Reino Unido enfrenta maior greve ferroviária em 30 anos

  • Lusa
  • 18 Junho 2022

Corte de quatro mil milhões de libras [4,6 mil milhões de euros] em subsídios dos sistemas de transporte do Reino Unido é a principal razão da greve, que terá impacto durante uma semana.

O Reino Unido prepara-se para a maior greve ferroviária em mais de 30 anos após o fracasso das negociações com o setor que reclama melhores salários e condições de trabalho, disseram neste sábado os sindicatos.

“Apesar dos melhores esforços dos nossos negociadores, nenhum acordo viável foi alcançado”, lamentou o secretário-geral do sindicato ferroviário RMT, Mick Lynch, após as negociações que duraram várias semanas.

A greve ferroviária está marcada para terça-feira, dia 21, quinta-feira, dia 23, e sábado, dia 25, confirmou o sindicato, que estima, segundo a agência France-Presse, a adesão de 50.000 trabalhadores.

Os sindicatos apontam a terça-feira como o dia de maior impacto da paralisação que atingirá linhas ferroviárias em todo o país e o metro de Londres, mas as perturbações nos transportes deverão sentir-se entre segunda-feira e domingo.

A empresa Network Rail, que gere a infraestrutura ferroviária do país, estimou que apenas 20% do serviço seja prestado, com metade da rede aberta, nos três dias de greve.

De acordo com Mick Lynch, na base do conflito está “a decisão do governo conservador de cortar quatro mil milhões de libras [4,6 mil milhões de euros] em subsídios dos sistemas de transporte do Reino Unido”.

“Como resultado da austeridade imposta pelo governo, as empresas tomaram a decisão de cortar o Plano de Pensões Ferroviárias e o Plano de Transportes para Londres, cortando benefícios, fazendo com que os funcionários trabalhem mais tempo, com reformas empobrecidas, apesar de pagarem mais impostos”, afirmou.

O RMT afirma ainda que a gestora da rede ferroviária Network Rail pretende cortar pelo menos 2.500 postos de trabalho na manutenção, como parte de um plano de economia de dois mil milhões de libras (cerca de 2,33 mil milhões de euros).

Um porta-voz do grupo Rail Delivery – órgão de associação da indústria ferroviária britânica que reúne empresas de transporte ferroviário de passageiros e mercadorias -, afirmou, por seu lado, que “ninguém ganha” com uma greve.

As empresas tentarão “manter o maior número possível de serviços”, mas as interrupções “serão inevitáveis e algumas partes da rede não funcionarão”, acrescentou, apelando a que os passageiros considerem utilizar transportes alternativos.

A paralisação poderá afetar vários eventos desportivos e culturais, como o festival de música Glastonbury e concerto dos Rolling Stones no Hyde Park de Londres, no sábado, e os exames finais de alguns alunos do ensino secundário.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

ASAE apreende seis parquímetros por causa dos contadores de tempo

  • Lusa
  • 18 Junho 2022

Falta de garantia da exatidão do tempo medido por causa de falta e controlo metrológico justificou apreensão de parquímetros no valor de cerca de 66 mil euros.

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) apreendeu seis parquímetros, no valor aproximado de 66 mil euros, na sequência de uma operação de fiscalização nacional aos contadores de tempo dos instrumentos, foi anunciado neste sábado.

De acordo com um comunicado de imprensa da ASAE, “foram fiscalizados 130 operadores económicos, tendo sido instaurados oito processos de contraordenação”, destacando-se entre as principais infrações “a falta de verificação periódica em contadores de tempo utilizados no controlo do tempo”.

“Foi ainda determinada a apreensão de seis parquímetros / sistemas de gestão de estacionamento, num valor aproximado de 66.000,00 euros, por falta de controlo metrológico dos mesmos não garantindo a exatidão do resultado das medições de tempo“, refere a autoridade no comunicado divulgado hoje.

O objetivo foi averiguar a “verificação metrológica periódica exigida legalmente para os equipamentos disponibilizados pelos operadores económicos, públicos e privados” que disponibilizam estacionamento pago, como “centros comerciais, hospitais, parques subterrâneos e parquímetros de rua”.

A operação que decorreu “nas últimas semanas”, segundo a ASAE, visou a “fiscalização do controlo metrológico dos instrumentos de medição (IM), concretamente aos contadores de tempo utilizados nos equipamentos destinados ao sistema de gestão de parque de estacionamento ou em parquímetros”.

“A ASAE continuará a desenvolver ações de fiscalização, no âmbito das suas competências, em todo o território nacional, em prol de uma sã e leal concorrência entre operadores económicos e na defesa do consumidor e dos cidadãos em geral”, conclui aquela autoridade, no comunicado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

China quer aumentar controlo sobre comentários na Internet

  • Lusa
  • 18 Junho 2022

Os novos normativos exigem que os administradores de plataformas empreguem um grupo de moderadores de conteúdos que "correspondam à escala do seu serviço".

O órgão de controlo da Internet da China elaborou uma lei para regular os serviços de redes sociais e plataformas de vídeo para que revejam os comentários escritos pelos utilizadores antes de serem publicados.

Os novos normativos exigem que os administradores de plataformas empreguem um grupo de moderadores de conteúdos que “correspondam à escala do seu serviço” e melhorem a qualidade profissional da equipa responsável pela revisão de conteúdo, de acordo com um documento divulgado na sexta-feira pela Administração China Cyberspace (CAC, sigla em inglês) e noticiado pelo jornal South China Morning Post, de Hong Kong.

As regras propostas também especificam as punições associadas às infrações: os operadores que não cumpram o regulamento enfrentam advertências, multas e suspensão da função comentários ou até mesmo da totalidade do serviço.

Este regulamento reforçaria as regras existentes, implementadas pelo Governo em 2017, que obrigam as empresas a rever os comentários dos utilizadores na secção de notícias e a reforçar o controlo sobre os meios de comunicação social com a imposição de editores-chefes e redações aprovados pelas autoridades comunistas em todos os ‘sites’ de informação do país.

As regras existentes estipulam que os utilizadores de redes sociais devem registar-se com suas identidades reais antes de deixar comentários.

Também determinam que os utilizadores que violam as regras podem ser avisados, proibidos de comentar, advertidos para excluir os seus comentários e ver suspensas ou desativadas as suas contas, num esforço das autoridades para controlar as informações que chegam aos cidadãos.

Muitos internautas na China reagiram negativamente à proposta de regulamento, particularmente no Weibo, o Twitter da China.

A China é o país com mais utilizadores de Internet no mundo (cerca de 700 milhões), mas ao mesmo tempo um dos que mais controle exerce sobre o conteúdo da web, estando plataformas como a Google, Facebook, Twitter ou YouTube bloqueados há anos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Metros e barcos recuperam 75% dos utentes pré-pandemia até maio

  • Lusa
  • 18 Junho 2022

Dados relativos ao Metropolitano de Lisboa, ao Metro do Porto e à Soflusa/Transtejo mostram crescimento da procura de 106% face ao mesmo período de 2021.

Os transportes públicos coletivos urbanos tutelados pelo Ministério do Ambiente estão a recuperar passageiros, depois da descida acentuada devido à pandemia, com a procura a crescer 106% entre janeiro e maio face ao período homólogo, informou neste sábado o ministério. No entanto, em comparação com o mesmo período de 2019, a procura situa-se em 75%.

Numa nota, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática (MAAC) revela que os dados provisórios até ao mês de maio relativos ao Metropolitano de Lisboa, ao Metro do Porto e à Soflusa/Transtejo demonstram que a procura aumentou 106%, em termos agregados, face ao período homólogo de 2021.

O MAAC sublinha, contudo, que apesar deste acréscimo de passageiros, a procura por estes meios de transporte “ainda está aquém da verificada no período homólogo de 2019, quando a operação das empresas ainda não tinha sido afetada pela pandemia”, já que o número de passageiros verificado até maio de 2022 representa apenas 75% da procura registada no período homólogo de 2019.

“Analisando a procura mensal, regista-se uma tendência para a recuperação do uso da maioria destes meios de transporte entre janeiro e maio deste ano, notando-se que as férias da Páscoa ocorreram a meio do mês de abril de 2022, com consequências para a retoma da procura”, salienta.

Entre 2019 e 2021, o MAAC mobilizou 662 milhões de euros para os transportes públicos, através do Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos (PART), do Programa de Apoio à Densificação e Reforço da Oferta de Transporte Público (PROTransP) e de dotações extra para manter a oferta durante o período de pandemia.

No Orçamento do Estado para 2022 o PROTransP foi reforçado em 20 milhões de euros e ficaram inscritos 138,6 milhões de euros para o PART, aos quais podem acrescer mais 100 milhões de euros para assegurar os níveis de oferta nos sistemas de transportes públicos abrangidos por este programa, se for verificado “um cenário mais adverso dos efeitos da crise pandémica no sistema de mobilidade”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

UE procura evitar impacto das sanções contra a Rússia na segurança alimentar

  • Lusa
  • 18 Junho 2022

"Devemos permitir urgentemente que a Ucrânia exporte os seus cereais através do Mar Negro”, escreveu o Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell.

O Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, garantiu neste sábado que o grupo está “pronto” para trabalhar com as Nações Unidas e outros parceiros para evitar impactos das sanções contra a Rússia na segurança alimentar global.

Devemos permitir urgentemente que a Ucrânia exporte os seus cereais através do Mar Negro”, escreveu Josep Borrell no seu blogue, aludindo à existência de “uma ‘batalha narrativa’ em torno das exportações russas de cereais e fertilizantes”.

Embora as sanções da UE “não sejam direcionadas contra essas exportações”, disse, garantiu que a UE está “pronta para trabalhar com a ONU e parceiros para evitar qualquer impacto indesejado na segurança alimentar mundial”, afirmou Borrell, ressalvando que as medidas restritivas dos 27 Estados-Membros não se aplicam aos alimentos.

A Rússia acusou o Ocidente de causar a atual crise de segurança alimentar, embora as sanções destes países não afetem os alimentos.

Quando a máquina de propaganda russa afirma que somos responsáveis pela crise alimentar, não passam de mentiras cínicas, como tantas outras que essa máquina vem espalhando há muitos anos”, disse Borrell, considerando que esse cinismo “foi evidente quando a Rússia bombardeou o segundo maior silo de cereais da Ucrânia em Mykolaiv.”

Todos aqueles que querem limitar a crise alimentar mundial devem, acima de tudo, ajudar-nos a aumentar a pressão sobre a Rússia para interromper a sua guerra de agressão”, afirmou, citado pela Agência EFE.

Borrell defendeu que para evitar “uma calamidade alimentar global, a principal prioridade continua a ser interromper a guerra e tirar as tropas russas da Ucrânia“, assumindo ser esse o objetivo do apoio “massivo da UE à Ucrânia” e das medidas restritivas contra o regime de Putin.

No entanto, a Europa “nunca visou as exportações agrícolas e de fertilizantes russas” e não proíbe a Rússia de “exportar produtos agrícolas, o pagamento das referidas exportações russas ou o fornecimento de sementes, desde que as pessoas ou entidades sancionadas não estejam envolvidas”, disse o ex-ministro espanhol, lembrando que as medidas restritivas dos 27 não se aplicam fora da comunidade e não criam obrigações para operadores de fora da UE “salvo se o negócio seja levado a cabo, pelo menos, parcialmente, dentro da União Europeia”.

Borell disse estar em “contacto próximo com a ONU para estudar questões como a evasão de mercado e o excesso de conformidade, que podem afetar a compra de fertilizantes cereais russos” e que a Europa está pronta para discutir esses temas através de especialistas “para identificar obstáculos concretos, incluindo possíveis dificuldades em pagamentos, e trabalhar para encontrar soluções”.

O alto representante da UE sublinhou que as tropas russas “bombardeiam, exploram e ocupam terras aráveis na Ucrânia, atacam equipamentos agrícolas, armazéns, mercados, estradas, pontes e bloqueiam portos ucranianos, impedindo a exportação de milhões de toneladas de cereais para os mercados mundiais”.

A Rússia transformou o Mar Negro numa zona de guerra, bloqueando os embarques de cereais e fertilizantes da Ucrânia, mas também afetando os navios mercantes russos”, lembrando que o país “também está a aplicar quotas e impostos às suas exportações de cereais”.

A escolha política “consciente da Rússia é transformar essas exportações em armas e usá-las como uma ferramenta para chantagear qualquer um que se oponha à sua agressão”, concluiu Josep Borrell.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ryanair com mais voos neste verão do que antes da pandemia

  • Lusa
  • 18 Junho 2022

Oferta da companhia aérea irlandesa será 15% superior à de 2019. Diretor de Recursos Humanos diz que tem as suas tripulações preparadas desde o ano passado.

A Ryanair não só retomará este verão a capacidade com que voava antes da pandemia, como a sua oferta será 15% superior à de 2019, afirmou o diretor de Recursos Humanos da companhia, Darrell Hughes.

O responsável disse à agência espanhola Efe que a Ryanair “tem feito melhor do que outras companhias aéreas” e tem as suas tripulações preparadas desde o ano passado, pelo que não está a ter problemas com falta de pessoal para o verão de 2022.

Segundo Hughes, algumas companhias aéreas foram obrigadas a reduzir a sua capacidade não só por problemas nos aeroportos, devido à falta de mão de obra em áreas como os controlos de segurança, mas sobretudo por dificuldades em fazer regressar os seus trabalhadores, após dois anos de pandemia.

O responsável espera que, nas próximas semanas, as restantes companhias aéreas possam estar a 100% da sua capacidade e, também, que haja cada vez menos problemas nos aeroportos europeus.

A companhia aérea irlandesa de baixo custo mantém a previsão de transportar 165 milhões de passageiros em toda a sua rede no atual ano fiscal (de abril de 2022 a março de 2023), 18% acima dos 140 milhões de 2019.

A empresa prevê uma ligeira subida de preços durante o verão, entre os meses de julho e setembro, devido ao aumento dos preços dos combustíveis, embora, como lembrou Hugues, o seu impacto seja menor no caso da Ryanair, que tem assegurado cerca de 80% do combustível a um preço mais baixo até março de 2023.

O gestor criticou o novo imposto extraordinário que o governo húngaro introduziu em maio e que afeta, entre outras empresas, as companhias aéreas, e que a Ryanair está a repercutir nos bilhetes, incluindo os vendidos anteriormente, cobrando um valor adicional.

“É um erro, pois nesta altura pós-covid o que temos de fazer é tornar as viagens atrativas para todos os clientes e não colocar-lhes obstáculos”, acrescentou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Bitcoin abaixo dos 20 mil dólares e em mínimos de dezembro de 2020

  • ECO
  • 18 Junho 2022

Criptomoeda perdeu 10 mil dólares desde o início da semana depois de duas emissoras terem congelado os levantamentos e transferências de ativos aos seus investidores.

A bitcoin está a negociar abaixo dos 20 mil dólares. A criptomoeda mais conhecida do mundo perdeu 8,31% do seu valor nas últimas 24 horas e está a valer cerca de 19.100 dólares na negociação deste sábado.

Esta manhã, a criptomoeda chegou mesmo a negociar nos 18.732 dólares, o montante mais baixo desde dezembro de 2020.

A última semana tem sido um pesadelo para a bitcoin e levou à desvalorização de 10 mil dólares desde segunda-feira.

“Isto vai ser muito doloroso para muitos investidores. As pessoas vão perder confiança no mercado de criptomoedas como um todo“, avisa Yuya Hasegawa, analista da plataforma japonesa de criptomoedas Bitbank. “Mas os investidores mais experientes e aqueles que acreditam em perspetivas de longo prazo vão encontrar uma oportunidade para comprar com desconto nos preços”, acrescenta Yuya Hasegawa, citado pelo The Wall Street Journal.

Na sexta-feira, a empresa de Hong-Kong Babel Finance suspendeu temporariamente os levantamentos em criptomoedas e o resgate de criptoativos devido a dificuldades de liquidez para pagar aos clientes.

Na terça, a plataforma de troca de criptomoedas Coinbase anunciou a saída de 1.100 funcionários — 18% da sua força de trabalho — e alertou para um “inverno no mundo das criptomoedas”

Na véspera, a emissora Celsius congelou os levantamentos e transferências de ativos aos seus investidores.

A semana também ficou marcada por nova subida das taxas de juro pela Reserva Federal dos Estados Unidos, o que tem afastado os investidores.

Desde o máximo de 67,802 dólares, em novembro de 2021, a bitcoin já sofreu uma desvalorização de cerca de dois biliões de dólares em valor de mercado: atualmente, o montante situa-se em perto de 846 mil milhões de dólares.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Guterres: Indústria fóssil tem a humanidade agarrada pela garganta

  • Lusa
  • 18 Junho 2022

Secretário-geral da ONU considera que a indústria fóssil "explorou as mesmas táticas escandalosas que a indústria do tabaco umas décadas antes".

O secretário-geral da ONU, na sexta-feira atacou a indústria dos combustíveis fósseis, acusando-a de “agarrar a humanidade pela garganta”, e apelou a que os dirigentes das grandes economias “acabassem com a era dos combustíveis fósseis”.

“O primeiro dever de um dirigente é proteger as populações dos perigos evidentes e atuais. Nada é mais claro ou atual do que o perigo da expansão das energias fósseis”, disse o principal dirigentes da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, ao se dirigir ao fórum das grandes economias sobre a energia e o clima.

Esta reunião virtual, organizada pela Casa Branca, juntou os dirigentes dos países “que representam 80% do produto, da população e das emissões de gases com efeito de estufa do mundo”, segundo a Presidência norte-americana.

Mesmo a curto prazo, os combustíveis fósseis não têm qualquer sentido político ou económico. Portanto, parece que estamos armadilhados em um mundo em que os produtores de combustíveis fósseis e os financeiros têm a humanidade agarrada pela garganta”, acrescentou Guterres.

O chefe da ONU acusou a indústria fóssil de ter tentado, ao longo de décadas, convencer dirigentes e a opinião pública da sua pouca responsabilidade nas alterações climáticas e de procurar “sabotar as políticas climáticas ambiciosas”.

Acentuou mesmo que esta indústria “explorou as mesmas táticas escandalosas que a indústria do tabaco umas décadas antes”.

Defendeu que, “tal como os interesses ligados ao tabaco, os interesses dos combustíveis fósseis e os seus cúmplices financeiros não devem escapar à sua responsabilidade”.

Em particular, insistiu em que a invasão da Ucrânia pelos militares da Federação Russa “não seja utilizada para aumentar a dependência” em relação às energias fósseis.

O secretário-geral da ONU acabou a sua intervenção com um apelo forte aos dirigentes: “A crise climática é a nossa urgência número um”.

Com esta base, adiantou: “As energias renováveis são plano de paz para o século XXI. Conto com os vossos governos para acabar com a era dos combustíveis fósseis. A revolução das energias renováveis começa agora”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Indústria de pellets põe em causa floresta portuguesa, alerta associação Zero

  • Lusa
  • 18 Junho 2022

Associação ambientalista avisa que aumento da produção de pellets "colocará ainda maior pressão sobre os recursos florestais já de si depauperados e insuficientes para satisfazer a procura".

A indústria de ‘pellets’, pequenos aglomerados de madeira para aquecimento e produção de energia, consumiu mais de 1,5 milhões de toneladas de madeira em 2021 e põe em causa a floresta portuguesa, alerta a associação ambientalista Zero.

Numa indústria com apoios públicos que ultrapassam já “os 100 milhões de euros”, e que deve expandir-se, a associação, num comunicado divulgado neste sábado, exige uma moratória imediata ao aumento da capacidade instalada de produção de ‘pellets’.

É provável que este ano, diz a Zero, “se assista a um aumento significativo na produção, uma vez que quatro fábricas entram em funcionamento ou reabrem, com uma capacidade combinada de quase 600.000 toneladas/ano, representando um aumento de 50% da capacidade” nacional de produção de ‘pellets’.

Tal, alerta, “colocará ainda maior pressão sobre os recursos florestais já de si depauperados e insuficientes para satisfazer a procura para as diferentes utilizações”.

Naquele que é o primeiro Barómetro Anual sobre Indústria dos ‘Pellets’ em Portugal, da associação, os dados são considerados preocupantes e “colocam em causa a sustentabilidade na utilização de madeira na indústria para a produção de produtos de maior valor acrescentado”.

E a situação em vez de melhorar tende a agravar-se, no entender da Zero, porque o boicote ao gás natural e petróleo da Rússia levará à procura de outras formas de energia e consequentemente mais incentivos ao uso da biomassa.

Nas contas da Zero, em 2021, em Portugal, foram produzidas cerca de 815.000 toneladas de ‘pellets’ de madeira, para as quais foram necessárias as mais de 1,5 milhões de toneladas de madeira.

“Cerca de 510.000 toneladas foram exportadas, na sua maioria, para queimar nas centrais a carvão que foram, entretanto, convertidas e outras centrais de queima de biomassa para produção de eletricidade no Reino Unido, na Dinamarca e na Holanda”, referem os dados do Barómetro.

Portugal tem 26 fábricas de ‘pellets’, com uma capacidade superior a 1,7 milhões de toneladas por ano, precisando de três milhões de toneladas de madeira. O pinheiro bravo é o mais usado e os subprodutos da serração são só 25% da madeira usada para as ‘pellets’, afirma-se no comunicado.

O que conclui a Zero é que se está a queimar a floresta portuguesa. E com o apoio do Estado. Desde 2008, refere, os produtores de ‘pellets’ receberam mais de 100 milhões de euros de financiamento público.

A associação diz ainda que a floresta de pinheiro-bravo está “em declínio acentuado”, e garante: “apesar da indústria de produção de ´pellets´ alegar que apenas os resíduos florestais e industriais são usados como matéria-prima, existem evidências de que os maiores produtores de ‘pellets’ estão claramente dependentes de grandes volumes de rolaria ou secções do tronco de árvores, resultando numa pressão acrescida sobre a floresta”.

E acusa ainda a indústria de dizer que a queima de ‘pellets’ é baixa em carbono e sustentável, quando na verdade as emissões provenientes da combustão das ‘pellets’ “são completamente ignoradas”.

A Zero sugere ao Governo que aumente a transparência na indústria de produção de ‘pellets’ na aquisição de madeira, e que introduza uma moratória ao aumento da capacidade de produção de ‘pellets’, que está a competir com outros setores que fabricam produtos de maior valor acrescentado e que mantêm o carbono sequestrado por muito mais tempo, como a indústria dos painéis a aglomerados. E que acabe com financiamento público da produção de ‘pellets’.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ministro avisa: Nova “falha” do SEF implicará “substituição imediata” de responsável no aeroporto

  • Lusa
  • 18 Junho 2022

Relativamente à aglomeração de passageiros ocorrida na passada segunda-feira no aeroporto de Lisboa, o ministro diz que se deveu a uma “falha" de comunicação.

O ministro da Administração Interna garante que o reforço de meios humanos nos aeroportos ficará concluído até início de julho e que aglomerações como as da semana passada em Lisboa não podem repetir-se, ou implicarão a “substituição” dos responsáveis.

Uma falha desta natureza tem que levar à substituição imediata de quem tem essa responsabilidade no aeroporto. Esta foi a orientação que foi transmitida à Direção Nacional do SEF [Serviço de Estrangeiros e Fronteiras]. Porque, quando se deteta que está a haver uma sobre concentração de chegadas, há uma equipa de contingência que é mobilizada por parte do diretor nacional do SEF”, afirma José Luís Carneiro numa entrevista publicada hoje no jornal Público.

“Não foi mobilizada na segunda-feira que passou porque não foi comunicada essa falha. Mas já foi referido que não pode voltar a repetir-se”, acrescenta o ministro.

Segundo o governante, o plano de reforço de meios nos aeroportos, nomeadamente no de Lisboa, passa pelo aumento de meios humanos da PSP e do SEF e dos meios eletrónicos de identificação dos passageiros que desembarcam em Portugal, a par da monitorização constante do que está a acontecer nos aeroportos.

No que se refere aos meios humanos, José Luís Carneiro afirma que o reforço, “que está previsto no plano de contingência, ficará todo ele desenvolvido até dia 04 de julho”.

“E acabámos de tomar a decisão de antecipar entre oito a 15 dias este período de reforço em função da disponibilidade”, avança, acrescentando que, atualmente, “já há reforço de funcionários do SEF e da PSP”.

Relativamente à aglomeração de passageiros ocorrida na passada segunda-feira no aeroporto de Lisboa, o ministro diz que se deveu a uma “falha”: A equipa de contingência de inspetores do SEF, que está preparada para ser mobilizada “sempre que se justifica” não o foi, “porque não houve informação da equipa que estava no aeroporto para a direção nacional”.

“Não foi mobilizada na segunda-feira que passou porque não foi comunicada essa falha. Mas já foi referido que não pode voltar a repetir-se”, sustentou.

Questionado sobre a possibilidade de alargar o período de chegada dos voos intercontinentais a Lisboa, evitando a atual concentração no período da manhã, José Luís Carneiro referiu ser “um trabalho que tem que ser feito pela ANA Aeroportos, nomeadamente com as companhias e também com as outras entidades que tratam de toda a dimensão ligada aos fluxos aéreos e turísticos”.

“Mas é evidente que é desejável que haja um diálogo e uma articulação entre quem, e bem, quer aproveitar as oportunidades do mercado, mas depois também com as capacidades do próprio aeroporto para acolher e integrar convenientemente quem nos procura”, considerou.

“A ANA Aeroportos está a fazer um esforço articulado connosco. O plano de contingência foi articulado com o Ministério das Infraestruturas, com o Ministério da Economia, com a Secretaria de Estado do Turismo e foi articulado com a ANA Aeroportos. Tive também uma reunião de trabalho com a TAP e outra com o Turismo de Portugal. Nessas reuniões, cada parte comprometeu-se com um esforço, tendo em consideração que a previsão de crescimento é muito significativa. Arranjando a ANA mais espaço, nós estamos disponíveis para mobilizar mais inspetores para termos um maior número de boxes, em vez das atuais 16”, precisou.

Novo aeroporto de Lisboa depende de consenso

No que se refere à construção do novo aeroporto, o ministro da Administração Interna sustenta que “é mesmo uma questão de interesse nacional” e defende que se trabalhe no sentido de um “amplo consenso social”, incluindo com o PSD.

“[…] É evidente que, se tivéssemos uma infraestrutura aeroportuária com outro potencial, estaríamos hoje a aproveitar oportunidades de captação de turistas para o país que, por impossibilidade do aeroporto, não estão a ser devidamente aproveitadas. O ministro das Infraestruturas tem toda a razão quando diz que, efetivamente, é necessário encontrar um amplo consenso político em torno deste objetivo nacional”, afirma José Luís Carneiro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

PME

Canábis chega aos têxteis e automóveis e já movimenta 5 mil milhões ao ano

Aplicações industriais da canábis na saúde, construção civil, alimentação, mobiliário, entre outros, levam a estimativas que o mercado mundial em 2024 possa atingir os 55 mil milhões de dólares.

O setor do cânhamo, uma subespécie da canábis, movimenta globalmente cerca de 5 mil milhões de dólares por ano e compreende à volta de 25 mil aplicações industriais. Em 2024 estima-se que o mercado mundial da canábis possa atingir os 55 mil milhões de dólares. Esta é a imagem de um setor representado pela primeira vez na exposição internacional de Cânhamo e Canábis, em Lisboa, onde irão estar presentes mais de 50 empresas nacionais e internacionais.

Desde a sua legalização em 2013 no Uruguai, o movimento tem-se alastrado a países como o Canadá, México, e alguns estados dos EUA. Apesar disto, não existe um consenso a respeito do potencial da planta, nem sobre as políticas públicas destinadas à sua regulamentação. As conclusões são de Graça Castanho, professora universitária, empresária e organizadora do CannaPortugal ’22.

Esta primeira edição da CannaPortugal reúne stakeholders e intervenientes em torno das práticas e da ciência produzida na área e pretende sensibilizar, informar e dignificar a planta junto da população. Contando com especialistas de mais de dez nacionalidades, conferências e workshops, a feira irá também dar palco a uma cerimónia de prémios, um desfile de roupa e adereços de cânhamo, o Hino da Canábis, um espaço de arte, entre diversas outras iniciativas.

Potencial do setor

Para Graça Castanho, o setor da canábis tem capacidade para dar resposta à recessão económica que os países atravessam, aos “mais prementes problemas da Humanidade e do próprio planeta”. Desde a sua legalização, os países mencionados são dos mais bem posicionados no mercado da canábis estando inclusive em “franca expansão”, juntamente com a China, o maior produtor de cânhamo industrial para extração de CBD, esclarece a professora.

Ainda assim, relativamente ao mercado português, a professora universitária lamenta que o país esteja em “contraciclo com a tendência mundial” e aponta que são muitas as restrições à plantação de cânhamo industrial. Relativamente à canábis com níveis de THC mais elevados, Graça Castanho vai mais longe e considera mesmo que todo o setor está “nas mãos de interesses estrangeiros, com o principal objetivo de exportar”.

“[Portugal] devia estar a produzir em grande escala cânhamo, a processar o mesmo, a criar novas indústrias neste setor”, explica a empresária sublinhando que, o que nos diz a ciência, é que “o mundo precisa da canábis” enquanto ferramenta para a sustentabilidade, desenvolvimento económico, saúde e qualidade de vida.

Dando destaque aos investimentos na democratização do acesso à canábis, Graça Castanho aplaude medidas como a distribuição de sementes pela população ou o uso da planta para fins terapêuticos. A empresária acrescenta ainda estar previsto que as “indústrias emergentes na área do bem-estar, da saúde e do turismo canábico se consolidem”, em linha com outras áreas que se “aperfeiçoam com a ajuda da ciência e tecnologia”.

Só a subespécie da Canábis Sativa L, ou o cânhamo, explica Graça Castanho, tem um potencial “inesgotável” em indústrias do ramo agroalimentar, construção civil, automóvel e aviação, têxtil, calçado, produção de papel, turismo, saúde, entre outras. “Tudo o que tem vindo a destruir os ecossistemas e os recursos naturais é passível de ser substituído por cânhamo” esclarece, a professora, mencionando diretamente plásticos, fibras sintéticas, produtos tóxicos, tintas, mas também lítio, biocombustível e proteína vegetal. Visto que a produção da planta é rápida e exige pouco consumo de água, a sua produção regenera também os solos.

Um novo tecido empresarial

Para Sofia Fernandes, da lisboeta Greenfits, e Catarina Guimarães, da açoriana Neuron Bonus, a área têxtil é uma das mais poluentes do mundo. Precisamente por este motivo, ambas as marcas se juntaram na criação da linha de roupa Hempact, feita a partir da fibra de cânhamo. O motivo desta escolha é claro para as empresárias, deve-se ao facto de acreditarem na sustentabilidade e qualidade desta fibra, características cada vez mais valorizadas na indústria da moda. “Escolhemos este material por ser uma matéria super versátil, que consome pouca energia, pouca água, e que é completamente biodegradável”, clarificam.

Seguras de que esta planta será o futuro de muitas indústrias, as empresárias admitem estar a dar os primeiros passos com esta linha, cuja apresentação será feita na CannaPortugal. Ainda assim, garantem já ter recebido pedidos de encomendas através das redes sociais. “Ao nível do nosso negócio, estamos a trabalhar para chegarmos a novos mercados, a países que reconheçam o valor intrínseco da nossa linha”, garantem as empresárias.

As vendas da Greenfits e da Neuron Bonus chegam “ao todo nacional”, embora novas oportunidades comecem a surgir com a internacionalização para a Europa e os EUA, admitem. “Agora com a facilidade das lojas online tudo está à distância de um click”, esclarecem as empresárias. No entanto, a grande aposta para o futuro é fazer desta linha sustentável uma inspiração para outras marcas, asseguram.

Dado que “as novas gerações são mais exigentes com os processos de produção e de consumo”, as empresárias antecipam uma “forte adesão” à linha de roupa, e mostram-se recetivas a oportunidades de crescimento do projeto. Para as empresárias este cenário representa uma oportunidade já que estas admitem ter uma média de 12 colaboradores diretos, entre eles designers, gestores de redes sociais, funcionários de loja, pessoal de armazém e contabilistas.

Para Wilson Serpa, empresário no setor automóvel, também esta área tem cada vez mais uma preocupação acrescida com a sua pegada ecológica. O empresário explica que apenas este motivo já é razão suficiente para investir em cânhamo, mas “acresce que, pela sua leveza e resistência, [estas fibras] permitem uma significativa redução de peso, sem perda de solidez”, um fator que as indústrias consideram extremamente atrativo. A estas vantagens somam-se ainda a redução de custos, CO2, o facto de o cânhamo ser mais facilmente reciclável bem como proporcionar uma “maior independência face aos países exportadores de petróleo”, garante o empresário.

Concedido pela Santogal, Wilson Serpa revela que na feira estará em exposição um Mercedes-Benz Classe C com peças feitas a partir de cânhamo, uma prática já em vigor na marca desde 1994 com os modelos Classe E. Os Classe C, por sua vez, contam com “mais de 30 peças” feitas a partir desta planta, o correspondente a cerca de 20kg de cânhamo por carro, garante Wilson Serpa. A planta pode inclusivamente ser usada como combustível, explica o empresário aludindo para o “soybean car” de Henry Ford, em 1941, onde foi usado etanol de cânhamo.

Para o empresário, a planta representa uma matéria-prima sustentável e renovável, mas também com uma produção mais barata e uma maior rentabilidade para o produtor face ao algodão ou linho. Neste sentido, Wilson Serpa nota uma preocupação crescente com o aproveitamento de todas as partes da planta. “O óleo de cânhamo pode ser transformado em biocombustível, menos poluente em relação aos combustíveis fósseis”, mas a parte fibrosa pode também ser usada para fazer versões “quimicamente semelhantes às da gasolina convencional”, esclarece o empresário.

As possibilidades de utilização são extensas, além das sementes de cânhamo serem fonte de proteína e aminoácidos, o cânhamo também pode ser usado pela construção com blocos e argamassa, razão pela qual “urge mudar o paradigma”, salienta.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Babel Finance suspende resgates em semana negra para os criptoativos

Empresa de Hong-Kong justifica decisão com dificuldades de liquidez. Forte desvalorização dos ativos está provocar uma corrida às vendas. Há quem compare o momento com a falência do Lehman Brothers.

A Babel Finance, com sede em Hong-Kong, suspendeu temporariamente os levantamentos em criptomoedas e o resgate de criptoativos devido a dificuldades de liquidez para pagar aos clientes, na sequência das fortes desvalorizações das últimas semanas.

“O mercado de criptoativos tem assistido a enormes flutuações recentemente e algumas instituições na indústria têm registado eventos de risco condutores. Devido à situação atual, a Babel Finance está a enfrentar pressões anormais de liquidez”, afirmou a empresa num comunicado.

“Estamos em contacto próximo com todas as partes envolvidas nas medidas que estamos a tomar para proteger os investidores. Durante este período, os resgates e levantamentos de produtos da Babel Finance serão suspensos temporariamente“, continua a nota aos clientes.

É o segundo caso esta semana, depois de a norte-americana Celsius ter também anunciado a suspensão dos resgates e movimentos nas contas, devido a “condições extremas de mercado”.

A bitcoin e outros criptoativos têm registado fortes desvalorizações nos últimos meses, com a subida das taxas de juro pela Reserva Federal a afastar os investidores. A criptomoeda original, que representa 37% do mercado, já perdeu 70% do seu valor desde o recorde acima dos 69 mil dólares registado em novembro.

Esta semana quebrou a barreira dos 20 mil dólares, atingindo a cotação mais baixa desde o final de 2020, depois da autoridade monetária ter elevado a fasquia no combate à inflação com um aumento de 75 pontos base na taxa diretora. Decisão que poderá repetir no próximo mês.

A desvalorização estende-se a outros criptoativos, como os Non-Fungible Tokens. Um dos mais populares, a coleção Bored Ape, afundou 78% desde abril, segundo a Decrypt.

A Fortune publicou na quinta-feira um artigo onde deixa a pergunta: “Será a suspensão da Celsius o momento Lehman Brothers para os criptoativos?”, numa referência ao colapso do banco de investimento que marcou o início da crise financeira mundial, em setembro de 2008.

“Se o colapso da Luna foi o momento Bear Stearns das criptomoedas, a Celsius Network ameaça tornar-se o momento Lehman Brothers da indústria: o fracasso que exacerba uma crise do mercado”, escrevem os autores. Para os clientes fica a dúvida: conseguirão algum dia reaver o dinheiro ou os ativos. Os reguladores do mercado de capitais do Alabama, Kentucky, New Jersey, Texas e Washington abriram uma investigação à suspensão dos resgates.

As ondas de choque da decisão Celsius obrigaram a corretora Binance a suspender os resgates por algumas horas na segunda-feira. As más notícias da semana não ficaram por aqui. Na quarta-feira a Coinbase anunciou que vai despedir 18% dos cerca de 5.000 trabalhadores, de forma a preparar a empresa para o que aí vem. E os cortes no pessoal podem não ficar por aqui.

“Parece que estamos a entrar numa recessão depois de mais de dez anos de crescimento económico. Uma recessão pode levar a outro inverno cripto, que pode durar um período alargado de tempo”, justificou o CEO, Brian Armstrong.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.