Onda de despedimentos nas tech chega à unicórnio Talkdesk
Unicórnio fundada por Tiago Paiva fala de um impacto de "um dígito percentual no número de colaboradores a nível mundial". O que poderá significar a saída de até menos de 200 pessoas.
A Talkdesk está a reduzir o seu número de colaboradores em todo o mundo de modo a alinhar recursos com “as prioridades da empresa” e com o “contexto económico”. As saídas representam “apenas um dígito percentual no número de colaboradores a nível mundial“, garante a ‘unicórnio’. A Talkdesk tem cerca de 2.100 colaboradores a nível mundial, o que poderá significar a saída de até menos de 200 pessoas. Depois da Remote, é a segunda startup unicórnio com ADN português a reestruturar a equipa.
“As mudanças na equipa em Portugal e noutras regiões foram realizadas com o objetivo de melhor alinhar recursos com as prioridades da empresa e com o contexto económico, o que inclui reduções baseadas no desempenho e no nível de contribuição”, justifica fonte oficial da empresa, quando contactada pela Pessoas com a informação de que a empresa tinha em curso uma redução de pessoal.
“As saídas representam um baixo impacto de apenas um dígito percentual no número de colaboradores a nível mundial – continuamos com mais de 1.000 profissionais baseados em Portugal e estamos profundamente orgulhosos da sua contribuição. O negócio da Talkdesk continua forte, com o crescimento da procura no setor”, continua.
No LinkedIn surgem vários testemunhos de ex-funcionários, quase todos da área de Recursos Humanos (RH) e localizados nos Estados Unidos, dando conta de terem sido abrangidos pelos lay-offs a decorrer na companhia e os mais recentes falam mesmo de “uma segunda ronda de lay-offs“.
Quantos ao certo foram abrangidos por esta medida a empresa não precisa, apenas que tem um impacto de um dígito percentual. A empresa tem cerca de 2.100 pessoas a nível global, o que poderá significar a redução de entre 21 e menos 200 pessoas a nível global.
Inverno nas tech a chegar
Depois de Remote – que reduziu cerca de 100 colaboradores em todo o mundo, incluindo Portugal – é o segundo unicórnio com cores nacionais a fazer um movimento de reajuste, numa altura em que a situação económica mundial está a levar os fundos de investimento a fechar as torneiras, obrigando as startups a esticar as rondas de investimento, a abrandar nas contratações ou a reduzir equipas.
Há um ano – na sua última ronda de investimento em agosto –, a Talkdesk tinha levantado 230 milhões de dólares, numa série D, elevando a sua valorização para mais de 10 mil milhões de dólares, a primeira startup nacional a atingir este patamar.
A falta de liquidez nos mercados internacionais está a ter impacto no mercado nacional. Tecnológicas como a Klarna – que admite abrandar os planos para o hub em Portugal, para onde contava contratar 500 pessoas nos próximos anos, depois de despedir 10% da equipa – ou a decacórnio turca de entregas ultra-rápidas Getir – que está a fazer “ajustes” à operação, com fecho de dark stores e redução de entre 20-30% da equipa de lojas e entregas – são algumas das já afetadas. Presente em Lisboa, a Bolt Market, por exemplo, decidiu igualmente suspender a expansão do serviço de entregas para outras zonas do país, poucos meses depois de entrar no mercado nacional com ambições de crescimento.
Reorganizações transversais no ecossistema e que não passam apenas pelas startup ‘unicórnio’. A Rows, startup que desenvolve folhas de cálculo em cloud, “no início de julho, executou uma redução de 18 pessoas, em Portugal, Alemanha, e outros quadros internacionais em trabalho remoto“, confirmou Humberto Ayres Pereira, cofundador da Rows, à Pessoas/ECO.
“Em Portugal, todas as reduções foram concretizadas com acordos, ou por conclusão de contrato durante o período experimental. Todas as contratações em Portugal são feitas com contratos sem termo. Não houve despedimentos coletivos nem extinção de posto de trabalho. Todas as reduções foram comunicadas individualmente”, clarifica.
“O mercado de capitais público e privado está agitado e isso requer um foco redobrado na prudência do orçamento. Isto contrasta com um clima de investimentos a crescer muito rápido, como até 2022. As razões, algumas das quais estão interligadas, são os efeitos da pandemia, a guerra na Ucrânia e as taxas de inflação”, justifica o CEO da Rows.
“A lógica de investimento em tecnológicas continua igual – o futuro passa por mais digitalização. Por isso, e com este ajuste, o nosso projeto segue com mais certezas e mais ancorado no que o mercado está a pedir”, conclui.
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