Payflow entra em Portugal com serviço de salários “à la carte”. Quer investir 1,5 milhões até final de 2023
A solução de HR tech apresentada pela startup espanhola permite aos trabalhadores receberem parcelas de salário que lhes são devidas pelo seu trabalho sem terem de esperar pelo final do mês.
A fintech espanhola Payflow, que permite às empresas oferecerem a remuneração aos seus colaboradores quando lhes for mais conveniente, acaba de lançar os seus serviços de salários à la carte em Portugal. Empresas do grupo Lanidor e o grupo hoteleiro Dorisol estão entre os primeiros clientes em Portugal a permitir que os colaboradores recebam o salário quando lhes for mais conveniente e sem terem de esperar pelo final de cada mês, via Payflow. O objetivo é alcançar as 50 empresas e os dez mil colaboradores a usarem a solução até ao final do ano. O investimento no mercado nacional será de 300 mil euros até ao final deste ano, e cinco vezes mais no próximo ano, isto é 1,5 milhões de euros. Plano de expansão em Portugal prevê a contratação de talento na área das vendas e operações.
“A Payflow tinha já muitos clientes nesse mercado que também estão presentes em Portugal. O mercado português é um território interessante para a Payflow porque, assim, estabelece presença em toda a Península Ibérica. Além disso, é um país onde os salários são relativamente baixos, considerando o custo de vida. Sabemos que a aplicação pode ser uma mais-valia para os trabalhadores e que terá muita adesão”, justifica Afonso Anjos, country manager da Payflow para o mercado nacional, à Pessoas.
A entrada no mercado português faz parte da estratégia de expansão da empresa, que já está em mercados como Espanha, Itália, Colômbia e Peru, na sequência da ronda Série A de 9,1 milhões de dólares, anunciada em janeiro deste ano, e em que participaram investidores como o Y Combinator (Dropbox e Airbnb), Rocket Internet (Delivery Hero e Hellofresh) e Seaya Ventures (Glovo e Cabify).
Empresas do grupo Lanidor, com cerca de 500 trabalhadores, ou o grupo hoteleiro Dorisol, com cerca de 200 colaboradores, estão entre os primeiros clientes em Portugal, mas a ambição é fazer crescer a operação.
Até ao final do ano, a startup sediada em Madrid espera que, pelo menos, 50 empresas e dez mil colaboradores em Portugal usem a sua solução, e, até final de 2023, 250 empresas e 100 mil trabalhadores.
Para a sua equipa, que conta atualmente com mais de 60 pessoas, de 18 nacionalidades diferentes, a Payflow prefere não avançar números em concreto. “Os planos de expansão em Portugal preveem a contratação de talento na área das vendas e operações, à medida a que o nosso crescimento acontecer”, afirma.
Salários on-demand
A solução da startup permite às empresas pagarem o salário aos seus colaboradores à medida que o mês avança, e de acordo com as suas necessidades particulares, sem que sejam penalizados por isso. Na prática, esta solução permite aos trabalhadores receberem parcelas de salário que lhes são devidas pelo seu trabalho sem terem de esperar pelo final do mês.
“No fundo, o que permitimos é que os colaboradores tenham acesso ao dinheiro pelo qual já trabalharam, em qualquer altura do mês. As empresas pagam a 30 dias por três questões essenciais: fundo de maneio, organização interna e trabalho associado ao processamento de salários. A Payflow simplifica todo este processo e permite a qualquer empresa oferecer a possibilidade de receber o seu salário à la carte, um benefício totalmente gratuito para os colaboradores”, explica Afonso Anjos.
Não gostamos de lhes chamar adiantamento pela má conotação que, por vezes, a palavra traz, e também por ser associada ao crédito (…) Há muita vergonha, por parte dos trabalhadores, em assumir perante os seus superiores que precisam de um adiantamento. E, apesar de, em casos extremos, o pedirem, muitas vezes passam o mês mais focados em arranjar dinheiro para pagar uma conta inesperada do que, propriamente, no trabalho.
“Não gostamos de lhes chamar adiantamento pela má conotação que, por vezes, a palavra traz, e também por ser associada ao crédito”, salienta. Assim, a Payflow acredita que a sua solução de HR tech ajuda, também, a combater um estigma.
“Há muita vergonha, por parte dos trabalhadores, em assumir perante os seus superiores que precisam de um adiantamento. E, apesar de, em casos extremos, o pedirem, muitas vezes passam o mês mais focados em arranjar dinheiro para pagar uma conta inesperada do que, propriamente, no trabalho. A Payflow, neste âmbito, melhora também a performance geral das equipas.”
Às empresas é cobrada, por sua vez, uma taxa fixa pelo acesso à solução. A maior parte das organizações que já usam Payflow escolhem ter um limite de salário à la carte de cerca de 50% do salário, o que garante aos colaboradores receberem sempre metade da remuneração no final do mês.
“Isso permite-lhes ter dinheiro guardado para a renda ou outras despesas mensais essenciais. Ao mesmo tempo, por ser uma solução que promove o bem-estar financeiro, oferece o salário como benefício social e desencoraja a procura de soluções que tragam stress financeiro e endividamentos formais ou informais”, considera Avinash Sukwani, cofundador da Payflow.
Afonso Anjos acredita que a utilização desta solução melhora o recrutamento e reduz a rotatividade nas empresas. De acordo com dados da startup espanhola, as empresas que usam a sua solução contratam 27% mais rapidamente e registam uma redução média de rotatividade na ordem dos 21%.
“Reduzimos muito o trabalho das equipas de recursos humanos, que deixam de ter de se preocupar com o processamento de adiantamentos ao longo do mês, reduzindo também o trabalho de recrutamento, manutenção de trabalhadores e, consequentemente, toda a carga associada a novas contratações e despedimentos. A nossa solução também não afeta o fluxo de caixa das empresas no processo de salários à la carte“, complementa.
Fundada em 2020, em Barcelona, a Payflow conta com cerca de 350 empresas no mercado espanhol, proporcionando salário on-demand a mais de 175 mil utilizadores.
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