João Salgueiro: Um percurso ligado à economia e à banca
João Salgueiro, que faleceu esta sexta-feira aos 88 anos, tem um percurso ligado à economia e à banca. Foi ministro das Finanças e presidente da Caixa. "Economista brilhante", considerou Presidente.
O economista e ex-ministro das Finanças João Salgueiro, que morreu na sexta-feira aos 88 anos, iniciou a sua vida profissional no Banco de Fomento Nacional e manteve sempre um percurso ligado à banca.
João Maurício Fernandes Salgueiro nasceu em Braga a 04 de setembro de 1934 e licenciou-se em Economia pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa.
Presidiu à Juventude Católica Portuguesa e participou na fundação da Sedes em 1970, tendo sido presidente da Assembleia Geral desta associação cívica.
Em 1969 foi nomeado subsecretário de Estado do Planeamento no Governo liderado por Marcello Caetano e ocupou o cargo até 1971.
Após a revolução do 25 de Abril aderiu ao PSD e entre agosto de 1974 e março de 1975 foi vice-governador do Banco de Portugal.
No VIII Governo Constitucional (1981-1983), uma coligação que englobava o PSD, o CDS e o PPM, liderada por Pinto Balsemão, João Salgueiro ocupou o cargo de ministro de Estado e das Finanças. Depois exerceu ainda funções de deputado e foi presidente da Comissão de Economia e Finanças da Assembleia da República.
No XII congresso do PSD, realizado em maio de 1985 na Figueira da Foz, foi candidato à liderança do partido, mas viria a surgir um outro candidato que saiu vencedor, Aníbal Cavaco Silva.
João Salgueiro exerceu funções docentes ligadas à economia e à gestão bancária e ocupou diversos cargos na banca, tendo sido presidente do Conselho de Administração do Banco Nacional Ultramarino e da Caixa Geral de Depósitos, de onde saiu em 2000, justificando que não estavam asseguradas “as orientações estratégicas” que o tinham levado a aceitar o cargo quatro anos antes.
Nesse ano, assumiu a presidência da Associação Portuguesa de Bancos, após alterações aos estatutos que permitiram que o líder não fosse um banqueiro, e foi ainda vice-presidente do Conselho Económico e Social.
Em 2021, foi condecorado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
Ilustre, brilhante e patriota
“Ilustre economista, gestor bancário, governante e cidadão civicamente empenhado, João Salgueiro deixa uma marca indelével na sociedade portuguesa, cujo desenvolvimento sempre norteou a sua ação”, adiantou a Associação Portuguesa de Bancos, da qual foi presidente entre 1994 e 2009, numa nota enviada às redações.
Já a Sedes considera que João Salgueiro era “humanista e democrata” e um “patriota sempre ao serviço, tinha um sentido de missão único e uma visão de futuro, por um país mais justo e equitativo”. “Perde o país e perdemos todos, com o falecimento um dos Portugueses mais brilhantes das últimas décadas, deixou-nos um português maior, uma referência e exemplo que procuraremos sempre honrar”, refere Álvaro Beleza, presidente da Sedes.
O Presidente da República sublinhou que “Portugal perdeu um dos seus mais brilhantes economistas da segunda metade do século XX”.
Governo e Banco de Portugal também manifestaram pesar pela morte de João Salgueiro. “É um dia triste para o país, porque foi um dos economistas mais brilhantes que o país já teve”, sublinhou o ministro da Economia, António Costa Silva.
(Notícia atualizada às 15h16 com mais reações)
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