PCP quer ministra do Trabalho no parlamento sobre despedimento coletivo na Saint-Gobain
Os comunistas lembram que a Saint-Gobain Sekurit Portugal quer despedir 130 trabalhadores, “depois de em março de 2020 ter recorrido ao lay-off simplificado", durante três meses.
O PCP entregou esta segunda-feira um requerimento para ouvir no parlamento a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social sobre o despedimento coletivo de 130 trabalhadores em curso na fábrica de vidro Saint-Gobain de Santa Iria da Azoia, em Loures.
Num requerimento ao qual a agência Lusa teve acesso, os deputados comunistas pedem para ouvir na Assembleia da República, “com a máxima urgência”, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, a Federação Portuguesa de Sindicatos Da Construção, Cerâmica e Vidro (FEVICCOM) e o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira (STIV), na Comissão de Trabalho e Segurança Social.
Os deputados escrevem que “a Saint Gobain Sekurit Portugal (ex-Covina), única fábrica de vidro automóvel em Portugal, tem uma vez mais em curso um processo de despedimento coletivo de 130 trabalhadores na sua fábrica de Santa Iria da Azóia, concelho de Loures, encerrando assim a produção do vidro automóvel em Portugal”.
“Este é o culminar de um processo em que a busca exclusiva do lucro e do domínio completo do setor por parte do grupo Saint-Gobain tem lesado os seus trabalhadores, a economia nacional e o Estado Português”, consideram.
De acordo com o texto, “a empresa, antes de privatizada, chegou a empregar mais de 1.200 trabalhadores, no entanto as várias restruturações de que foi alvo não só não serviram para aumentar a produção como anunciado, como resultaram em despedimentos e menos capacidade produtiva, apesar dos avultados apoios públicos canalizados ao longo dos anos”.
Os comunistas escrevem que agora, a Saint-Gobain Sekurit Portugal anuncia a intenção de despedir estes 130 trabalhadores, “depois de em março de 2020 ter recorrido ao lay-off simplificado, recebendo apoio do Estado durante três meses”.
“Fá-lo, como outras multinacionais, socorrendo-se do pretexto da pandemia para justificar quebra de volume de negócios quando, já este ano, o grupo anunciou que os seus lucros em 2020 foram superiores a 1.400 milhões de euros e quando a Autoeuropa, principal cliente, anuncia o seu terceiro melhor resultado de sempre em 2020”, apontam.
Fá-lo, insistem, “negando capacidade de investir e a fraca competitividade dos seus produtos, quando contou ao longo dos anos com apoios públicos para se financiar e com trabalho especializado que nunca soube valorizar”.
“Há um mês que os trabalhadores da Saint-Gobain estão em luta contra o despedimento coletivo, terminando sem acordo a 28 de setembro a fase inicial de informação entre a empresa e a Comissão de Trabalhadores. O PCP tem acompanhado a evolução da situação desde o primeiro momento, considerando-a um criminoso ataque à produção nacional e aos trabalhadores da empresa uma vez que não estão salvaguardadas nem a situação dos trabalhadores, nem o interesse nacional”, acrescentam.
O PCP aponta que não obteve “esclarecimentos satisfatórios” da ministra do Trabalho e do ministro da Economia e Transição Digital e vinca que “estão em causa 130 postos de trabalho e um setor produtivo em que a Saint-Gobain tem monopólio, pelo que é imperioso conhecer o posicionamento do Governo e ouvir todas organizações representativas dos trabalhadores envolvidas na negociação”.
No passado dia 30 de setembro, os trabalhadores da Saint-Gobain de Santa Iria da Azoia decidiram pedir novas reuniões ao Governo, para discutir alternativas concretas ao despedimento coletivo em curso na fábrica de vidro, antes que este seja consumado.
Segundo a empresa, os problemas da Saint-Gobain Sekurit Portugal têm mais de uma década, mas “a pandemia da covid-19 agravou uma situação já de si frágil, aumentando substancialmente a retração do mercado automóvel (a empresa transforma vidro para os automóveis, sendo essa a sua única atividade), sem possibilidades de recuperação a curto, médio e longo prazo”.
Em Portugal, o Grupo Saint-Gobain emprega cerca de 800 trabalhadores distribuídos por 11 empresas e oito fábricas e totaliza um volume de faturação correspondente a 180 milhões de euros.
A decisão de encerramento da atividade produtiva da empresa e o consequente despedimento coletivo dos 130 trabalhadores foi anunciada no dia 24 de agosto.
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