Fed prepara-se para baixar ritmo de subida das taxas de juro
Apesar de reconhecer que a inflação ainda está longe dos valores desejados, Jerome Powell abre a porta a uma redução do ritmo de subida das taxa de juro.
Jerome Powell, presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), revelou que o tempo de abrandar o ritmo de subida das taxa de juro poderá chegar após a reunião de dezembro.
Atualmente, os contratos de futuros sobre a taxa de juro do dólar revelam uma probabilidade de 75% de a Fed realizar uma subida das taxas de juro em 50 pontos base na reunião de 14 de dezembro versus uma probabilidade de 25% de essa subida ser novamente de 75 pontos base.
No entanto, no decorrer de uma intervenção no Brooking Institution esta quarta-feira, o presidente da Fed referiu que a política monetária terá de permanecer restritiva durante algum tempo. “Fizemos progressos significativos com uma política suficientemente restritiva, mas ainda temos muito caminho pela frente”, sublinhou Powell.
Além disso, depois de anunciar que a Fed estima que a inflação nos EUA nos últimos 12 meses terá atingido em outubro 6% e a inflação core terá ficado nos 5%, Powell referiu como “provável que as taxas de juro acabem por ser um pouco mais elevadas do que pensaríamos em setembro.”
Para Powell, a inflação ainda está muito longe da meta definida pelo banco central dos EUA e que a Fed ainda tem um longo período de tempo pela frente antes de restaurar a estabilidade dos preços, sublinhando que “a história adverte-nos contra um relaxamento precipitado da política monetária.”
Também esta quarta-feira, Lisa Cook, membro do Comité de Governadores da Fed, numa intervenção no “Detroit Economic Club”, referiu que a Fed tem tomado medidas agressivas para manter a inflação sob controlo, mas sublinhou que a inflação mantém-se ainda “demasiado elevada e que o foco principal da Fed é reduzir as pressões sobre os preços.”
Apesar de reconhecer que os dados mais recentes sobre a inflação mostrarem sinais de alguma melhoria no controlo dos preços, Lisa Cook refere que “ainda é demasiado cedo para dizer que a tendência da inflação está a melhorar”.
Controlar os preços e estabilizar o emprego
A Fed tem vindo a aumentar rapidamente as taxas de juro do dólar como forma de estancar a subida da taxa de inflação nos EUA. No entanto, ao contrário do Banco Central Europeu, a Fed tem também a responsabilidade de garantir a sustentabilidade do mercado de trabalho.
Sobre esse tema, Powell revela que “até agora, apenas se observaram sinais preliminares de moderação na procura de emprego e de crescimento dos salários.” Para o presidente da Fed, “os aumentos salariais estão agora a ser compensados pela inflação para a maioria dos trabalhadores.”
Até agora, o mercado de trabalho nos EUA tem-se mostrado resiliente, com a taxa de desemprego a figurar nos 3,7%, o valor mais baixo em décadas. No entanto, o número de empregos ainda não recuperaram os níveis pré-pandémicos e vive-se um ambiente contraditório, com algumas empresas a anunciarem despedimentos massivos e muitos outros revelam que têm dificuldade em arranjar mão-de-obra.
Esta realidade leva Powell a referir que é difícil determinar a taxa de desemprego natural nos EUA. Porém, revela que “a Fed continua a acreditar que o número de vagas disponíveis versus o número de desempregados é significativo.”
No seguimento da sua intervenção no “Detroit Economic Club”, Lisa Cook salientou que o crescimento dos salários está acima dos níveis que são consistentes com a meta da Fed de 2% para a inflação.
Os mercados acionistas norte-americanos estão a reagir positivamente ao discurso de Powell, com o Dow Jones Industrial Average a valorizar 1% e o Nasdaq a subir 2,5%.
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