Recessão em Portugal menos provável do que na média europeia, diz Constâncio
A recuperação do turismo nacional pode “facilitar a que se possa evitar” uma recessão no país, disse ainda o antigo vice-presidente do Banco Central Europeu.
O ex-ministro das Finanças Vítor Constâncio defendeu esta segunda-feira que uma recessão em Portugal será menos provável do que na média europeia, justificando que o centro da Europa será mais afetado devido à sua maior dependência do gás russo.
“Se a recessão, quer nos Estados Unidos quer na Europa, for suave, é possível que vários países [como Portugal] escapem a uma descida suave do PIB (Produto Interno Bruto)”, afirmou o antigo vice-presidente do Banco Central Europeu, no encontro sobre as alterações fiscais do Orçamento do Estado para este ano, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Vítor Constâncio disse também que a recuperação do turismo nacional pode “facilitar a que se possa evitar” uma recessão no país, justificando que os efeitos da guerra na Ucrânia são maiores para países do centro da Europa, como a Alemanha.
O antigo ministro das Finanças disse ser “óbvio” que devido a uma inflação este ano superior à prevista significa que vai haver mais receita do que a orçamentada, nomeadamente em impostos indiretos como o IVA, que é uma percentagem em relação aos preços e que, por isso, acompanha a evolução da inflação. “Se o orçamento for cumprido na parte das despesas, se não houver razões para aumentar as despesas, é obvio que as receitas serão mais altas do que as que estão orçamentadas e haverá um défice menor”, frisou.
No evento, organizado pela sociedade de advogados RFF & Associados, Rogério Fernandes Ferreira falou sobre a contribuição especial para a conservação dos recursos florestais, a denominada “taxa das celuloses” criada em 2020 e que aguarda ser regulamentada. “Preparem-se portanto que, em momentos em que é difícil politicamente apresentar agravamento dos impostos tradicionais, há esta via indireta de criar outro tipo de receitas“, avisou o sócio e fundador da RFF.
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