“É absolutamente crítico colocar as pessoas no centro das preocupações”, diz Miguel Cabrita
Formação e competências, retenção de talento e valorização da esfera pessoal das pessoas são alguns dos desafios que o secretário de Estado prevê num futuro próximo.
Este é momento em que todos esperamos sair da crise pandémica e dos seus impactos mais diretos. No entanto, dificilmente encontraremos um mercado de trabalho similar ao que conhecíamos antes da Covid-19. O papel dos gestores de pessoas assume uma importância fulcral neste contexto de redefinição da gestão de pessoas. E é “absolutamente crítico” colocar as pessoas no centro das preocupações, diz Miguel Cabrita, secretário de Estado adjunto do Trabalho e da Formação Profissional, durante o 52.º Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas (APG).
“Este é um momento de redefinição muito importante para a gestão das empresas e, em particular, para a gestão das pessoas nas empresas. É um momento de redefinição em que a resposta à crise tem tudo para ser diferente daquela que utilizamos há 10 anos, para dar resposta à crise anterior”, afirma Miguel Cabrita, no encontro nacional da APG que começou esta quarta-feira e se prolonga até sexta-feira, dia 5 de novembro.
Considerando ser uma “equação complexa”, o secretário de Estado defende que os responsáveis pela gestão das pessoas têm, agora, o dever de recentrar as pessoas nas organizações e as respostas aos principais desafios que se avizinham podem mesmo determinar o sucesso da gestão de pessoas.
“Há cinco desafios que podemos hoje identificar para o futuro. Talvez o mais central tenha a ver com a enorme exigência da mudança que vivemos. Sendo a mudança o pilar essencial para perceber a realidade em que nos movemos e em que as empresas e os mercados se movem, há uma dimensão clara da aceleração mudança. Mudança tecnológica, na digitalização, também energética e ambiental… Quase que podemos mesmo falar de uma mudança de paradigma, uma vez que estamos a falar da mudança não apenas dos processos produtivos e de gestão, mas falamos num sentido muito mais amplo, dos modelos de negócio, das cadeias de valor, do posicionamento das empresas…”, defende Miguel Cabrita. “É absolutamente crítico colocar as pessoas no centro das preocupações”, acrescenta.
Em segundo lugar, o secretário de Estado fala de um desafio — não mais pequeno — ao nível da formação e das competências. “A questão das competências é absolutamente crítica para lidar com a mudança que estamos a viver”, considera, referindo-se, não só às competências tecnológicas, mas também a todas aquelas que se tornam importantes num mercado mais flexível, em que competências de liderança e de adaptabilidade ou resolução de conflitos são fundamentais.
“As diferentes mudanças estão a ocorrer, e é muito mais difícil — para não dizer inviável ou insustentável — acompanhá-las sem um investimento claro na dimensão da formação das competências dos gestores, dos colaboradores e das equipas. É evidentemente uma matéria que cruza muito claramente com as políticas públicas. É um investimento que tem de ser feito pelo Estado e que o Estado está disponível para fazer e aprofundar aquela que é a sua responsabilidade nestas matérias, mas é também um investimento que não pode ser feito sem as empresas”, alerta, defendendo que as organizações e as pessoas são agentes fundamentais neste investimento na formação ao longo da vida, também chamada de formação contínua.
As diferentes mudanças estão a ocorrer, e é muito mais difícil — para não dizer inviável ou insustentável — acompanhá-las sem um investimento claro na dimensão da formação das competências dos gestores, dos colaboradores e das equipas.
Só com este renovar constante de conhecimentos é que as empresas e as próprias pessoas podem estar preparadas para os processos que vão mudando muito rapidamente. Miguel Cabrita diz que o investimento no capital humano é crucial, impactando diretamente na atração e retenção do talento.
“Obviamente não falamos do emprego para a vida, mas quando falamos em estabilidade dos quadros das empresas referimo-nos a uma empresa ter equipas e ter pessoas que conhecem as empresas, que conhecem o histórico, que estão enturmadas, que criam uma cultura organizacional, e isso só se pode fazer quando há capital humano acumulado”, refere, recordando a importância que assume as políticas no sentido de proporcionar um maior equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal.
Esse é precisamente o quarto desafio que enumera: “valorizar as pessoas na relação entre o trabalho e outras esferas da vida“. Promover uma harmonia entre o trabalho e a vida pessoal, acompanhando os diferentes ciclos de vida de cada colaborador torna-se fundamental. Além disso, Miguel Cabrita fala também de uma necessidade de incentivar a qualidade e a coesão das equipas, bem como a igualdade de género e a inclusão na companhia.
Outros dos desafios para os quais considera que as empresas têm de estar preparadas tem a ver com o diálogo social, que considera ser muito mais do que uma obrigação legal. O secretário de Estado defende que a gestão de pessoas deve ser capaz de entender a mais-valia de ter práticas de diálogo consistentes, começando desde logo pelo acolhimento e diferentes perspetivas e construção de equilíbrios, que contribuem para a motivação e compromisso das pessoas.
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