Vilamoura quer construir 1.400 quartos em seis anos
A Marina de Vilamoura será também alvo de remodelação. Projeto deve ser conhecido até ao início de 2022.
Os novos donos de Vilamoura, no Algarve, pretendem construir 1.400 unidades de alojamento em seis anos, apostar no mercado nacional e no conceito de teletrabalho, sendo a expansão da marina outro dos objetivos, disse o presidente executivo à Lusa.
Realçando que Vilamoura atravessou um período de várias administrações, vários donos e “alguma convulsão” com uma “aposta no curto e médio prazo”, o presidente executivo da Vilamoura World revelou à Lusa que pretende fazer uma aposta a “longo prazo” e desenvolver produto imobiliário, o que “ultimamente se tem feito muito pouco”.
“Achamos que Vilamoura é um destino sobejamente conhecido, muito português, onde 50% dos compradores de mobiliário e dos que habitam são portugueses. Temos como perspetiva para os próximos seis anos construir cerca de 1.200 a 1400 unidades [quartos] divididas entre residencial e hoteleiro”, revelou João Brion Sanches à Lusa, à margem da conferência ‘The Resort and Residential Hospitality Forum’ (R&R), que decorre em Vilamoura.
João Brion Sanches liderou um grupo de investidores nacionais que, apoiados num fundo do grupo inglês Arrow Global, adquiriu em maio deste ano o resort Vilamoura World (Lusotur) à norte-americana Lone Star.
O gestor assumiu existir uma “ambição grande de construção” de todo o tipo de imobiliário, desde “moradias individuais, moradias em banda, apartamentos, aparthotéis e hotéis”, e não uma aposta na venda de lotes.
O primeiro projeto deverá ser apresentado no “final deste ano, princípio do próximo”, acrescentou.
A aposta no cliente nacional, “sem esquecer o estrangeiro”, traduz-se em construção com estacionamento em cave, piscinas privadas para cada moradia e conforto térmico. No fundo, “tudo aquilo que dá conforto para uma pessoa viver numa casa e não apenas passar 15 dias de férias”, notou ainda.
A Marina de Vilamoura, uma das estruturas geridas pela empresa, será também alvo de remodelação, que, não podendo detalhar o projeto por “não estar ainda aprovado em Conselho de Administração”, propõe uma expansão e a criação de condições para que haja uma “quantidade alargadíssima” de postos de amarração para barcos grandes – de 20 a 40 metros de comprimento.
“Há muitos barcos que fazem o trajeto do Mediterrâneo para o Atlântico e regressam antes do verão e na costa portuguesa praticamente não têm onde ficar”, sustentou.
Questionado sobre os constrangimentos de ordem ambiental que limitaram a construção do projeto a cidade lacustre, João Brion Sanches afirmou que é um projeto “completamente para abandonar”, assumindo que era “desadequado” à localização e ao mercado que existe atualmente no mundo onde quem tem mais poder de compra “não quer essa densidade de construção”.
A intenção é fazer “quase o oposto”, com construções “completamente integradas na natureza, respeitando totalmente aquilo que existe”, defendeu, realçando que pretendem que a zona dos lagos seja usufruída em termos de paisagem natural, com a “mínima intervenção humana”.
“O máximo que poderemos fazer é regularizar períodos de cheias, que pode haver, com chuvas torrenciais, regular esses extremos da natureza, mas conviver completamente com o ambiente e com a natureza”, notou.
Questionado sobre as restrições que os vistos dourados (‘gold’) vão passar a ter no início de 2022, onde, no Algarve, contemplam apenas os apartamentos de regime turísticos e não residencial, lamentou a atitude do Governo.
“É pena que o Governo tenha tido esta alteração legislativa numa altura que até se justificasse quase o contrário, com um período de pandemia no qual o imobiliário e o turismo sofreram. Não se justificava (…), a nível nacional teria sido muito melhor não ter mexido nessa legislação”, lamentou
João Brion Sanches defendeu que é um segmento de mercado muito “interessante” porque procura apartamentos de 500 mil euros, mas acaba por gastar “600, 700, 800 mil euros” já que se “entusiasmam” e descobrem que é “muito mais que fazer um investimento para ter um visto”.
O presidente executivo da Vilamoura World revelou que a retoma já se sente, que o fluxo pedonal na Marina está “10% abaixo de 2019 e 20% acima de 2020”.
“Se os meses de novembro e dezembro continuarem neste ritmo, iremos ficar muito perto dos valores de 2019”, concluiu.
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