Prestação da casa salta até 260 euros em julho, mas aumento alivia pelo terceiro mês
Tendência vai continuar nos próximos meses: a mensalidade do empréstimo da casa paga ao banco vai continuar a agravar-se, mas aumentos serão cada vez mais pequenos.
Julho volta a trazer más notícias para quem está a pagar a casa ao banco. As prestações dos contratos cujas condições forem revistas no próximo mês vão sofrer aumentos que podem atingir os 260 euros, dependendo das características do empréstimo. Mas há uma (pequena) boa notícia: o aumento, apesar de significativo, representa um alívio em relação aos últimos meses. Uma tendência que se acentuará nos próximos meses, de resto.
Vamos diretos às contas, tomando como exemplo um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1% em cima de uma destas taxas:
- Euribor a 3 meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá subir para cerca de 763 euros, mais de 54,6 euros (+7,7%) em relação à prestação que pagava desde abril;
- Euribor a 6 meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses irá chegar aos 789 euros, um aumento de cerca de 110,9 euros (+16%) em relação à prestação que pagava desde janeiro;
- Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá subir para cerca de 805 euros, quase mais 262 euros (48,2%) em relação à prestação que pagou no último ano.
Segundo o INE, a taxa de juro média no conjunto dos contratos de crédito à habitação atingiu os 3,4% em maio, atingindo o valor mais elevado desde junho de 2009. O capital médio em dívida era de 63.169 euros, com a prestação média a fixar-se nos 352 euros. Isto significa que, em termos médios, o efeito da subida das Euribor em julho vai ser menor do que mostra o cenário base das simulações do ECO – que teve em consideração um empréstimo de 150 mil euros.
O ECO preparou um simulador para calcular a prestação da casa. Faça as contas para o seu caso.
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Há mais de um ano que a prestação da casa tem vindo a agravar-se devido à subida das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) para combater a escalada da inflação.
Devido ao aperto do BCE, também as taxas que servem de base para o cálculo da mensalidade do empréstimo têm disparado nos últimos meses. Em Portugal, 90% dos contratos do crédito à habitação estão indexados às chamadas Euribor e são estas famílias que mais estão a sentir o aperto do banco central – que já têm de lidar com o impacto do aumento generalizado dos preços.
É certo que a prestação da casa vai continuar a aumentar nos próximos meses, mas os agravamentos mais acentuados já ficaram para trás. Por exemplo, um contrato associado à Euribor a 12 meses (30% do mercado nacional) teve o aumento mais expressivo em abril, quando subiu 307 euros. Os agravamentos nos meses que se seguiram foram menos significativos: 300 euros em maio, 290 euros em junho e 262 euros em julho.
Prestação aumenta, mas subidas são cada vez menores
Fonte: Contas do ECO para um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos com Euribor a 12 meses e spread de 1%.
Esta tendência irá continuar quando o mercado já vê a luz ao fundo do túnel no que diz respeito à subida das taxas de juro. Ou seja, com as Euribor a estabilizar, isso irá refletir-se num aumento cada vez menos expressivo da prestação mensal até chegar a um momento em que a mensalidade deixará de subir (o que se espera só no próximo ano). E, dependendo do comportamento das taxas, as famílias poderão mesmo sentir a prestação cair ligeiramente após esta caminhada dos juros.
O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, adiantou que as taxas Euribor nos prazos a três meses e a seis meses, que estão indexados a 70% dos contratos da casa em Portugal, apenas deverão atingir o pico apenas no final do ano, devendo depois assistir-se a uma trégua.
É este o cenário que as famílias devem ter atualmente em cima da mesa, mas alertadas para o facto de que as condições poderão alterar-se, sobretudo se a pressão inflacionista persistir e os bancos centrais apertarem ainda mais as condições financeiras, tal como já avisaram esta semana no Fórum BCE, em Sintra.
No caso do BCE, o mercado já dá como garantida uma subida das taxas de referência em julho, refletindo esse aumento nas taxas do mercado, incluindo Euribor.
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