“Somos quase todos ucranianos”, corrige Marcelo por causa do PCP
Presidente da República desvaloriza ausência do PCP na sessão parlamentar com Zelensky, notando que “a maioria esmagadora” do povo concorda que “neste momento, a luta dos ucranianos é uma luta nossa".
O Presidente da Ucrânia discursou esta semana, por videochamada, numa sessão solene na Assembleia da República, em que aproveitou para apelar a Portugal para que apoie o reforço de sanções à Rússia, nomeadamente no embargo ao petróleo vendido pelo país. O PCP foi o único partido com assento parlamentar a opor-se a esta iniciativa e não se fez representar no hemiciclo.
Questionado este sábado sobre essa ausência e as críticas posteriores feitas pelos comunistas ao líder ucraniano, nomeadamente pela referência “insultuosa” feita ao 25 de abril, Marcelo Rebelo de Sousa desvalorizou e fez apenas uma ressalva. “Subscrevi o convite dirigido ao presidente Zelensky, estive presente, aplaudi a mensagem, nela aplaudindo o povo ucraniano. A Assembleia da República não tomou certamente esta iniciativa para olhar apenas para um homem, por muito importante e decisivo que ele seja, mas para o povo”, referiu,
“Foi essa a minha posição na nota que fiz publicar [no site da Presidência] e em que disse ‘somos todos ucranianos’. Se quiser, posso corrigir e dizer: ‘somos quase todos ucranianos’. Há alguns que não são. Mas a maioria esmagadora dos portugueses pensa aquilo que pensa o Presidente da República, a Assembleia da República na sua esmagadora maioria, e que pensa o primeiro-ministro e o Governo. Neste momento, a luta dos ucranianos é uma luta nossa, dos portugueses”, resumiu o chefe de Estado.
Em declarações aos jornalistas, transmitidas pela CMTV depois de ter inaugurado o refeitório social “Senta.Com”, uma parceria entre a Câmara Municipal e a Santa Casa da Misericórdia de São João da Madeira, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que “o presente é difícil”, numa referência aos impactos da guerra provocada pela Rússia, depois de lhe perguntarem se o futuro será negro.
"Governos estão a tentar encontrar medidas para o curto prazo. Se a guerra demorar muito tempo, isso significa que o curto prazo se transforma em menos curto prazo e os custos são maiores para todos.”
O presidente da República assinalou a “dependência grande” que vários países têm do gás russo, o que faz com que seja “difícil substituir” esse fornecimento, e o aumento dos preços da energia que estão a pressionar a subida da inflação, “que já vinha da pandemia”, sobretudo no espaço europeu. “Os governos estão a tentar encontrar medidas para o curto prazo. Obviamente, se a guerra demorar muito tempo, isso significa que o curto prazo se transforma em menos curto prazo e os custos são maiores para todos”, completou.
Saudando a “nova fase” em que deixou de ser obrigatório o uso de máscara, exceto nos transportes, nos hospitais, nas farmácias ou nos lares de idosos, Marcelo apelou ainda à continuação do diálogo entre o Governo e os municípios no que toca ao processo de descentralização, que já levou o município do Porto a votar favoravelmente a saída da Associação Nacional de Municípios (ANMP). O Presidente lembrou que “se funcionar bem a descentralização, quer dizer que as pessoas de carne e osso são beneficiadas por ela; se for complicado, quem sai prejudicado são as pessoas”.
Finalmente, Marcelo Rebelo de Sousa expressou ainda o voto de que as deslocações, agendadas para a próxima semana, do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a Moscovo (dia 26) e a Kiev (dia 28 de abril), possam permitir a abertura de um caminho que conduza à paz”. “E que conduza à paz mais depressa do que devagar”, finalizou.
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