Clara Raposo vai ser a nova vice-governadora do Banco de Portugal
A presidente do ISEG está prestes a entrar na equipa de Mário Centeno, como vice-governadora, tal como Máximo dos Santos, que deverá ser reconduzido no cargo.
Três anos depois da saída de Elisa Ferreira, rumo a Bruxelas, o Banco de Portugal vai ter uma nova vice-governadora. A presidente do ISEG, Clara Raposo, vai entrar no conselho de administração do supervisor, apurou o ECO junto de duas fontes diferentes. A professora estava indicada para o conselho de administração do BCP, como não executiva, soube-se esta semana que o seu nome não chegou a ser proposto ao BCE, mas o comunicado do banco omitiu as razões desta indisponibilidade, referindo apenas motivos “pessoais”. A indicação para o Banco de Portugal é, afinal, o verdadeiro motivo.
Licenciada em Economia na Universidade Nova de Lisboa, com mestrado na Universidade de Londres e doutoramento na London Business School, Clara Raposo teve uma experiência profissional muito próxima do mundo académico, primeiro no ISCTE e depois no ISEG. Em 2018 chegou a presidente do ISEG, onde já era Professora Catedrática de Finanças no Departamento de Gestão há oito anos.
Aos 51 anos, Clara Raposo está ligada à gestão de várias empresas. Neste momento, é presidente do conselho de administração da Greenvolt (2021-23) e membro não executivo do conselho da Nos. Antes, foi administradora não executiva da Interbolsa, membro da direção do Instituto Português de Corporate Governance (2019-2021) e estava indicada para a administração do Millennium BCP. O ECO questionou o Ministério das Finanças sobre esta indicação para o Banco de Portugal — da responsabilidade do ministro Fernando Medina –, mas não obteve qualquer resposta até à publicação desta notícia.
Mulher do atual presidente da Infraestruturas de Portugal e ex-secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz , Clara Raposo tem de ser ouvida na comissão do orçamento e finanças da Assembleia da República, condição para a formalização da sua nomeação como vice-governadora.
A pouco e pouco, o ministério das Finanças começa a preencher os lugares vagos nos supervisores financeiros. No caso do Banco de Portugal, só Mário Centeno (nomeado em 2020 para governador) e Hélder Rosalino (reconduzido no ano passado) têm um mandato para lá deste ano. O conselho de administração do BdP pode ter até oito membros – governador, um ou dois vice-governadores e três a cinco administradores – e assegurar a representação mínima de 40% de cada um dos sexos, que de resto hoje não é cumprida.
Um dos cargos de vice-governador estava à espera de uma nomeação desde que Elisa Ferreira saiu para comissária europeia em 2019. O mandato do outro vice-governador, Máximo dos Santos, terminou em junho ano passado e o mais provável é a sua recondução, revela outra fonte governamental ao ECO.
Já o mandato de outros dois administradores do BdP – Luís Laginha de Sousa e Ana Paula Serra – termina este mês de setembro. Ana Paula Serra, segundo uma notícia do Expresso de maio, já terá anunciado a Fernando Medina que não está disponível para um novo mandato. Mesmo com a entrada de Clara Raposo, ficam ainda a faltar várias nomeações para completar o conselho de administração do BdP.
Entre os outros supervisores financeiros, faltam ainda as nomeações para a CMVM. O presidente do ‘polícia das bolsas’, Gabriel Bernardino, está demissionário desde o final de março, após ter renunciado ao cargo devido a problemas de saúde. O conselho de administração do regulador do mercado ainda tem mais duas vagas: o cargo de vice-presidente continua vazio, depois da saída de Filomena Oliveira em 2019, e ainda há outro lugar de administrador por ocupar.
No regulador dos seguros, Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), a administração foi fechada e reforçada, com a nomeação este ano de Diogo Alarcão e Adelaide Cavaleiro para a equipa de Margarida Corrêa de Aguiar, onde também está o ex-ministro da Economia do Governo socialista, Manuel Caldeira Cabral.
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