Museu de Serralves exibe até outubro primeira exposição exaustiva da Coleção BPP
Das 111 obras de artistas incontornáveis no panorama artístico compreendido entre os anos 1960 e a atualidade, 76 vieram da coleção do antigo BPP e 35 estavam em depósito em Serralves.
A exposição “A Quem Possa Interessar: Uma Coleção, Uma Carta” vai ser inaugurada esta terça-feira no Museu de Serralves, no Porto, apresentando 111 obras de artistas nacionais e internacionais da coleção do antigo Banco Privado Português (BPP).
Destas 111 obras de artistas considerados incontornáveis no panorama artístico compreendido entre os anos 1960 e a atualidade, 76 vieram da coleção do antigo BPP e 35 estavam em depósito em Serralves, revelou Isabel Braga, uma das curadoras desta mostra, que é “primeira exposição exaustiva da Coleção BPP em Serralves”, durante uma visita direcionada à imprensa.
Como recordou Serralves, “a exposição também testemunha a história comum entre a Coleção BPP e a Coleção de Serralves, já que a primeira direção artística do Museu de Serralves (Vicente Todolí e João Fernandes) teve com a comissão de compras da Coleção BPP uma relação próxima, sugerindo a incorporação de determinadas obras e assegurando o seu depósito em Serralves”.
“O desafio foi fazer uma exposição da coleção BPP a que decidimos chamar ‘A Quem Possa Interessar’, que é a expressão normalmente usada quando queremos escrever uma carta a alguém que não sabemos exatamente quem é”, explicou Ricardo Nicolau, o outro curador da exposição. Nicolau acrescentou: “Uma exposição, uma qualquer exposição, é exatamente isso, ou seja, uma espécie de carta que é endereçada a toda a gente e a ninguém em particular”.
Ricardo Nicolau adiantou que a disposição desta exposição se inspirou nos salons de pintura do século XIX em que várias pinturas estão expostas em paredes de cor e não brancas que, normalmente, caracterizam os museus contemporâneos. Por esse motivo, as paredes foram pintadas de roxo e verde.
Contudo, o curador salientou que a inspiração nos ‘salons’ não se baseou apenas na cor das paredes e no grande número de trabalhos expostos, mas também no “diálogo criado entre as diferentes obras”. “Há determinados artistas ou temáticas que remetem para artistas que estão noutros locais do museu para onde se estende a exposição”, disse.
De acordo com Ricardo Nicolau, o roteiro da exposição “A Quem Possa Interessar: Uma Coleção, Uma Carta”, em exibição até 9 de outubro, revela-se fundamental dado que é através desse que os visitantes vão ter acesso à identificação das obras. Entre os vários artistas constam Helena Almeida, A.R Penck, Marlene Dumas, Sol LeWitt, Rosemarie Trockel, Mike Kelley, Alex Katz, William Kentridge e Lawrence Weiner.
Em novembro, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, afirmou à Lusa que a coleção de arte do BPP iria passar a ser tutela do Estado para impedir que saísse da Fundação de Serralves, onde está depositada. Nesse mesmo dia, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que a Coleção Ellipse e a Coleção BPP iriam passar para a tutela pública, por via de uma troca de créditos, no valor de 34,86 milhões de euros, junto da comissão liquidatária do BPP, do banqueiro João Rendeiro (1952-2022), que faliu.
A Coleção do BPP foi constituída entre 1996 e 2008 e integra 385 obras de 153 autores. O acervo desta coleção integra obras, entre outros, de Helena Almeida, Lourdes Castro, Pedro Calapez e Julião Sarmento.
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