Governo francês prioriza apoio às classes médias trabalhadoras
Gabriel Attal disse que o Governo francês vai concentrar as "ajudas para os franceses que trabalham e que se levantam cedo”, apesar de sublinhar que "não se deve menosprezar" quem recebe subsídios.
O Governo francês de Emmanuel Macron disse este domingo que, no debate aberto da esquerda sobre defender ou não os beneficiários de subsídios contra qualquer estigmatização por não trabalharem, o compromisso que assumirá é com as classes médias trabalhadoras.
“Vamos concentrar mais as nossas ajudas para os franceses que trabalham e que se levantam cedo”, declarou o ministro de Ação e Contas Públicas, Gabriel Attal, que insistiu que se deve “agir para favorecer o trabalho” na França.
Em entrevista ao canal de notícias francês BFMTV, Gabriel Attal defendeu que se trata de direcionar os apoios aos cidadãos que “trabalham muito”.
Em declarações ao jornal Le Parisien, o ministro reforçou que “a prioridade deve ser os franceses que trabalham ou querem trabalhar”.
Questionado sobre a polémica em torno do chamado “direito à preguiça”, o responsável pela pasta de Contas Públicas referiu-se aos que têm defendido este conceito e citou, especificamente, a deputada ecologista Sandrine Rousseau, do Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia.
Apesar de ressalvar que “não se deve menosprezar” quem recebe subsídios, Gabriel Attal defendeu “o valor do trabalho”, que está no programa com o qual Emmanuel Macron foi reeleito em abril como Presidente da França.
Entre as medidas concretas para apoiar as classes médias trabalhadoras, o ministro destacou o aumento da isenção de impostos para as famílias que têm de pagar a creche dos filhos e a descida do imposto sobre a renda, que baixará em 6.200 milhões de euros. As iniciativas, sublinhou, estão nos pressupostos do orçamento para o próximo ano, que já foram votados.
“Os franceses esperam que sejam valorizados aqueles que fazem o país avançar. Lamento que alguns [dos partidos] da esquerda prefiram defender o ‘direito à preguiça‘”, afirmou Gabriel Attal, ex-socialista que integra agora o partido político República em Marcha, fundado por Emmanuel Mácron.
O ministro apontou a fraude das ajudas sociais em “vários mil milhões de euros”, embora reconheça que existem “avanços” no combate a este fenómeno, e indicou que, para evitar alguns dos mecanismos desta fraude, desde 1 de julho de 2023 esses apoios não podem ser depositados em contas bancárias estrangeiras. “Estes pagamentos, para os quais por vezes há dúvidas sobre a existência do beneficiário, representam 150 milhões de euros em cinco anos”, precisou.
Também o ministro da Economia e Finanças, Bruno Le Maire, defendeu a reforma do subsídio de desemprego, que prevê uma diminuição do período de compensação quando a taxa de desemprego for inferior a 9%, como acontece agora, para incentivar os desempregados a procurar emprego.
Numa entrevista ao canal France 3, Bruno Le Maire disse que, além de reduzir o ‘deficit’ do subsídio de desemprego, o objetivo desta reforma é colocar a trabalhar entre 100.000 e 150.000 pessoas.
Por outro lado, o ministro das Finanças salientou que o projeto de lei sobre a imigração em preparação pelo Governo, apesar de equacionar a possibilidade de dar títulos a estrangeiros que vão trabalhar em setores em rutura por falta de mão-de-obra, terá um caráter excecional. “A imigração laboral deve ser apenas um último recurso”, disse.
Bruno Le Maire sublinhou que o objetivo é “devolver o trabalho aos franceses que estão longe do emprego”, seja por falta de qualificação ou por viverem numa zona onde não há postos de trabalho disponíveis.
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