Ótica dos famosos aposta no fabrico artesanal e na internet
Criada em 1981 pelo casal Plínio e Ana Leal, que batizou o negócio com o nome do filho, a André Opticas soma sete lojas na zona de Lisboa, abriu online e tem um atelier com produção manual de óculos.
A André Opticas nasceu em 1981 pelas mãos do jovem casal Plínio e Ana Leal, que começou a vida profissional como optometrista numa pequena ótica em Oeiras. Tinham 22 e 20 anos, respetivamente, quando decidiram ficar com a loja da irmã de Plínio e criar um negócio diferenciado com uma nova imagem.
O nome da loja foi inspirado no nome do filho do casal, André, que na altura só tinha três meses. “Depois de tanto pensar qual seria o nome que iríamos dar ao nosso negócio, achámos que nada melhor do que o nome do nosso descendente, filho único”, recorda Ana Leal, em entrevista ao ECO.
Quatro décadas depois, a André Opticas tem sete lojas na Grande Lisboa, emprega 60 pessoas e continua a ser um negócio familiar. Plínio e a nora, Rita Leal, são os atuais responsáveis pela gestão financeira. André e a mãe Ana Leal estão à frente da gestão de marcas e da formação das equipas.
Recuando 40 anos, o casal partiu para esta aventura com o objetivo de revolucionar o mundo da ótica em Portugal e acabar com o estigma de que os óculos servem apenas para ver. Começaram a vender artigos de marcas de luxo e a trazer para o mercado nacional o glamour do universo dos óculos.
“Revolucionámos o mercado dos óculos em Portugal. Há 18 anos conseguimos trazer uma série de marcas com que não se trabalhava em Portugal, como Oliver Peoples, Linda Farrow, entre muitas outras. Na questão das marcas fomos pioneiros”, conta Ana Leal, administradora da empresa.
A André Opticas trabalha com várias grandes marcas de luxo de óculos, como Gucci, Dior, Versace, Prada, Chanel, Dolce & Gabbana, Cartier ou Versace. “A única marca de luxo que não trabalhamos é a Louis Vuitton porque eles não vendem produtos fora das suas lojas”, explica André Leal, que faz parte da administração, juntamente com os pais.
O preço dos óculos pode variar entre 120 e os 25 mil euros. Estas últimas, detalha Ana Leal, “são peças com características muito específicas, ouro, pedras preciosas, e não é um produto que se vende todos os dias”.
Desde cantores a atores e apresentadores, a André Opticas tem como clientes algumas figuras públicas, como Pedro Abrunhosa, Manuel Luís Goucha, Rúben Rua, Mariza, Carolina Deslandes, Ana Bacalhau, Ana Moura ou Tim, vocalista dos Xutos & Pontapés.
André Leal conta ao ECO que o público-alvo são clientes de classe média alta, apesar de ter artigos para todos os bolsos. E que os melhores clientes são mesmo os homens. A justificação que dá é simples: “têm menos acessórios do que as mulheres e menos por onde se perder”.
Óculos personalizados e ao vivo
Além de distribuir as principais marcas de moda, a André Opticas dispõe também de produção própria com materiais premium, de forma a criar peças personalizadas e únicas, à medida do cliente. Os óculos são produzidos de forma artesanal e as máquinas que usam na produção são todas antigas, datadas dos anos 1920 aos anos 1940.
É na loja localizada na Rua Serpa Pinto, em Lisboa, que fica o ateliê da André Opticas. Neste espaço é possível produzir uma peça pensada e desenhada pelo cliente, até à reprodução de um modelo antigo, considerando sempre as medidas anatómicas.
E o cliente pode assistir à produção manual dos seus próprios óculos, com toda a mestria e savoir faire das técnicas artesanais do fabrico de óculos. “O cliente escolhe os materiais, pode desenhar os seus próprios óculos ou optar pelo nosso design. São peças únicas feitas à medida. Usamos vários materiais, entre eles, chifre, madeira, madrepérola e temos um artigo de peles vintage que usamos para forrar os óculos”, relata André Leal.
“Ficamos com as medidas anatómicas dos clientes, tiramos uma foto de frente e perfil e os óculos são desenhados em cima da foto do cliente. É uma peça feita à medida”, explica o gestor.
De acordo com o único descendente da primeira geração, “no mundo existem entre 20 a 30 ateliês que fazem este tipo de trabalho”. “No entanto, como o nosso, em que o cliente pode assistir à produção dos seus próprios óculos, não conhecemos nenhum”, acrescenta, com orgulho.
André cresceu no meio dos óculos e tornou-se um especialista no negócio. Tem dois filhos, com 10 e 13 anos, e embora queira manter a carreira profissional deles em aberto, conta que “seria um prazer ver a segunda geração a seguir as pisadas da família” no mundo da ótica.
Loja online aproxima de clientes estrangeiros
Foi há cerca de quatro meses que a André Opticas apostou numa loja online, além de vender também através de outras plataformas, como o Facebook, o Instagram ou marketplaces, como a Farfetch.
André Leal conta que as lojas da Avenida da Liberdade e do Chiado são “muito visitadas por turistas” e que “os clientes acabam por voltar a contactar” devido ao “portefólio de marcas muito particulares”. O gerente relata que a loja online, que tem clientes americanos, asiáticos e europeus, “veio tornar as coisas mais fáceis para os clientes estrangeiros”.
Estas duas lojas no centro da capital portuguesa têm um peso bastante grande nos óculos de sol, enquanto as lojas dos centros comerciais representam vendas superiores nas armações e nas lentes. A nível de faturação, os centros comerciais são as locomotivas porque estão abertas mais horas por dia e só fecham dois dias por ano: no Natal e no dia de Ano Novo.
No ano passado, mesmo em plena pandemia, a André Opticas faturou o mesmo que 2019. Os administradores justificam a “faturação em linha” com o contributo do segmento online e com o facto de as óticas não terem sido obrigadas a fechar durante o confinamento. “As pessoas que usam óculos e lentes não podem viver sem isso”, remata Ana Leal.
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