Sócio de Isabel dos Santos diz que livro do ex-governador do BdP tem informações “falsas” e exige que se “retrate”

  • Lusa
  • 15 Novembro 2022

O empresário Fernando Teles diz que há informação “falsa” sobre si no livro do ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa e ameaça recorrer aos tribunais.

O sócio da angolana Isabel dos Santos, Fernando Teles, disse esta terça-feira que há informação “falsa” sobre si no livro do ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa e ameaça recorrer a todos “os meios” para repor a verdade. “Direito de Resposta” é o título do comunicado emitido esta terça-feira pelo empresário, no qual afirma que foi “administrador não executivo do Banco BIC Português [Eurobic] de 2008 a 24 de novembro de 2020”, garantindo que aquela “informação é pública”, porque consta dos “relatórios do Banco Bic Português”.

Assim, conclui Fernando Teles, “a narrativa de Carlos Costa, no seu livro, de que não foi [ele, empresário] nomeado em 2016 é falsa e, ou se retrata, ou reserva-se no direito de repor a verdade e o seu bom nome por todos os meios que entenda adequado”.

O que Fernando Telles quer dizer é que, a partir de 2016, continuou a ser nomeado como administrador.

O primeiro-ministro António Costa já admitiu também processar o ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa por ofensa à sua honra, depois de o antecessor de Mário Centeno dizer que foi pressionado para não retirar Isabel dos Santos do BIC.

Esta posição foi transmitida por António Costa aos jornalistas, à entrada para a reunião da Comissão Política do PS, depois de confrontado com o teor de um livro do ex-governador do Banco de Portugal, Carlos Costa

A única coisa que eu posso dizer é que, como é sabido, através do Observador, foram proferidas pelo doutor Carlos Costa declarações que são ofensivas da minha honra, do meu bom nome e da minha consideração”, declarou o líder socialista.

O líder do executivo disse que contactou Carlos Costa e o ex-governador do Banco de Portugal “não se retratou nem pediu desculpas”.

“E, portanto, constituí como meu advogado o doutor Manuel Magalhães e Silva, que adotará os procedimentos adequados contra o doutor Carlos Costa, para defesa do meu bom nome, da minha honra e consideração. É a justiça também a funcionar”, acrescentou.

“O Governador” é o um testemunho de Carlos Costa, líder do Banco de Portugal entre 2010 e 2020, sobre os pontos mais marcantes dos seus dois mandatos. Com prefácio de Christine Lagarde, o presidente do Banco Central Europeu, e baseado em mais de 30 horas de conversa com Carlos Costa, Luís Rosa, jornalista do Observador revela factos até agora desconhecidos sobre a intervenção da ‘troika’, o caso Banco Espírito Santo e a resolução do BANIF, entre outros temas.

O livro dá ainda a conhecer as relações tensas com o antigo primeiro-ministro José Sócrates, com o atual, António Costa, e antigo ministro das Finanças Mário Centeno bem como as guerras com o ex-banqueiro Ricardo Salgado e a família Espírito Santo. O livro, editado pela Dom Quixote, será apresentado esta terça-feira, às 17h30, na Fundação Calouste Gulbenkian.

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Famílias com rendimentos mais baixos serão duramente atingidas, alerta BCE

  • Lusa
  • 15 Novembro 2022

Os países nos quais os bancos teriam empréstimos mais problemáticos devido aos incumprimentos devido à inflação e ao aumento das taxas de juro são Chipre, Grécia, Irlanda, Espanha e Portugal.

As famílias com rendimentos mais baixos serão muito mais duramente atingidas pela inflação e pelas subidas das taxas de juro a partir do final de 2022 e poderão não pagar as suas dívidas, adverte o Banco Central Europeu (BCE).

Num artigo do relatório de estabilidade financeira, publicado esta terça-feira, os economistas do BCE consideram que as famílias com rendimentos mais baixos são tipicamente as mais propensas a entrar em incumprimento.

O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, apresentará na quarta-feira numa conferência de imprensa virtual o relatório, do qual o BCE hoje antecipou algumas informações.

Os países nos quais os bancos teriam empréstimos mais problemáticos devido aos incumprimentos devido à inflação e ao aumento das taxas de juro são Chipre, Grécia, Irlanda, Espanha e Portugal. Os bancos destes países já tinham uma percentagem mais elevada destes empréstimos antes de os preços subirem tanto e o BCE começar a subir as taxas de juro.

A deterioração da qualidade dos ativos afetará os bancos em países com uma maior proporção de empréstimos a famílias com rendimentos mais baixos, que sofrem mais com a inflação e o aumento das taxas de juro e têm menos ativos líquidos disponíveis.

As famílias de baixos rendimentos gastam 70% dos seus rendimentos em despesas básicas tais como alimentação, energia ou habitação, em comparação com 34% das famílias de rendimentos médios.

O impacto da subida das taxas de juro é menor no curto prazo para empréstimos a taxa fixa, mas muito maior para empréstimos a taxa variável.

No entanto, a médio e longo prazo, o aumento do preço do dinheiro traduzir-se-á em taxas hipotecárias mais elevadas, aumentando assim fortemente o custo do reembolso da dívida das famílias que contraíram hipotecas em anos em que as taxas de juro eram muito baixas.

Um aumento de 10% nos custos de vida básicos, que não é compensado por um aumento do rendimento, reduz o poder de compra em mais de 20% para as famílias de rendimentos mais baixos, em comparação com 5% para as famílias de rendimentos médios, de acordo com os cálculos dos economistas do BCE.

As famílias com rendimentos mais baixos têm pouca margem financeira para amortecer os preços mais elevados dos alimentos e da energia.

BCE

“As famílias com rendimentos mais baixos têm pouca margem financeira para amortecer os preços mais elevados dos alimentos e da energia”, especialmente em países com dívidas elevadas e poupanças baixas, acrescenta o relatório do BCE.

Os aumentos das taxas de juro atingirão as famílias nos países onde as hipotecas são maioritariamente a taxas variáveis. Os agregados familiares são os maiores beneficiários de crédito dos bancos da zona euro.

Os empréstimos hipotecários garantidos representavam mais de 75% da dívida das famílias nos balanços dos bancos no segundo trimestre de 2022, enquanto os empréstimos ao consumo sem garantia representavam 10%.

Mais de 70% da dívida bancária das famílias na zona euro é atribuível a famílias de rendimentos mais elevados, em comparação com 13% para as famílias de rendimentos mais baixos.

Mas a percentagem de empréstimos ao consumo, que historicamente têm mais incumprimentos do que hipotecas, entre as famílias de rendimentos mais baixos é muito mais elevada.

A maioria dos empréstimos problemáticos dos bancos são empréstimos hipotecários, mas em alguns países os créditos ao consumo problemáticos são muito mais elevados.

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Ministério Público esclarece que acusação a Miguel Alves teve origem “em denúncia anónima”

  • Lusa
  • 15 Novembro 2022

A investigação que levou o Ministério Público a acusar o antigo autarca de Caminha Miguel Alves de prevaricação teve origem “em denúncia anónima” e não noutro processo, esclareceu a PGRP.

A investigação que levou o Ministério Público (MP) a acusar o antigo autarca de Caminha Miguel Alves de prevaricação teve origem “em denúncia anónima” e não noutro processo, esclareceu esta terça-feira a Procuradoria-Geral Regional do Porto (PGRP).

Em nota publicada na página da Internet, a PGRP explica que o inquérito “teve início em denúncia anónima e não, ao contrário do que por lapso foi transmitido pela Procuradoria-Geral Regional do Porto, em certidão extraída de outro processo”.

O esclarecimento surge depois de, na quinta-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter respondido a vários órgãos de comunicação social que a investigação “teve origem em certidão extraída da denominada ‘Operação Teia’”.

Para o MP, Miguel Alves violou as normas de contratação pública sobre a aquisição de serviços.

O despacho de acusação, a que a agência Lusa teve acesso, sustenta que o arguido – que se demitiu do cargo de secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, após saber da acusação de prevaricação – acordou com a empresária Manuela Couto, também acusada do mesmo crime, serviços de assessoria de comunicação “sem qualquer procedimento de contratação pública”.

A acusação refere que o processo teve origem numa “denúncia anónima efetuada no Portal do DCIAP [Departamento Central de Investigação e Ação Penal]” em 03 de julho de 2019, a dar nota de que o então presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves, “celebrara vários contratos com a empresa MIT – Make It Happen, Branding Comunicacional, Lda, sociedade da empresária Manuela Couto”, em 2015 e em 2016.

Segundo a acusação, em 2014, Miguel Alves e Manuela Couto “mantiveram contactos com vista à prestação de serviços de comunicação, gestão de imagem e assessoria de comunicação à autarquia pelas sociedades MIT e Mediana”, detidas e controladas pela arguida.

O despacho de acusação refere que Miguel Alves e Manuela Couto, em reunião realizada em 04 de julho de 2014 na Câmara Municipal de Caminha, acordaram que uma das empresas “começaria, de imediato, a prestar serviços de assessoria de comunicação ao município”.

O MP diz que, pelo menos, durante o mês de julho de 2014 e a partir daquela data, a arguida Manuela Couto “determinou que funcionárias das suas empresas, nomeadamente da MT e da Mediana, prestassem serviços de assessoria de imprensa e promoção do município de Caminha, o que fez com conhecimento e acordo do arguido Miguel Alves”.

“Estes serviços de comunicação e assessoria foram efetivamente prestados pelas duas empresas MIT e Mediana (…), mas sem qualquer enquadramento formal, contratual ou contabilístico, nomeadamente, sem qualquer requisição externa, nota de despesa ou de encomenda ou documento equivalente, com vista à faturação dos serviços prestados pelas empresas à câmara, o que era do conhecimento do arguido Miguel Alves”, sustenta a acusação.

O MP refere que, “somente a 30 de março de 2015, por determinação do arguido Miguel Alves, e depois de já prestados” os serviços pela MIT e pela Mediana à autarquia, “sem qualquer procedimento de contratação ou suporte legal ou documental”, é que o então presidente deste município do distrito de Viana do Castelo “determinou e provocou o início de procedimento de contratação pública”.

Os arguidos estão acusados, em coautoria, de prevaricação de titular de cargo político.

Manuela Couto, mulher do ex-autarca de Santo Tirso Joaquim Couto, está a ser julgada no processo da “Operação Éter”, relacionado com contratos ilícitos celebrados pela entidade de Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), com 29 arguidos e cerca de 150 crimes económicos.

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Renováveis podem travar subida de preços da eletricidade

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  • 15 Novembro 2022

A propósito da Portugal Renewable Energy Summit 2022, que se realiza esta semana, o presidente da direção da APREN explica porque Portugal tem de intensificar a aposta nas energias renováveis

Hidrogénio verde, renováveis oceânicas, licenciamento, interligações, capacidade e acesso à rede são alguns dos temas a discutir esta semana em Lisboa, na conferência anual da Associação Portuguesa de Energias Renováveis APREN. Nesta entrevista, Pedro Amaral Jorge, o presidente da Direção fala-nos sobre este encontro e sobre o setor, com destaque para o notável desempenho de Portugal na descarbonização. Defende que a redução da tarifa de acesso às redes contribuirá, em 2023, para uma diminuição de cerca de 80% na fatura final dos consumidores domésticos e para uma redução de cerca de 35% na fatura final dos consumidores industriais e que é preciso ajudar as famílias e as empresas vulneráveis aos preços de energia nesta transição energética revendo, por exemplo, a fiscalidade e os apoios públicos.

Esta semana a APREN realiza a Portugal Renewable Energy Summit 2022. Qual foi o critério na escolha dos oradores convidados?

Já há alguns anos que a APREN realiza anualmente o Portugal Renewable Energy Summit, no qual juntamos grandes especialistas nas questões de energia, ao nível nacional e internacional. A escolha dos oradores passa pela sua relevância a nível nacional ou internacional. Temos contado sempre com as empresas mais relevantes para a transição energética e com as entidades públicas que apoiam o desenvolvimento do setor.

"A conferência da APREN já é um evento reconhecido pelos agentes do sector ao nível europeu e até mesmo internacional, e pelas suas congéneres europeias”

Ano após ano, a conferência tem conquistado o seu espaço como o grande fórum de discussão do setor analisando os temas chave da área da energia, desde os desafios tecnológicos, passando por questões técnicas e regulatórias, sem esquecer os aspetos de política energética.

Pelo palco do auditório da Culturgest passarão, como habitualmente, as vozes da expertise do setor. Este evento é amplamente reconhecido internacionalmente, tanto pelos agentes do setor como pelas suas congéneres europeias. Prova disso é a participação de entidades como a Comissão Europeia, o Parlamento Europeu, a Hydrogen Europe, a WindEurope, a SolarPower Europe, a RTE (Réseau de Transport d’Electricité de France) ou a AEE (associação eólica espanhola), entre outras importantes organizações internacionais. A maioria delas já o fazem há alguns anos.

O que se espera deste evento, e como poderá ajudar Portugal a passar dos planos à ação? Que tipo de obstáculo existe?

Ao longo da conferência vamos abordar o REPowerEU, ou seja, o plano europeu que visa acelerar a independência energética. Também analisaremos a “exceção ibérica” e o papel e do cap ibérico ao gás. Falaremos de hidrogénio verde, renováveis oceânicas, licenciamento, interligações, capacidade e acesso à rede. As comunidades de energia e autoconsumo individual e coletivo voltarão a estar em destaque.

Os planos existem – o REPowerEU é disso exemplo – mas o grande desafio é passar à ação, como indica o tema da conferência. É justamente esse debate que a APREN pretende realizar. Identificar os obstáculos que ainda impedem que a energia renovável possa fluir mais – aqui e além-fronteiras – e sinalizar oportunidades que possam ajudar a acelerar esta transição.

"é preciso ajudar as famílias e as empresas vulneráveis aos preços de energia nesta transição energética revendo, por exemplo, a fiscalidade e os apoios públicos”

O que a APREN defende como mais urgente a realizar em Portugal em prol da Transição Energética?

Penso que é preciso, por exemplo, reduzir burocracias e simplificar o licenciamento, bem como densificar territorialmente a rede elétrica de serviço público para receber toda a nova potência renovável.

Esses são apenas alguns exemplos da discussão que a conferência deste ano pretende alavancar. Ambicionamos sair da conferência com uma indicação mais clara do caminho que, em conjunto, devemos seguir em prol de uma transição energética sustentável.

Além disso, é preciso ajudar as famílias e as empresas vulneráveis aos preços de energia nesta transição energética revendo, por exemplo, a fiscalidade e os apoios públicos.

O mais urgente a realizar em Portugal em prol da Transição energética está assente em 4 eixos: (i) aumento da incorporação de energia renovável na produção de eletricidade e no consumo final de energia, de modo centralizado e distribuído em autoconsumo; (ii) definir uma politica de armazenamento de energia que seja complementar ao aumento da incorporação de renováveis no consumo; (iii) aumentar a capacidade e capilaridade da Rede Elétrica de Serviço Público, em terra e no mar; (iv) criar mecanismos de contratação de flexibilidade do consumo para toda a tipologia de consumidores de eletricidade.

Embora se registem progressos, em Portugal existe um subdimensionamento das entidades responsáveis pelos processos. Esta realidade já era patente e, com a atual guerra Rússia-Ucrânia, tornou-se mais óbvia.

Pedro Amaral Jorge, presidente da direção da APREN em entrevista para o Eco.

Qual o impacto da guerra Rússia-Ucrânia na Transição Energética da Europa e de Portugal?

A situação geopolítica atual gerada pela invasão da Ucrânia por parte da Rússia trouxe para cima da mesa a questão da independência e da autonomia da Europa em termos energéticos e, por consequência, a necessidade de acelerar a transição energética.

O plano REPowerEU, lançado este ano, dá respaldo a essa urgência. A Comissão Europeia propõe aumentar a meta de consumo final de energia a partir de fontes renováveis, dos atuais 40%, previstos no pacote FIT for 55, para os 45% em 2030. Esta ambição global cria o enquadramento para outras iniciativas, nomeadamente a estratégia específica da União Europeia para a energia solar que pretende duplicar a capacidade instalada de energia fotovoltaica até 2025 e atingir 750 GW até 2030. O plano prevê também uma iniciativa para a produção de energia solar nos telhados. Já no que toca à energia eólica, em terra e no mar, a União Europeia quer subir dos 190 GW de potência instalados atualmente para 480 GW nos próximos oito anos.

No que diz respeito ao impacto nos preços da eletricidade, o prolongamento das tensões geopolíticas da guerra na Ucrânia explica a manutenção do nível anormalmente elevado dos preços de energia elétrica nos mercados grossistas, que deverão manter-se em 2023.

Qual é o valor deste mercado e como prevê a sua evolução?

As fontes de energia renovável (FER) geram poupanças médias anuais na fatura da eletricidade de até 50 euros para um consumidor doméstico e de até 4.500 euros para um consumidor não-doméstico, em média.

A cada ano que passa, este mercado torna-se maior em volume de negócios, em número de contratações de profissionais, em contribuição para o PIB e para a arrecadação fiscal, bem como em termos de contribuições para a segurança social e de – também muito importante —, ao contribuir, cada vez mais, para a redução de emissões de gases com efeito de estufa (GEE), em particular as emissões de CO2.

De acordo com um estudo da Deloitte para a APREN, a contribuição das empresas de produção de eletricidade a partir de Fontes de Energia Renovável (FER) para o PIB Português foi de cerca de cerca de 18,5 mil milhões de euros no período 2016 – 2020. E, para termos uma ideia, até 2030 a projeção indica uma contribuição anual para o PIB de 12,8 mil milhões de euros, sendo que esta projeção não contempla ainda a revisão do PNEC.

O desempenho de Portugal na descarbonização tem sido notável entre os membros da União Europeia. Como a APREN tem acompanhado os seus associados nesta corrida?

A APREN representa 92% do total da potência instalada de fontes de produção de eletricidade renovável em Portugal, nas várias tecnologias.

Entre dia 1 de janeiro e 30 de setembro de 2022, Portugal foi o quarto país com maior incorporação renovável na geração de eletricidade, com 59,4%, ficando atrás da Noruega, Áustria e Dinamarca, que obtiveram 99,2%, 80,4% e 77,6%, respetivamente, a partir de fontes renováveis.

Este lugar do ranking deve orgulhar-nos, mas não deve fazer-nos esquecer o longo trilho que há ainda a percorrer para atingir a neutralidade carbónica, o que implica alcançar eletricidade 100% renovável, até 2050, alargando o esforço de descarbonização aos setores dos transportes e da indústria bem como aos edifícios.

É, por isso, crítico continuar a aposta que o país já iniciou nas renováveis e intensificá-la de forma que não se coloque em causa tudo o que foi conquistado até aqui. Isto requer envolvimento dos promotores, mas acima de tudo apoio da tutela, dos organismos públicos e dos municípios e, naturalmente, estabilidade regulatória.

Ao anunciar o OE, o Governo prometeu investir 2,1 mil milhões de euros em políticas e medidas de aceleração da transição energética durante o próximo ano. É suficiente?

A neutralidade carbónica implica um investimento adicional de dois mil milhões de euros por ano, face ao valor que já iria ser aplicado no sistema elétrico e descarbonização até 2050, de acordo com os cálculos iniciais, apresentados pelo Governo, aquando do anúncio do Roteiro para a Neutralidade Carbónica.

Todo o investimento colocado ao serviço da transição energética com vista a assegurar a independência e segurança energética será sempre bem-vindo.

É preciso ter em conta que este desígnio da neutralidade carbónica só é alcançado através da mobilização coletiva de todos os setores da sociedade, das famílias às empresas, passando também pelo Estado. Os incentivos estatais serão determinantes para alavancar as mudanças que há a operar complementando os investimentos de famílias e empresas que, face à conjuntura atual, terão mais dificuldades em disponibilizar verbas para esta transição verde, que é urgente não só por questões ambientais, mas também financeiras, económicas e geopolíticas.

Estamos no bom caminho para alcançar a neutralidade carbónica em 2050?

Atingir a neutralidade carbónica em Portugal em 2050 é um objetivo ambicioso, mas possível. Se acelerarmos a eletrificação direta e indireta dos consumos de energia, intensificarmos a produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis e apostarmos no hidrogénio verde como opção para os transportes pesados e para os setores que não podem ser diretamente eletrificados, como alguma indústria pesada e complementarmos a captura de CO2 recorrendo a uma melhor gestão da floresta e plantação e desenvolvimento anual de um elevado numero de arvores e flora autóctones, teremos grandes hipóteses de alcançarmos a neutralidade carbónica e climática em Portugal em 2050.

Como podem as famílias portuguesas contribuir para esta meta?

Do ponto de vista doméstico poderá ser interessante criar incentivos e apoios para que as pessoas tenham capacidade de migrar as soluções energéticas para consumos elétricos renováveis, desde os eletrodomésticos que geram calor e frio até à mobilidade.

Deduções fiscais e apoios diretos à compra de equipamentos podem ser outras opções que se traduzem num ganho comum a toda a sociedade.

A eletrificação dos consumos domésticos é um passo importante, mas a grande transformação terá mesmo de ser assegurada pelos grandes projetos de grande escala.

"As tarifas de acesso à rede (…) voltam a cair em 2023, com benefícios para toda a tipologia de consumidores”

E como podem as renováveis contribuir para a qualidade de vida das famílias Portuguesas?

As energias renováveis vão ajudar a travar a subida abrupta dos preços da eletricidade em 2023 para consumidores e empresas, tendo em conta os valores anormalmente elevados que estão a ser registados nos diversos mercados grossistas europeus de eletricidade, entre os quais o ibérico.

A mais recente prova vem na proposta de Tarifas e Preços para a Energia Elétrica em 2023, apresentada pela ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos) a 17 de outubro, que demonstra de forma clara e inequívoca esse efeito positivo das energias renováveis nos preços da eletricidade.

As tarifas de acesso à rede, que já tinham registado, também devido às renováveis, uma quebra significativa em 2022, possibilitando a descida dos preços de eletricidade, voltam a cair em 2023, de forma ainda mais expressiva, com benefícios para toda a tipologia de consumidores.

"Esta é a prova de que as renováveis são um investimento absolutamente certeiro em Portugal.”

É possível prever até que ponto os preços da eletricidade poderão descer graças às renováveis?

Face aos preços observados em 2022, no mercado regulado, esta redução da tarifa de acesso às redes contribuirá, em 2023, para uma diminuição de cerca de 80% na fatura final dos consumidores domésticos e para uma redução de cerca de 35% na fatura final dos consumidores industriais.

Em 2023 os consumidores domésticos irão beneficiar de um sobreganho no montante de 3,3 mil milhões de euros de receitas do diferencial de custo da PRE (Produção em Regime Especial), maioritariamente renovável. Os valores pagos às empresas produtoras de eletricidade que vendem a Produção em Regime Especial (PRE) ao Comercializador de Último Recurso (CUR) são mais baixos do que os valores da componente de energia dos preços de eletricidade registados atualmente no mercado grossista, o que permite que a diferença seja entregue ao sistema, gerando um verdadeiro sobreganho proporcionado pelas renováveis. Também os consumidores industriais irão colher os benefícios da injeção de cerca de 2 mil milhões de euros nas tarifas de acesso às redes em 2023.

Ainda assim, em janeiro de 2023 os consumidores em baixa tensão normal, no mercado regulado, que serve de referência ao mercado liberalizado, vão observar um ligeiríssimo aumento médio de 1,1% em relação aos preços em vigor em dezembro de 2022. A variação média, face a 2022, é na ordem dos 2,8%, mas poderia ser muito superior face à atual conjuntura.

Esta é a prova de que as renováveis são um investimento absolutamente certeiro em Portugal. As tecnologias foram apoiadas na altura em que foi necessário, mas os proveitos dos últimos anos ultrapassam largamente os custos de anos anteriores e estão a ajudar a controlar os preços da eletricidade gerando um verdadeiro sobreganho económico e financeiro para o sistema, para os consumidores domésticos e empresariais e para o país.

Prémio APREN dá impulso à transição energética

No segundo dia da conferência PRES 2022, será revelado o trabalho vencedor do Prémio APREN.
A iniciativa distingue as melhores dissertações académicas de mestrado e doutoramento relacionadas com eletricidade de origem renovável. Assim, os trabalhos são um contributo, em si mesmo, para este processo de transição energética.

A escolha dos trabalhos tem em conta o potencial e relevância do tema, a robustez técnica e científica, mas também a qualidade do documento, a apresentação submetida e a apresentação oral a que serão submetidos os candidatos na fase final.

Ao apoiar as melhores teses em temas relevantes associados à descarbonização da economia, o Prémio APREN apoia diretamente alunos universitários interessados neste setor e ajuda na promoção de conhecimento na área das renováveis. Assume, assim, um importante papel na
promoção da transição energética.

Para a APREN, face aos desafios globais que se apresentam, é crucial promover e reconhecer a excelência da investigação. Por isso incentiva os estudantes universitários a mergulhar neste setor desafiante e, além de manter relações institucionais com várias universidades em Portugal, a associação aposta na celebração de dias temáticos, como o dia do vento, o dia da água, o dia do sol, entre outros, também em conjunto com as instituições de ensino. Nestes dias, a APREN, em conjunto com a Academia, promove a importância de cada uma das tecnologias renováveis, fazendo um ponto de situação e analisando as evoluções e os entraves.

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45% das casas compradas por jovens em Lisboa custam até 250 mil euros

Câmara de Lisboa vai dar isenção de IMT aos jovens até 35 anos que comprem casa até 250 mil euros na cidade. Valor representa 45% das transações.

A Câmara de Lisboa vai dar isenção de IMT a todos os jovens até aos 35 anos que comprem casa até 250 mil euros na cidade em 2023. O vice-presidente disse esta terça-feira que 45% das casas compradas por jovens na cidade custam até 250 mil euros. Esta medida vai custar 4,5 milhões de euros aos cofres da autarquia.

“Trabalhámos com as entidades financeiras e percebemos que cerca de 35% das operações imobiliárias em Lisboa são protagonizadas por menores de 35 anos e tivemos por parte da Autoridade Tributária a confirmação de que, entre essas aquisições, cerca de 45% têm um valor igual ou inferior a 250 mil euros”, adiantou o vice-presidente Filipe Anacoreta Correia, durante a apresentação do orçamento municipal para 2023.

Nesse sentido, a autarquia vai dar, em 2023, isenção de IMT a todos os jovens até aos 35 anos que comprem uma casa até 250 mil euros na cidade. Com esta medida, os jovens irão poupar até 8.322 euros — o valor que pagariam de IMT por uma causa de 250 mil euros.

“Sabemos que em 2022 houve uma arrecadação de 4,5 milhões de euros de receita fiscal neste universo. Queremos sinalizar a importância de termos medidas para a população mais jovem, que quer viver na cidade de Lisboa numa altura difícil“, disse o também responsável pelo pelouro das Finanças.

Em resposta às questões do ECO, nomeadamente se este teto de 250 mil euros é suficiente, Filipe Anacoreta Correia afirmou que “essa questão tem de ser colocada a outros responsáveis políticos para se perceber se há outro tipo de ajudas”. “Estamos a dar um forte contributo porque estamos a renunciar à receita que essas aquisições representariam em termos de IMT. E não pararemos por aqui”, acrescentou.

Na mesma apresentação, o vice-presidente adiantou que será feito um investimento no arrendamento acessível, nomeadamente através de construção nova. O orçamento para 2023 prevê 122 milhões de euros para a habitação, onde se inclui um reforço do subsídio municipal de arrendamento, embora essa seja uma medida inscrita no pacote anti-inflação.

(Notícia atualizada às 12h53 com mais informação)

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Comissão de trabalhadores da Autoeuropa quer cancelar greve. Sindicatos mantém pré-aviso

Administração da Autoeuropa aberta a “encontrar soluções” marca nova reunião a 25 de novembro. Comissão de Trabalhadores quer cancelar a paralisação, mas sindicatos criticam.

A administração da Autoeuropa enviou uma mensagem aos trabalhadores onde mostra abertura para “encontrar soluções” para “colmatar as dificuldades económicas” sentidas e a comissão de trabalhadores quer cancelar a greve agendada para 17 e 18 de novembro. Uma decisão que a administração aplaude, mas que vai contra a posição dos sindicatos que entendem que a abertura da é uma forma de pressão para que os trabalhadores não adiram à greve.

“A direção da fábrica está na disposição de reunir com a comissão de trabalhadores” em novembro para “encontrar soluções para as medidas salariais e ir ao encontro das necessidades dos trabalhadores colmatando as dificuldades económicas, atualmente sentidas pelas famílias da Volkswagen Autoeuropa”, diz a mensagem enviada aos trabalhadores.

Mas a administração faz questão de sublinhar que as medidas “deverão ser consideradas como aditamento ao acordo laboral vigente”. “Continuamos empenhados em assegurar a estabilidade dos empregos através de um diálogo construtivo”, acrescenta a administração.

Perante esta abertura, o coordenador da comissão de trabalhadores da Autoeuropa, Rogério Nogueira, revelou à Lusa entender que deve cancelar a greve e marcar presença na reunião já marcada para o próximo dia 25 de novembro. Uma decisão que a administração aplaude. A empresa “congratula-se com a decisão da comissão de trabalhadores de desconvocarem a greve e deseja que a reunião de dia 25 seja positiva e frutuosa”, disse ao ECO fonte oficial da empresa.

Mas para os sindicatos a greve é a “forma de luta” porque a via do diálogo “está esgotada”, assim como a da “negociação com soluções concretas”. Num comunicado, o sindicato defende que a mensagem da administração é “um apelo a que os trabalhadores não avancem para a greve na quinta-feira”. “A Administração está em condições de evitar o conflito, teve o tempo necessário para estudar e encontrar uma solução que evite este caminho”, diz o SITE Sul num comunicado enviado esta terça-feira aos trabalhadores.

Apesar da marcação da reunião a 25 de novembro e do desejo da comissão de trabalhadores de desmarcar a greve, o SITE Sul manteve o pré-aviso de greve emitido “por não ver razões para o retirar”, disse ECO o sindicato. Esta terça-feira estava agendada uma reunião entre a comissão de trabalhadores e este sindicato que foi desmarcada porque o SITE Sul não desconvocou a greve.

Também o STASA, Sindicato dos Trabalhadores do Setor Automóvel, promete manter o pré-aviso de greve para as próximas quinta e sexta-feira, de acordo com a Lusa.

A comissão de trabalhadores pede um aumento de 5% em dezembro com retroativos a julho e uma nova atualização em janeiro de 2023, que conjugue os dados da inflação deste ano e o acordo laboral. Assim se a taxa de inflação em 2022 for de 8%, os trabalhadores querem uma atualização, no início do ano, de 2% relativos ao acordo e mais 1% que reflete a inflação.

(Notícia atualizada às 13h35 com posição de Comissão de Trabalhadores, novamente atualizada às 14h03 com a reação da Autoeuropa e mais uma vez com a posição dos sindicatos em não desconvocar a greve)

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CO2 Revolution planta mais de um milhão de árvores

  • Servimedia
  • 15 Novembro 2022

A CO2 Revolution cumpriu o seu objetivo de plantar um milhão e meio de árvores durante a COP27. Esta reflorestação aconteceu em Espanha.

A CO2 Revolution celebra o seu milhão e meio de árvores reflorestadas em Espanha durante a COP27, a conferência sobre alterações climáticas que alertou para a necessidade de “redobrar os compromissos climáticos” e “reduzir urgentemente as emissões de gases com efeito de estufa”, noticia a Servimedia.

De acordo com a organização, esta é “uma das maiores iniciativas de reflorestação na história recente de Espanha e uma das maiores da Europa”. A empresa, especializada em reflorestação, também gerou um stock disponível de bonus Miteco no valor de 300 mil toneladas de CO2, disponíveis para compensação.

Compensação

Ao longo dos seus cinco anos de existência, a CO2 Revolution afirmou que conseguiu realizar várias iniciativas devido ao compromisso de “sustentabilidade de grandes empresas como Iberdrola, Banco Santander, Deloitte, Mapfre, Springfield, Banco Sabadell, Alsa, Fundación Ibercaja, Axa, Grupo Barceló, entre muitas outras”.

De acordo com a empresa de reflorestação, todos estes grupos foram pioneiros na promoção ambiental e alguns acompanharam a CO2 Revolution desde o início. “O Banco Santander, Alsa e Grupo Barceló destacam a colaboração com a CO2 Revolution como uma das ações fundamentais nos seus relatórios de sustentabilidade”, afirmou a empresa.

A CO2 Revolution salientou, também, que é pioneira na regeneração verde das florestas com um método que é “revolucionário a nível mundial”. Este método combina a biotecnologia com sistemas tradicionais, o que lhe permite reflorestar grandes áreas de terra em horas e a um baixo custo.

“Um modelo integral que também permite monitorizar o crescimento do ecossistema para a sua correta manutenção. Fornece um serviço às comunidades e organizações que precisam de realizar atividades de plantação em terras degradadas ou queimadas, bem como às empresas que querem compensar a sua pegada de carbono e implementar estratégias de sustentabilidade”, explicou a empresa.

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Moedas tem 455 milhões para investimentos em Lisboa em 2023. Menos de um terço para habitação

Orçamento da Câmara de Lisboa prevê 455 milhões de euros em investimentos em 2023, dos quais 122 milhões serão aplicados na habitação.

O orçamento municipal da Câmara de Lisboa prevê 455 milhões de euros em investimentos para 2023, um aumento de 14% face a este ano. Deste montante, 122 milhões de euros, menos de um terço, serão destinados à habitação, através de medidas como a isenção de IMT para os jovens.

O investimento para 2023 prevê uma receita de 1.305 milhões de euros e uma despesa no mesmo valor, anunciou esta terça-feira o vice-presidente da autarquia, na apresentação do orçamento para 2023. Na fatia da receita, destacam-se 84 milhões de euros em taxas, multas e outras penalidades e 497 milhões de euros em impostos diretos — 272 milhões com o IMT, 126 milhões com o IMI, 81 milhões com a derrama e 18 milhões com o IUC.

O investimento aumenta, assim, 14%, passando de 399 milhões de euros este ano para um total de 455 milhões de euros em 2023, detalhou Filipe Anacoreta Correia, também responsável pelo pelouro das Finanças. Haverá ainda 414 milhões de euros até 2026 vindos do PRR — 30 milhões em 2022, 138 milhões em 2023, 100 milhões em 2024, 102 milhões em 2025 e 44 milhões em 2026.

Do total de investimento previsto para 2023, 122 milhões de euros serão canalizados para a habitação, um aumento de 40% face a 2022, sem terem sido dados mais detalhes sobre as medidas concretas, para além da isenção de IMT na compra de casa (até 250 mil euros) para os jovens até aos 35 anos.

O orçamento municipal prevê ainda 18 milhões de euros em apoios em 2023, um aumento de 20% face a este ano. Aqui, destacam-se 7,4 milhões de euros para o Fundo de Emergência Social (FES) e quatro milhões de euros para intervenção junto das pessoas sem-abrigo.

Na saúde, serão disponibilizados 1,6 milhões de euros para a criação do Plano de Saúde 65+, que abrangerá 130 mil residentes de Lisboa, com mais de 65 anos, e 5.000 beneficiários do Complemento Solidário de Idosos (CSI). Este plano inclui teleconsultas de medicina geral e familiar, assistência médica ao domicílio, transporte em ambulância, consultas de higiene oral e de optometria e fornecimento de óculos.

Tal como prometido por Carlos Moedas na sua campanha eleitoral, a Câmara vai devolver aos lisboetas 3,5% do IRS em 2023, acima dos 2,5% de 2021 e dos 3% de 2022.

Serão investidos 30 milhões de euros em novas creches e escolas e 10,5 milhões de euros em novos centros de saúde.

Na mobilidade, haverá três milhões de euros para duplicar a oferta de bicicletas Gira e estações em Lisboa: serão criadas mais 29 estações e disponibilizadas mais 1.000 bicicletas. Serão investidos 17 milhões em parques da Emel, 60 milhões na expansão da rede de elétricos da Carris e 109 milhões em 88 novos autocarros da Carris, num total de 342 até 2026.

No que diz respeito à sustentabilidade, haverá 15,8 milhões para os passes gratuitos dos idosos e dos estudantes até aos 23 anos, e ainda 134 milhões para a construção de túneis para o plano de drenagem de Lisboa.

Para a cultura há 55 milhões de euros e para a higiene urbana haverá 68 milhões de euros, através da contratação de 200 trabalhadores e 18 viaturas. Serão investidos 7,3 milhões de euros em câmaras de vigilância na cidade e haverá reforço de 50 polícias municipais e 85 bombeiros.

O orçamento municipal prevê ainda um investimento de 37 milhões de euros no Hub Azul, na Doca de Pedrouços, que será um “espaço para acolher empresas na área do mar e da biotecnologia”, e dois milhões de euros para a tão prometida Fábrica de Unicórnios.

(Notícia atualizada às 13h18 com mais informação)

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Sindicatos da banca propõem atualização salarial de 6,25% para 2023

A proposta prevê a atualização da tabela salarial, pensões de reforma e sobrevivência de 6,25%, bem como o aumento do subsídio de refeição para 14 euros por dia.

O Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) e o Sindicato Independente da Banca (SIB) já apresentaram aos bancos que celebram o Acordo Coletivo de Trabalho a sua proposta de atualização para 2023, que prevê uma atualização da tabela salarial, pensões de reforma e sobrevivência de 6,25%, bem como das demais cláusulas com expressão pecuniária e o aumento do subsídio de refeição para um valor diário de 14 euros.

Esta proposta e a respetiva fundamentação tiveram em consideração a “evolução previsível da inflação para 2023”, os “indicadores ao nível do setor bancário” e os “excelentes resultados alcançados pelos bancos, que têm vindo a anunciar lucros elevados”, justificam os dois sindicatos em comunicado.

O SNQTB e o SIB pretendem também que os ganhos de produtividade sejam repartidos de forma mais equitativa entre os acionistas e os trabalhadores.

O Grupo Negociador das Instituições de Crédito (GNIC) tem, agora, o prazo legal de 30 dias para apresentar uma contraproposta, após o qual serão iniciadas as negociações diretas.

Por outro lado, os dois sindicatos requereram a conciliação aos serviços competentes do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social no que respeita à revisão para 2022 do ACT do setor bancário, cujo processo negocial vai prosseguir nessa sede. “Não obstante e sem prejuízo da negociação para 2022 se encontrar pendente, importava que, desde já, fosse iniciado o processo de atualização para 2023 do ACT do setor bancário”, alertam os sindicatos.

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Novos créditos ao consumo avançam 13,3% em setembro para mais de 666 milhões de euros

  • Lusa
  • 15 Novembro 2022

Os montantes dos novos créditos pessoais subiram 1,3% em cadeia, para 327 milhões de euros e dos cartões e descoberto 9,1% para 117 milhões de euros.

Os novos créditos ao consumo em setembro somaram 666,62 milhões de euros, uma diminuição de 0,8% em relação ao mês anterior e um aumento de 13,3% em termos homólogos, segundo o Banco de Portugal (BdP).

De acordo com os dados provisórios divulgados esta terça-feira pelo BdP sobre a evolução dos novos créditos aos consumidores em setembro, os montantes dos novos créditos pessoais subiram 1,3% em cadeia, para 327 milhões de euros e dos cartões e descoberto 9,1% para 117 milhões de euros.

Por outro lado, o montante de novos créditos para compra de automóvel recuou 7,9% para 223 milhões de euros.

Em número, enquanto os novos créditos pessoais subiram 3,2% em setembro face a agosto para 47.734, os novos empréstimos para compra de automóvel contraíram 9,2% para 14.766 e os novos empréstimos através de cartões e descoberto diminuíram 0,6% para 71.542.

Em setembro deste ano, o número total de novos créditos concedidos aos consumidores recuou 0,3% em cadeia e avançou 9,4% em termos homólogos, para 134.042 contratos.

Deste número total de novos contratos de crédito em setembro, 5,5% (contra 5,2% em agosto e 4,0% em setembro de 2021) foram contratos subvencionados, ou seja, celebrados entre a instituição de crédito e o consumidor, mas em que parte do custo do crédito é suportada por uma entidade terceira (por exemplo, o ponto de venda onde o consumidor adquire o bem financiado).

Em proporção do montante total, estes créditos com subvenção representaram 6,6% em setembro, contra 6,6% em agosto e 6,1% em setembro de 2021.

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Siemens lança novo programa de estágios remunerados. Candidaturas estão abertas

A academia destina-se a jovens com formação superior em engenharia informática, tecnologias de informação, matemática aplicada, biomédica, engenharia eletrotécnica, engenharia mecânica ou finanças.

A Siemens Portugal acaba de lançar a primeira edição da Data & Digital Academy, um novo programa de estágios remunerados do Lisbon Tech Hub, o centro de competências internacional de tecnologias de informação que a empresa tem em Portugal. A academia destina-se a jovens com formação superior nas áreas da engenharia informática, tecnologias de informação, matemática aplicada, biomédica, data science, engenharia eletrotécnica, engenharia mecânica, finanças, entre outras. A primeira edição arranca em janeiro de 2023. Tem 12 vagas.

“Esta é uma oportunidade singular de trabalhar numa equipa criada recentemente, o que proporciona uma maior capacidade de crescimento para os estagiários”, considera Sofia Penim, responsável pelo centro de testes de software do Lisbon Tech Hub.

“Outro fator diferenciador é a integração numa área que, sendo de tecnologias de informação, está fortemente relacionada com o mundo das finanças e do financiamento de projetos dentro do universo Siemens”, acrescenta a responsável, citada em comunicado.

Nesta primeira edição, que arranca em janeiro de 2023, a Data & Digital Academy irá proporcionar um estágio remunerado de um ano a 12 jovens. As candidaturas podem ser feitas aqui, até 30 de novembro.

Após o período de seleção, os 12 talentos terão a oportunidade de passar um mês por três áreas diferentes: nuvem, inteligência artificial e gestão de dados. Posteriormente, consoante o seu perfil, cada estagiário será integrado nas equipas de uma dessas três áreas para aprofundar os seus conhecimentos e ganhar experiência.

A maioria dos participantes dos vários programas de estágios da Siemens são, posteriormente, integrados na empresa, garante a tecnológica, dando como exemplo o Finance Trainee Program, para a área financeira, a Cloud Academy ou a SAP Academy, para a área das tecnologias de informação, que têm taxas de integração superiores a 80%. No ano fiscal que terminou em setembro de 2022, a Siemens Portugal proporcionou estágios a 163 jovens.

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Preço médio semanal da ERSE cai 5,2% para gasóleo e 2,4% para gasolina

  • Lusa
  • 15 Novembro 2022

Segundo os cálculos da ERSE o preço eficiente antes de impostos será de 1,019 euros por litro para a gasolina 95 simples e de 1,195 euros por litro para o gasóleo simples, esta semana.

O preço médio semanal dos combustíveis, calculado pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), desce, esta semana, 5,2% para o gasóleo e 2,4% para a gasolina, segundo um relatório divulgado pela entidade.

Assim, de acordo com a informação do Relatório Semanal de Supervisão dos Preços de Venda ao Público, publicado na segunda-feira à noite pela ERSE, “para a semana de 14 a 20 de novembro, o Preço Eficiente antes de impostos é de 1,019 €/l [euros por litro] para a gasolina 95 simples e de 1,195 €/l para o gasóleo simples. Após impostos, o Preço Eficiente fica nos 1,856 €/l e nos 1,842 €/l, para a gasolina 95 simples e para o gasóleo simples, respetivamente”.

A ERSE revelou também que “o Preço Eficiente registou uma atualização, face à semana passada de -2,4%, para a gasolina 95 simples e de -5,2% para o gasóleo simples, tendo em conta a variação semanal das cotações internacionais da gasolina 95 simples em -4,7% e do gasóleo simples em -8,1%”.

O preço eficiente “é um preço médio semanal determinado pela ERSE e resulta da soma das seguintes componentes: os preços dos combustíveis nos mercados internacionais de referência e os respetivos fretes marítimos, a logística primária, incluindo nesta parcela as reservas estratégicas e de segurança do Sistema Petrolífero Nacional, os sobrecustos com a incorporação de biocombustíveis e a componente de retalho acrescida dos impostos respetivos”, segundo a ERSE.

Por outro lado, relativamente à semana anterior (07 a 13 de novembro), “verificou-se que a média dos Preços de Venda ao Público anunciados nos pórticos, e reportada no Balcão Único da Energia, esteve 2,8 cent/l [cêntimos por litro] abaixo do Preço Eficiente, dessa semana, no caso da gasolina 95 simples, e 0,2 cent/l, acima no caso do gasóleo simples”.

Ou seja, indicou o regulador, “em termos percentuais, a gasolina 95 simples foi anunciada nos pórticos 1,5% abaixo do Preço Eficiente e o gasóleo simples foi anunciado 0,1% acima do Preço Eficiente”.

A entidade destacou que, “relativamente à semana anterior”, no que respeita aos preços com descontos que são preços médios publicados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), “a gasolina 95 simples apresentou um desvio de – 4,1% face ao Preço Eficiente e o gasóleo simples de – 6,5%”.

Assim, “em termos absolutos, estas estimativas situam-se, para a gasolina 95 simples, em – 7,8 cent/l, e para o gasóleo simples, em – 11,9 cent/l, abaixo dos respetivos Preços Eficientes”.

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