8% dos portugueses que usam internet já foram vítimas de fraude financeira
Banco de Portugal lança esta quarta-feira um plano com 40 medidas para promover a literacia e a segurança financeira digital ao longos dos próximos cinco anos.
O Banco de Portugal está preocupado com a reduzida literacia financeira digital dos portugueses. E não é apenas por cerca de um quarto da população ainda não utilizar ferramentas digitais para aceder a serviços financeiros, como seja utilizar o homebanking ou realizar uma simples compra pela internet. De acordo com um inquérito realizado em Portugal pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que foi publicado em abril deste ano, 8% dos portugueses que utilizam a internet já foram vítimas de fraude, com essa percentagem a subir até aos 14% na franja etária dos utilizadores entre os 25 e 39 anos.
O mesmo estudo revela que menos de metade dos utilizadores da internet consegue responder corretamente à maioria das perguntas relativas a conhecimentos financeiros digitais.
Segundo a OCDE, apenas 45% dos 1.516 inquiridos que serviram de amostra para o estudo reconhecem o phishing e o pharming como esquemas fraudulentos online, e somente 40% das pessoas reconhece que os criptoativos não têm o mesmo quadro regulatório que as notas e as moedas.
Além disso, o inquérito da OCDE nota que a maioria dos portugueses revela que não adota com frequência medidas de segurança na utilização de aplicações móveis. O resultado desse comportamento traduz-se, por exemplo, em que 8% dos utilizadores da internet já foram vítimas de fraude, com essa percentagem a subir até aos 14% na franja etária dos utilizadores entre os 25 e 39 anos.
Foi com o intuito de responder a estas e a outras necessidades de literacia financeira digital que o Banco de Portugal, em colaboração com a OCDE e com o apoio da Comissão Europeia, desenhou um plano de 40 medidas para implementar até 2028 que será apresentado esta quarta-feira no Museu do Dinheiro, em Lisboa.
No centro da “Estratégia de Literacia Financeira Digital” está a sensibilização da população para a importância da literacia financeira digital. Para alcançar essa meta, o Banco de Portugal revela que pretende criar um canal de youtube com conteúdo de literacia financeira e aumentar a visibilidade do portal do Cliente Bancário e do portal Todos Contam.
Tendo como público-alvo um universo que se estende de miúdos a graúdos, o Banco de Portugal pretende, por exemplo, promover a formação financeira digital nas escolas com atividades curriculares e extracurriculares e de eventos para crianças e estudantes; e “identificar e divulgar boas práticas em matéria de conceção e implementação de formação financeira digital a seniores“.
Chegar até à população mais velha é crucial, dado que os dados do inquérito da OCDE mostram que apenas 8,1% dos seniores acedem a websites ou aplicações de homebanking para aceder à sua conta bancária, além da maioria dos idosos desconhecer a existência de contas de pagamento associadas aos smartphones, como o MBWay.
Além disso, a “Estratégia de Literacia Financeira Digital” pretende ainda apoiar iniciativas que promovam a informação imparcial de serviços financeiros digitais e riscos conexos. Para salvaguardar a qualidade dessa iniciativa, o Banco de Portugal prevê a criação de “uma base de dados ou de um registo facilmente acessível e centralizado de entidades fidedignas que fazem formação financeira digital, iniciativas de confiança por tema e público-alvo.”
É também central no plano do Banco de Portugal a adoção de ações que visem promover uma utilização segura dos serviços financeiros digitais pela população. Nesse sentido, a “Estratégia de Literacia Financeira Digital” prevê a realização de uma campanha que disponibilizará informações básicas sobre os riscos da realização de operações financeiras online através de redes públicas de wi-fi.
Apesar das quase 40 medidas explanadas na “Estratégia de Literacia Financeira Digital”, o Banco de Portugal não tem um orçamento definido para esta iniciativa nem divulgou as metas que tem estabelecidas para este plano. E também revela que, apesar deste documento ter estado a ser desenvolvido há dois anos, encontra-se ainda em elaboração a definição de um plano de implementação da estratégia a nível nacional.
Todavia, ao contrário de iniciativas passadas no âmbito da promoção da literacia financeira, o Banco de Portugal garante que as ações da “Estratégia de Literacia Financeira Digital” serão sujeitas a uma monitorização constante com o intuito de serem devidamente avaliadas e escrutinadas.
É neste quadro que está previsto que pelo menos em 2028, no final da aplicação deste plano, a OCDE volte a realizar um inquérito focado no conhecimento e no comportamento da população no quadro da literacia financeira digital.
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