Na véspera do grande final, primeira versão de acordo da COP27 desilude
O rascunho apresentado pela presidência deixa de fora qualquer referência aos esforços para eliminar gradualmente a eletricidade produzida a partir de gás e produtos petrolíferos.
O Egipto apresentou apenas esta quinta-feira, na véspera do último dia da 27.ª Conferência das Partes (COP27), a primeira versão do acordo que deverá ser assinado no final da cimeira, a qual termina amanhã. O texto foi recebido sobretudo com surpresa e exasperação, pelo que não se espera um desenlace fácil.
A expectativa era que o acordo deste ano não trouxesse grandes novidades em termos de metas e ambições, mas que servisse sobretudo para acertar a implementação de antigos objetivos. Mas nem essa expectativa parece estar a ser cumprida.
A organização não-governamental Zero resume a avaliação do documento em algumas palavras: “enorme” – três vezes mais longo que o habitual –, “sem progresso” e “nalguns casos, até retrocesso”.
No que diz respeito ao retrocesso, a ONG aponta um recuo na mitigação, “ficando a faltar ambição e linguagem clara e rigorosa relativamente à necessidade de cumprir o limite de aquecimento de 1,5.ºC e de eliminar todos os combustíveis fósseis”.
Uma das principais ausências do documento é a referência aos esforços para eliminar gradualmente a eletricidade produzida a partir de gás e produtos petrolíferos, uma iniciativa que a Índia teve durante este COP e que foi apoiada pela União Europeia, Reino Unido e Estados Unidos. Esta seria uma extensão do acordo alcançado em Glasgow, de terminar a produção de eletricidade a partir de carvão.
O texto não faz também referência a nenhum fundo ou mecanismo que permita concretizar a ajuda financeira dos países mais ricos aos mais pobres no que toca às chamadas Perdas e Danos, isto é, as consequências mais imediatas e devastadoras dos fenómenos climáticos.
“Não estou certo onde as conversas irão acabar”, afirmou o responsável pela pasta do Clima na Comissão Europeia, Frans Timmermans. E deixa o aviso: “Se esta COP falhar, todos perdemos”.
Num registo mais inusitado, lê-se no documento que “os países desenvolvidos deverão atingir emissões de carbono negativas [abaixo de zero] até 2030”, o que fez Timmermans reagir com um “por favor! Vamos manter-nos realistas”.
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