Fundo aborta compra de grupo de engenharia de Gaia com operações no Brasil
Crest Capital Partners e Afaplan não chegaram a acordo sobre operação notificada à Autoridade da Concorrência, que previa o controlo conjunto do grupo que tem negócios no Brasil, Angola e Moçambique.
Caiu por terra o investimento da Crest Capital Partners no grupo de engenharia Afaplan, apurou o ECO. A sociedade gestora de private equity pretendia entrar no capital do grupo fundado em 1985 e sediado em Vila Nova de Gaia, que emprega cerca de 500 pessoas e fatura perto de 18 milhões de euros, mas a falta de acordo entre as partes, incluindo ao nível das garantias, levou à conclusão das negociações.
Foi a 3 de abril que chegou à Autoridade da Concorrência (AdC) a notificação prévia de uma operação de concentração de empresas que consistia na aquisição, pelo Fundo Crest II e pela empresa Propor, que tem como único ativo o grupo Afaplan, do “controlo conjunto” da sociedade portuguesa e “respetivas participadas de controlo e de direito estrangeiro”.
Precisamente um mês depois, o conselho de administração da AdC, que no início deste ano passou a ser liderado por Nuno Cunha Rodrigues, deliberou “adotar uma decisão de não oposição” à operação de concentração, tendo sublinhado nessa altura que “a mesma não [era] suscetível de criar entraves significativos à concorrência efetiva no mercado nacional ou em parte substancial deste”.
Contactados pelo ECO, nem o cofundador e administrador da Afaplan, Gonçalo Sousa Soares – Tomás Mendes e Maria José Fonseca são os outros administradores –, nem a Crest Capital Partners se mostraram disponíveis para explicar os motivos para o término deste processo negocial.
A Afaplan é uma empresa de serviços para o controlo de qualidade, atuando como “braço direito” do dono de obra para fiscalizar a gestão dos projetos e a construção. Com escritórios em Portugal (Gaia e Lisboa) e no Brasil (São Paulo e Mossoró), onde está concentrado o grosso da faturação, soma projetos em mais de uma dezena de países em quatro continentes e estruturas físicas mais pequenas em Maputo (Moçambique) e em Luanda (Angola).
Já a Crest, constituída em 2017 por um grupo de profissionais com experiência em vários setores no mercado de private equity, como Marco Lebre, David Calem Ferreira ou Inês Lopo de Carvalho, encontra-se atualmente a investir o fundo Crest II, que tem uma capitalização de 125 milhões de euros e é dirigido a empresas portuguesas “com elevado valor estratégico e potencial de crescimento”.
Anteriormente, através do Crest I (100 milhões), que concluiu o período de investimento em setembro de 2020, a sociedade de capital de risco já tinha apostado num total de 16 empresas, como o Grupo Queijos Tavares, o grupo Penta de Salvaterra de Magos ou a Irmarfer, já envolvida em eventos como os Jogos Olímpicos ou o Rock in Rio. Neste momento está ainda a investir num fundo setorial dedicado a agricultura, aquacultura e atividades associadas, com uma capitalização de 75 milhões de euros.
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