Trabalhadores da Ecco em greve parcial 4 dias
“Em 2014, a Ecco pagava 130 euros acima do salário mínimo nacional, mas agora só está a pagar 46 euros a mais", diz sindicalista.
Os trabalhadores da fábrica de calçado Ecco, em Santa Maria da Feira, estarão em greve parcial de terça a sexta-feira, em protesto contra a recusa da multinacional dinamarquesa em aumentar 100 euros o salário dos operários da produção.
Segundo revela à Lusa a dirigente do Sindicato Nacional dos Profissionais da Indústria e Comércio do Calçado, Malas e Afins (SNPIC), a empresa está disponível para aumentar os honorários apenas de acordo com o legalmente exigido para corresponder à inflação, o que “representa 55 euros mensais”, mas os funcionários querem um valor mais elevado, para “conseguirem recuperar o poder de compra que perderam nos últimos anos”, face aos salários iniciais que a Ecco praticava antes.
Fernanda Moreira explica: “Em 2014, a Ecco pagava 130 euros acima do salário mínimo nacional, mas agora só está a pagar 46 euros a mais e, como o nível de vida subiu tanto, os 100 euros que pedimos são mais do que justos, atendendo a que, noutras categorias profissionais, a empresa tem dado aumentos de 500, 600 e até 2.000 euros”.
Para a dirigente do SNPIC, ela própria funcionária da Ecco, os mais de 500 operários da produção “não estão contra outros colegas ganharem mais”, mas consideram que a “diferença de tratamento” ao nível remuneratório demonstra “desconsideração” pelo seu trabalho e uma tentativa de “os aproximar cada vez mais do salário mínimo nacional”.
Fernanda Moreira defende que na origem da recusa da Ecco “não está nenhum problema financeiro”, já que, apesar da quebra de faturação por altura da pandemia de covid-19 e de “vendas mais baixas na Rússia após o investimento grande que lá se fez” na estrutura comercial de distribuição ao público, a multinacional dinamarquesa “tem estado a recuperar bem” e a sua unidade portuguesa “continua a produzir muito”.
O problema, diz a sindicalista, está na distribuição de orçamentos por parte da sede do grupo, que “define um orçamento para a fábrica de cada país e, para Portugal, tabela sempre por baixo, o que é totalmente injusto”. A greve parcial da próxima semana envolve uma paragem de 30 minutos em cada turno: entre as 10:00 e as 10:30, para funcionários dos turnos da madrugada e do horário diurno normal, e entre as 14:30 e as 15:00, para o pessoal do turno da tarde.
Contactado pela Lusa, o diretor-geral da fábrica Ecco’let Portugal, Gustavo Kremer, descreve os 952 trabalhadores da empresa como “altamente qualificados e empenhados em contribuir para o sucesso do grupo”, mas não comenta os valores salariais em negociação.
Gustava Kremer realça, contudo, que, “na realidade, a Ecco Portugal paga remunerações no mínimo cerca de 20% acima do salário mínimo nacional, subsídio de alimentação no valor de 5,20 euros e oferece um conjunto de benefícios adicionais como, por exemplo, o seguro de saúde gratuito e refeições na cantina a preços reduzidos”.
O responsável pela fábrica portuguesa diz que a empresa tem mantido “um diálogo transparente e construtivo com o sindicato” e, indicando que essas conversações visam “o interesse dos colaboradores”, conclui: “é muito importante para nós proporcionar-lhes um ambiente seguro”.
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