Banco BPM compra a parte da Covéa em negócio conjunto de seguros
Anunciada a transação, parece abrir-se corrida pela compra do negócio segurador do 3º maior banco italiano. Crédit Agricole e AXA são apontados como potenciais interessados.
O Banco BPM, entidade nascida em 2017 da fusão entre Banco Popolare e o Banca Popolare di Milano, exerceu opção de compra de 81% que a francesa Covéa detinha em negócio conjunto (jv–joint venture) de seguros de Vida (Bipiemme Vita) por um montante de 310 milhões de euros, revelou a instituição italiana em comunicado.
Antecipando exercício do direito de aquisição da parte que não lhe pertencia nesta jv, uma opção prevista para final de 2023, o banco italiano cumpre objetivo de reorganizar as áreas de gestão de ativos e crédito ao consumo e de deter maioritariamente o negócio segurador, para ter controlo dos lucros. Após a conclusão da transação, o Banco BPM ainda contabilizará um dividendo especial de 120 milhões de euros vindos da seguradora onde passa a ser maioritário, desenvolve o comunicado.
A transação, que está sujeita à aprovação das autoridades italianas e que a mútua francesa espera para julho de 2022, espelha a estratégia da Covéa de reorientar a maior parte das suas atividades internacionais em torno da Covéa Insurance, no Reino Unido, e fazer do resseguro (através da recentemente adquirida Partner Re) a principal alavanca de desenvolvimento industrial no estrangeiro, explica por seu lado a seguradora francesa. Ao longo dos dez anos da parceria, a colaboração Covéa-Banco BPM permitiu um desenvolvimento significativo de atividades, que totalizaram cerca de 912 milhões de euros de volume de negócios em 2021, ou seja, um crescimento de 73% desde 2011.
Entretanto, depois de em março ter sido notificada (pela Covéa Coopérations) sobre a projetada aquisição da PartnerRe Ltd, companhia internacional de resseguro sediada na Bermuda e até então detida pela Exor NV (holdng da família Agnelli), a Comissão Europeia decidiu dar luz verde à aquisição, após um procedimento simplificado de análise a operações de concentração.
A Covéa – que em França consolida entre outras as seguradoras Maaf, MMA e a GMF – contabilizou 19,06 mil milhões de euros em volume de prémios adquiridos em 2021 (+14,7% do que em 2020), sendo que 10% do valor foi gerado no negócio internacional, revelam números da mutualista presidida por Thierry Derez, sem detalhe sobre repartição geográfica da receita internacional.
Potenciais interessados na compra do negócio segurador do Banco BPM
Terceiro maior grupo bancário em Itália, o Banco BPM passou a ter o Crédit Agricole na sua estrutura acionista há pouco mais de uma semana. O grupo francês que opera em seguros através da CA Assurances (presente em Portugal através da ex-GNB Seguros, agora Mudum), adquiriu 9,18% do capital do Banco BPM, tornando-se maior acionista da entidade italiana num movimento explicado sobretudo pelo interesse na área de crédito ao consumo.
Com a entrada do Agricole no Banco BPM voltaram rumores sobre possível venda ou fusão de atividades do grupo italiano. Segundo fontes da Bloomberg, a AXA colocou-se na corrida e estará em negociações preliminares para aquisição das operações de seguros do BPM, avaliadas em 1,5 mil milhões de euros. A imprensa francesa adianta também que, prevenindo investidas de eventuais concorrentes, o Crédit Agricole já terá assumido a dianteira na corrida, com aquisição dos 9,18% de capital que comprou através de operações no mercado e de um lote transacionado junto de um investidor internacional de primeira ordem.
Um ano depois de ter acordado a compra do banco regional Credito Valtellinese (Creval), por 855 milhões de euros, o Agricole olha para a Itália, onde gera cerca de 15% da receita anual, como um segundo mercado doméstico. O seu novo participado (Banco BPM) conta quatro milhões de clientes, uma rede de 1 400 balcões e emprega cerca de 22 mil pessoas.
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