Portugal deixa de ter obrigações com juros negativos
Taxas da dívida a dois anos inverteram esta quarta-feira para valores positivos e com isso Portugal deixou de ter obrigações com juros negativos no mercado secundário.
Portugal deixou esta quarta-feira de ter obrigações a negociarem com juros negativos em mercado secundário, após a taxa no prazo a dois anos ter invertido para valores positivos. Isto acontece num dia de alta pressão sobre a dívida da Zona Euro, depois de conhecidos dados da inflação em Espanha e Alemanha, com os analistas a falarem em “pânico” nos mercados obrigacionistas.
A yield associada aos títulos portugueses a dois anos salta dos -0,114% com que fechou a sessão desta terça-feira para os 0,018% ao início da tarde. Desde abril de 2020, ainda nas primeiras semanas da pandemia mundial de Covid-19, que não estava em terreno positivo.
Já ontem [terça-feira] tinham sido as obrigações com o prazo a três anos a assumirem taxas com valores positivos: o juro passou dos -0,027% na segunda-feira para os 0,124% esta quarta-feira, para máximos de quase dois anos.
Com isto, as linhas de obrigações do Tesouro de Portugal passam todas a ter valores positivos – também há dívida com prazo abaixo de dois anos, mas estamos a falar de Bilhetes do Tesouro com prazos entre três meses e 12 meses.
Ainda que a subida dos juros em mercado secundário não se traduzam em aumentos dos custos de financiamento para o Estado, vai refletir-se nas próximas operações de financiamento do IGCP junto dos investidores. A subida é explicada sobretudo com a aceleração da inflação e com a inversão da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) para lidar com a escalada dos preços.
Taxa a dois anos acelera
Fonte: Reuters
Pânico no mercado, dizem analistas
O dia marcado pela aceleração dos juros da dívida portuguesa em todos os prazos. A taxa portuguesa a dez anos está praticamente nos 1,5% e em máximos de mais de três anos. E também os juros da dívida dos governos da Zona Euro estão sob pressão, com foco na dívida espanhola e alemã, depois de conhecidos os dados da inflação.
A inflação em Espanha disparou para 9,8% em março, a taxa mais elevada desde 1988, enquanto dados de cinco estados germânicos sugerem que a inflação no país tenha ficado acima de 7% em março, o valor mais elevado em quatro décadas. Estes registos aumentam as expectativas de que o BCE comece a subir os seus juros mais cedo.
A taxa espanhola a dez anos sobe para máximos desde novembro de 2018, nos 1,539%, depois de se saber que a inflação no país disparou para 9,8% em março. Já Itália atinge um máximo desde março de 2020, nos 2,172%.
No que diz respeito à dívida da Alemanha, que é a referência para os investidores, a taxa associada aos títulos a dez anos saltou para os 0,682%, um nível que já não atingia há mais de quatro anos.
“Temos grandes números da inflação em Espanha e em algumas partes da Alemanha, que é algo que as pessoas não estavam a prever há dois ou três meses. É difícil prever coisas no curto prazo e é por isso que temos pânico nas yields e é difícil de ver onde as taxas vão parar”, admite Ludovic Colin, da Vontobel, citado pela agência Reuters.
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