Três em cada quatro carros made in Portugal são a gasolina
Pandemia acelerou a preferência dos consumidores por modelos a gasolina em detrimento no gasóleo, ao contrário do que acontece com os veículos comerciais, camiões e autocarros.
A gasolina está cada vez mais a caminho de monopolizar a produção de carros de passageiros em Portugal. Em 2022, por cada quatro automóveis ligeiros para os consumidores, três tinham motor a gasolina. Nos comerciais e nos pesados, pelo contrário, o gasóleo continua a ser rei.
Entre os 256.018 automóveis ligeiros de passageiros fabricados em Portugal em 2022, 198.533 contavam com um motor a gasolina, ou seja, 77,55% do total. As restantes 57.474 unidades tinham motor a gasóleo. Nunca a gasolina tinha tido tanto peso na produção de veículos, segundo os dados recolhidos pelo ECO junto da Associação Automóvel de Portugal (ACAP).
Foi a partir de 2018 que os motores a gasolina (63,25%) passaram a equipar mais carros ligeiros do que o gasóleo (36,75%). Esse foi o primeiro ano completo de produção do SUV T-Roc na Autoeuropa, que substituiu o desportivo Volkswagen Scirocco. Em 2019 houve uma ligeira diminuição (59,11%) mas a pandemia consolidou a tendência: em 2021, a gasolina passou para 74,38%. O domínio deste combustível tem a ver com as preferências dos consumidores da Europa, região de destino de 90% dos veículos produzidos em Portugal.
A gasolina apenas não tem tanto peso porque, além da Autoeuropa, também foram classificados como veículos ligeiros de passageiros cerca de 24 mil unidades made in Mangualde. O gasóleo ainda domina na fábrica da aliança automóvel Stellantis, onde a maioria da produção se destina aos veículos comerciais ligeiros.
Para este tipo de automóveis apenas existem dados desagregados a partir de 2020. Neste ano, 95,74% das carrinhas tinham motor a gasóleo. Este combustível continua a liderar as escolhas dos comerciantes, apesar de a quota ter baixado para 93,16% em 2022.
Nos camiões e autocarros, a gasolina nunca entra mas é onde há mais opções energéticas: apesar de o gasóleo ficar com mais de 96% das unidades produzidas, já aparecem as unidades elétricas – camiões fabricados na Fuso, no Tramagal – e mesmo a hidrogénio – autocarros produzidos na CaetanoBus.
O cenário da produção de carros não deverá mudar nos próximos anos enquanto não é anunciado um novo modelo para a Autoeuropa e não arrancar o projeto para fabrico de uma unidade híbrida ou elétrica na Stellantis Mangualde. Já a Fuso Tramagal e a CaetanoBus apostam cada vez mais em soluções eletrificadas.
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