“Pouco ambicioso”, “refém do défice”, “sabe a pouco”. As críticas dos sindicatos ao OE2022
Maior justiça fiscal, com mais alívio nos impostos sobre o trabalho e o aumento geral dos salários, começando pelo salário mínimo, são medidas consideradas fundamentais pela CGTP.
A CGTP considerou esta terça-feira que a proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) não responde aos problemas dos trabalhadores, das famílias e do país e defendeu a necessidade de um aumento generalizado dos rendimentos e do investimento.
“A proposta do Governo para o OE2022 não responde às necessidades, nem vemos nela o necessário reforço do investimento, mas o Governo tem de perceber que não pode continuar refém do défice e da dívida pública”, disse à agência Lusa a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha.
Para a sindicalista, esta proposta de OE2022 deveria integrar “um conjunto de instrumentos necessários para dar resposta aos problemas dos trabalhadores, das famílias e do país, que são estruturais mas que se agravaram com a pandemia”.
O reforço dos serviços públicos, para melhor assegurar as funções sociais do Estado, maior justiça fiscal, com mais alívio nos impostos sobre o trabalho e o aumento geral dos salários, começando pelo salário mínimo, são medidas consideradas fundamentais pela CGTP.
“Mas não são dadas respostas a estas matérias, mesmo as alterações previstas nos escalões do IRS são insuficientes, pois os escalões mais baixos ficam na mesma”, disse Isabel Camarinha.
A líder da intersindical considerou também que os aumentos salariais de 0,9% para os trabalhadores da administração pública “são insignificantes, tendo em conta a perda de poder de compra da última década”, assim como os aumentos previstos para as pensões. “Só existirão condições para combater a pobreza dos trabalhadores, dos pensionistas e das crianças com o aumento generalizado dos salários e das pensões”, defendeu.
Segundo a sindicalista, os trabalhadores, do setor público e privado, vão continuar a lutar para exigir respostas aos seus problemas neste OE. “Vamos ver se há alternativas significativas na discussão da proposta de OE2022 na Assembleia da República, os trabalhadores vão continuara a lutar por isso”, disse Isabel Camarinha.
UGT considera proposta do Governo pouco ambiciosa
O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, considerou esta terça-feira que a proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) é pouco ambiciosa, não serve para todos e precisa de alterações importantes.
“A proposta de OE2022 é pouco ambiciosa e, ao contrário do que disse o ministro das Finanças [João Leão], este OE2020 não serve para todos”, disse Carlos Silva à agência Lusa, defendendo que quem tem rendimentos mais baixos necessita de mais apoios.
Para o sindicalista, a proposta governamental “é uma primeira abordagem”, esperando que a sua discussão no parlamento leve a melhorias, introduzidas pelos partidos de esquerda.
“É preciso ser mais ambicioso e introduzir alterações importantes ao OE2020”, disse, defendendo que o Governo vai ter de fazer cedências aos partidos que o irão viabilizar.
Carlos Silva assegurou que “a UGT não vai condescender, porque o Governo tem de cumprir as promessas feitas no seu programa”, nomeadamente a relativa ao aumento do salário mínimo para os 750 euros até 2023 e a relativa ao desbloqueio da contratação coletiva.
“Esperávamos que a proposta do Governo fosse mais além, nomeadamente nos salários”, disse. Para o líder da UGT, os aumentos previstos para os trabalhadores da Administração Pública, de 0,9%, “ficam muito aquém das necessidades dos trabalhadores”.
“Apesar dos aumentos de 0,9% previstos e de o ministro das Finanças dizer que correspondem a um aumento da massa salarial de 2,5%, parece-nos pouco para compensar a erosão que os salários da administração pública sofreram nos últimos anos”, afirmou.
Carlos Silva também considerou “insuficiente e tardio” o aumento de 10 euros a aplicar às pensões mais baixas em agosto de 2022 e defendeu que este aumento devia ser aplicado em janeiro. O sindicalista considerou ainda que “a carga fiscal continua excessivamente elevada, continuando a castigar a classe média”.
Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado critica falta de estímulos para trabalhadores
O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) considerou esta terça-feira que a proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) não contém estímulos para os funcionários públicos, que continuam a ser penalizados nas remunerações e a perder poder de compra.
“Esta proposta de OE não é uma receita nova, não tem grandes estímulos para os trabalhadores da administração pública, que continuam a ser penalizados e a perder poder de compra“, disse à agência Lusa a presidente do STE, Maria Helena Rodrigues.
A sindicalista considerou que os aumentos salariais de 0,9% que vão ser aplicados em janeiro na administração pública “são um passo, mas são necessários passos mais significativos para compensar o poder de compra perdido desde 2009”.
“O que o Governo propõe é contrário ao que defende no seu programa e todos sabemos que o modelo de baixos salários não favorece o crescimento económico, nem o desenvolvimento do país“, disse.
Fesap considera que proposta do Governo é insuficiente e tem de ser melhorada
O secretário-geral da Federação Sindical da Administração Pública (FESAP), José Abraão, considerou esta terça-feira que a proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2022 (OE2022) é insuficiente e defendeu a necessidade de ser melhorada na discussão parlamentar.
“A proposta do Governo fica aquém das expetativas, sabe a pouco, pois ainda não prevê o aumento generalizado das pensões, nem sequer do subsídio de refeição que continua nos 4,77 euros”, disse à agência Lusa José Abraão.
O sindicalista valorizou o facto de o Governo ter colocado no OE2022 os aumentos salariais de 0,9% para a função pública, esperando que isso seja “o retomar do princípio da revisão anual dos salários” do setor, e valorizou igualmente o aumento do salário base dos técnicos superiores da administração pública em 50 euros até 2023.
“Valorizamos isto mas esperamos que o OE melhore durante a sua discussão parlamentar, porque há muitos trabalhadores que não são beneficiados e há muitas carreiras que precisam de ser revistas, para não serem absorvidas pelos aumentos anuais do salário mínimo”, disse José Abraão.
(Atualizada às 20h07 com a reação do STE)
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