Comissão Europeia sugere que o mercado de trabalho começou a arrefecer em Portugal
Crescimento do desemprego, em contraciclo com a generalidade dos países europeus, pode mostrar sinais de um arrefecimento do mercado de trabalho.
No final do ano passado, o desemprego aumentou e o emprego contraiu em Portugal, o que para a Comissão Europeia pode apontar para um arrefecimento do mercado de trabalho, segundo apontam nas previsões económicas de primavera divulgadas esta segunda-feira.
Ao contrário do que se verificou na média europeia, “a República Checa, a Letónia, a Lituânia, a Hungria e Portugal comunicaram uma contração do emprego” no quarto trimestre de 2022, sinaliza a Comissão. “Além disso, enquanto na maioria dos países a taxa de desemprego continuou a diminuir ou permanecer razoavelmente estável ao longo de 2022, as taxas aumentaram na Hungria, Portugal, Luxemburgo, Lituânia e Chipre”, acrescentam.
Este cenário “sugere que os mercados de trabalho começaram a arrefecer nestas economias”, notam, ainda que ressalvem que “até agora não há indícios de uma reviravolta radical no agregado”.
A taxa de desemprego em Portugal caiu para 6% em 2022, mas subiu para 6,5% no 4.º trimestre. No que toca à população empregada, esta atingiu 4,902 milhões de pessoas no último trimestre do ano passado, o que equivale a um recuo de 0,5% (-26,2 mil pessoas) face ao trimestre anterior, segundo os dados do INE.
Já no primeiro trimestre deste ano, a taxa de desemprego subiu para 7,2%. “Os números aumentaram no final de 2022 e no início de 2023, impulsionados por um forte aumento na atividade de procura de emprego, enquanto o emprego cresceu apenas marginalmente”, destaca Bruxelas.
A Comissão Europeia antevê que no conjunto do ano, o desemprego se vá fixar nos 6,5%, caindo para 6,3% em 2024. Estas previsões são, ainda assim, mais otimistas que as do Governo, que estima uma taxa de desemprego de 6,7% e 6,4% neste ano e no próximo, respetivamente, no Programa de Estabilidade.
Bruxelas nota ainda que os rendimentos reais por empregado estagnaram em Portugal no ano passado, numa altura em que a inflação determinou a perda do poder de compra. Já neste ano e no próximo, deverá verificar-se um “aumento moderado do emprego e dos salários reais, compensando os funcionários pela perda de poder de compra em 2022″.
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