Mais de metade dos cargos de RH são ocupados por mulheres. Mas homens continuam a ter os salários mais altos

A disparidade salarial está presente no setor, que, ao mesmo tempo, avança na digitalização e teletrabalho. O equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal é o benefício mais valorizado.

São ainda precisos mais de 2.000 anos para o problema da desigualdade salarial no mundo chegar ao fim, segundo os cálculos do World Economic Forum. Portugal revela também relevantes disparidades salariais, e a área dos recursos humanos não deixa lugar para dúvidas: apesar de a maioria dos cargos ser ocupada por mulheres, os homens continuam a ter os salários mais elevados. Work-life balance é o benefício mais valorizado pelos profissionais e a digitalização do setor tem sido uma prioridade nas empresas, situando-se 84%. Ainda assim abaixo dos restantes países europeus, revela o “Estudo de RH 2021” realizado pela Factorial.

“O nosso país apresenta relevantes disparidades salariais entre géneros. 63% dos cargos de RH são ocupados por mulheres, mas são os homens quem recebe melhor, em todos os cargos e faixas salariais”, revela a empresa, citada em comunicado.

Já no que toca aos benefícios, o mais valorizado neste momento, em todos os países inquiridos pela empresa de software para a gestão de recursos humanos, é a possibilidade de conciliar a vida profissional com a vida pessoal. A flexibilidade de horário é uma das tendências identificadas no estudo, a par da personalização da gestão de pessoas.

“É possível entender que as mudanças na forma de trabalhar conduziram a melhorias significativas na vida dos colaboradores. Em Portugal como na maioria dos países, o teletrabalho melhorou o bem-estar dos colaboradores, conseguindo-se um maior equilíbrio entre trabalho e família e uma maior flexibilidade de horários”, fundamenta a Factorial.

Ainda assim, a incerteza relacionada com a pandemia levou ao aumento do stress das equipas, sendo a saúde mental dos colaboradores encarada como o grande desafio para 2022. O tema não pode passar ao lado dos decisores e pode influenciar significativamente a própria produtividade do negócio. Mais de 20% dos inquiridos portugueses dizem que, desde o início da pandemia, a sua produtividade foi afetada pelo stress, e 16% acredita que as empresas ainda não colocam a redução do nível de stress como uma prioridade. Apenas 10% refere que a sua organização implementou medidas para combater este fenómeno.

Em 2021, a gestão de talento em Portugal manteve-se estável: a taxa de rotatividade nas empresas estabilizou nos 55%, os onboardings subiram cerca de 29% e os offboardings diminuíram cerca de 24%. Contudo, o nosso país apresenta ainda relevantes disparidades salariais entre géneros. Apesar de cerca de 63% dos cargos de RH serem ocupados por mulheres, são os homens quem recebe melhores salários, em todos os cargos e em todas as faixas salariais.

Digitalização: menor impacto, mas maior potencial

Com a flexibilidade e o trabalho remoto, a transformação digital do setor acabou por levar um valente “empurrão”. A maioria das empresas portuguesas já recorre a softwares especializados para a gestão de RH, como por exemplo para os recibos de vencimento (66%), o controlo horário (58%) e a gestão de férias e ausências (51%). Ainda assim, apesar de a digitalização do setor dos recursos humanos e o teletrabalho serem já uma tendência em Portugal, situando-se acima dos 84%, o país fica ainda abaixo dos valores registados nos restantes países europeus.

“O nível de digitalização do setor dos RH em Portugal é bastante significativo: está nos 84,2%. Contudo, ainda é ultrapassado por grande parte dos países europeus, como o Reino Unido (96%), a Alemanha (94%), Espanha e França (ambos 91%); sendo equiparável apenas ao da Itália (84%)”, revela o estudo.

Contudo, o ritmo de digitalização de Portugal é “muito promissor” em termos laborais, e o salto para o cenário digital é cada vez mais percetível: 46% dos colaboradores nacionais reconhecem ter aumentado a produtividade graças ao teletrabalho; e 74% valoriza o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal que agora consegue ter.

Já na América Latina, países como a Argentina, Colômbia, México e Brasil apresentam níveis de digitalização que variam entre os 70% e os 80%, demonstrando que seguem ritmos diferentes da Europa, mas também com uma clara tendência para o teletrabalho e a digitalização dos RH.

Em contrapartida, os Estados Unidos, com quase 300 milhões de utilizadores conectados à Internet, apresentam uma digitalização na ordem dos 90%.

Este estudo envolveu mais de 4.000 organizações, incluindo pequenas e médias empresas de diferentes setores e mais de 700 profissionais de RH de 11 países diferentes (Portugal, Alemanha, Argentina, Brasil, Colômbia, Espanha, Estados Unidos da América, França, Itália, México e Reino Unido).

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