Marcelo defende acesso de gays e migrantes à educação no Qatar
Num país que criminaliza a homossexualidade, Presidente da República defende que acesso à educação passa por "incluir todos", como pessoas de orientações sexuais diferentes e trabalhadores migrantes.
O prometido é devido. Marcelo Rebelo de Sousa prometeu falar sobre direitos humanos durante a sua visita ao Qatar e assim o fez, esta quinta-feira, numa conferência sobre educação antes do jogo que marca o “pontapé de saída” da seleção portuguesa no Mundial 2022. “Os direitos humanos são os direitos sociais, económicos, políticos, mas também os direitos pessoais. E isso é tão importante“, defendeu o Presidente da República, em declarações em inglês transmitidas pela RTP.
Antes, o chefe de Estado sublinhara a importância do acesso à educação, um direito inscrito nos 17 objetivo de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). “Todos devem frequentar a escola”, afirmou, ressalvando, contudo, que o acesso à educação “continua a ser um problema em toda a parte, porque com a crise os mais ricos ficam ainda mais ricos e os pobres ficam mais pobres”.
“É muito importante apostar e investir no ensino superior para mudar científica e tecnologicamente mais depressa. Mas, ao mesmo tempo, nunca esquecer os que não podem pagar essa educação. E nunca, nunca esquecer que é a isto que por vezes chamamos direitos humanos”, reiterou Marcelo Rebelo de Sousa.
Falando numa conferência sob o mote “Educação de Qualidade”, o Presidente da República sublinhou também que a educação passa por “incluir todos”. “Os pobres, os migrantes, pessoas com ideias políticas diferentes, mesmo com orientações sexuais diferentes”, enumerou o Presidente.
Marcelo tinha-se comprometido em falar sobre o tema dos direitos humanos no Qatar, onde decorre o campeonato do mundo de futebol, depois de ter feito declarações em que reconhecia o desrespeito pelos direitos humanos no país. Embora logo depois tenha apontado como mais premente a prestação da seleção portuguesa.
“O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal … Mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa. Começámos muito bem e terminámos em cheio”, disse, na zona de entrevistas rápidas no Estádio José Alvalade, após a vitória de Portugal sobre a Nigéria, por 4-0, no último particular antes da partida para o Qatar.
Na sequência desta e de outras declarações que se seguiram, o governo do Qatar mandou chamar o embaixador português. Paulo Neves Pocinho foi recebido pelo vice-primeiro-ministro daquele país, que se terá mostrado desagradado com as palavras proferidas em Portugal, consideradas hostis. Segundo a TVI, o governante do emirado declarou que essas manifestações contra o Qatar não são aceitáveis e que só não serão tomadas medidas mais drásticas em nome da histórica amizade que une os dois países.
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