Confinamentos da Covid-19 podem ter causado vaga de hepatite em crianças
A falta de exposição a um vírus comum durante as restrições à Covid-19 pode estar por detrás do surto de casos de hepatite em crianças pequenas, segundo especialistas britânicos.
Os confinamentos durante a pandemia de Covid-19 fecharam as pessoas nos seus lares, deixando-as, consequentemente, mais isoladas a vírus comuns. Esta falta de exposição a um vírus comum pode explicar o atual surto de casos de hepatite em crianças, já detetados em 12 países, sobretudo no Reino Unido.
As autoridades sanitárias estão a investigar o aumento de casos que levaram a que mais de 100 crianças britânicas necessitassem de cuidados hospitalares, 10 das quais tiveram de realizar um transplante de fígado. Até ao último domingo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já tinha detetado 114 casos só no Reino Unido, a maioria entre crianças com idade inferior a cinco anos.
A investigação centra-se num vírus comum chamado adenovírus, identificado em quase metade dos casos a nível mundial e que provoca geralmente sintomas ligeiros, como dores de estômago e constipações.
“As informações recolhidas através das nossas investigações sugerem cada vez mais que este súbito aumento de [casos de] hepatite em crianças está ligado à infeção por adenovírus. No entanto, estamos a investigar exaustivamente outras causas potenciais”, afirmou a diretora de infeções clínicas e emergentes na Health Security Agency do Reino Unido (UKHSA, na sigla em inglês), Meera Chand, citada pela Bloomberg.
Designadamente para os casos em que se observam doenças mais graves, foi levantada uma nova hipótese que, segundo a UKHSA, será causada pela “suscetibilidade, por exemplo, devido à falta de exposição prévia durante a pandemia”.
Dados do Serviço Nacional de Saúde britânico revelam que os vírus comuns que circulam em crianças são atualmente mais elevados do que nos anos anteriores, verificando-se um aumento acentuado de adenovírus, particularmente no grupo etário de um a quatro anos, disse a UKHSA.
Outras hipóteses sob investigação incluem se uma infeção anterior por Covid-19 seguida de uma infeção por adenovírus poderá levar a casos mais graves ou a co-infeção com os dois vírus, como também uma possível nova variante do adenovírus, uma potencial exposição a drogas, toxinas ou fatores ambientais, um novo tipo de infeção ou uma nova variante do vírus que provoca o SARS-CoV-2.
A vacina contra a Covid-19 não será um fator, uma vez que nenhum dos casos investigados até agora foi vacinado. A própria OMS, aliás, também descartou para já que se possa tratar de efeitos secundários da vacina.
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