terem tomado o controlo de 28 das 34 capitais provinciais em dez dias, e sem grande resistência das forças de segurança governamentais, no âmbito de uma grande ofensiva iniciada em maio – altura em que começou a retirada das tropas norte-americanas e da NATO do país, que deverá ficar concluída no final deste mês.
Um porta-voz do movimento islâmico radical, que governou no Afeganistão entre 1996 e 2001, disse no domingo à televisão pública britânica BBC que os talibãs pretendem assumir o poder no Afeganistão “nos próximos dias”, através de uma “transição pacífica”, 20 anos após terem sido derrubados por uma coligação liderada pelos Estados Unidos, pela sua recusa em entregar o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Esta segunda-feira, numa mensagem de vídeo, o ‘mullah’ Baradar Akhund, chefe do gabinete político talibã no Qatar, fez a primeira declaração pública de um líder talibã após a conquista do país, anunciando o fim da guerra no Afeganistão, com a vitória dos talibãs, após a fuga no domingo do Presidente, Ashraf Ghani, e a captura de Cabul.
Com a partida de Ghani, um grupo de líderes políticos formou o Conselho de Coordenação para a transição de poder para os talibãs, composto pelo ex-presidente afegão Hamid Karzai, o presidente do Alto Conselho para a Reconciliação, Abdullah Abdullah, e o líder do partido Hizb-e-Islami e antigo senhor da guerra, Gulbuddin Hekmatyar. No entanto, os talibãs não forneceram, até agora, informações sobre como funcionará o processo de transição ou a tomada do poder.
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