Alterações climáticas podem cortar PIB per capita em 2,5% até 2050, diz CFP
CFP alerta que Portugal está numa posição "vulnerável" quanto aos riscos das alterações climáticas e que cumprimento do Acordo de Paris pode não ser suficiente para mitigar efeitos.
A posição “vulnerável” de Portugal aos elevados riscos das alterações climáticas poderá traduzir-se num impacto negativo de até 1,2 % no PIB e 2,5% no PIB per capita. O alerta é feito esta quinta-feira pelo Conselho de Finanças Públicas (CFP) numa análise à atual evolução das emissões nacionais de gases de efeito de estufa (GEE) onde é explicado que Portugal está numa posição mais “vulnerável” aos riscos das alterações climáticas quando comparado com os restantes países europeus.
A entidade liderada por Nazaré Costa Cabral alerta, no mesmo documento, que o cumprimento do Acordo de Paris não será suficiente para mitigar os efeitos negativos e antecipa um impacto negativo de 0,2% no PIB per capita ou de 0,4% no PIB até 2050, face a um cenário sem alterações climáticas. Num cenário mais severo, de um aumento da temperatura de 3,2 graus Celsius até 2050, o impacto estimado situa-se entre -1,2% no PIB e -2,5% no PIB per capita face a um cenário sem alterações climáticas.
“Portugal encontra-se numa posição relativamente vulnerável em termos de exposição aos riscos físicos quando comparado com outros países europeus”, nomeadamente, devido à exposição ao risco de escassez de recursos de água, fogos florestais e vagas de calor, explica a CFP.
Quanto aos efeitos macroeconómicos que as alterações climáticas podem ter a nível nacional, a entidade admite serem de “difícil modelação” uma vez que estão “envoltos em elevada incerteza”.
Apesar de estarem em curso várias medidas de mitigação e de adaptação e que têm em vista atingir a neutralidade carbónica, a CFP frisa ser “evidente” a necessidade de “melhor articulação entre os vários instrumentos”. Na mesma nota da autoria de Erica Marujo, Nuno Gonçalves e Rui Dias, é feito um apelo para que seja desenvolvida a dimensão financeira “de forma a garantir uma maior transparência dos processos inerentes e assegurar a concretização das metas acordadas”.
Além desta recomendação, os responsáveis sublinham que o cumprimento do Acordo de Paris não será suficiente a menos que sejam adotadas medidas de mitigação e adaptação adequadas para limitar os efeitos macroeconómicos adversos das mudanças climáticas “num horizonte relativamente curto”.
“O papel preponderante da dimensão climática na formulação das políticas económicas e orçamentais no curto, médio e longo prazo torna impreterível a inclusão da dimensão climática nas projeções macro-orçamentais nos documentos de programação orçamental”, acrescenta a análise.
Quanto ao Roteiro Nacional para a Neutralidade Carbónica 2050, este prevê um investimento adicional necessário para a neutralidade carbónica em Portugal, de 2016 a 2050, em cerca de 1,2% do PIB por ano. No entanto, aponta o CFP, não se conhecem estimativas globais quanto aos custos associados a medidas de adaptação, ainda que sejam identificados como “elevados” em vários documentos.
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