Cada vez mais portugueses investem em vinhos raros em Londres
Cerca de 300 portugueses já investem em vinhos finos com a britânica Oeno, que promete um retorno médio anual entre 10% a 15%. Empresa britânica quer abrir este ano uma Oeno House em Lisboa.
Na luxuosa boutique de vinhos Oeno House, no The Royal Exchange, no bairro de Cornhill, em Londres — em tempos mercado de seguros Lloyd’s –, a OenoFuture, empresa de investimento em “vinhos finos” começa a cativar o palato e também a carteira dos investidores. E já há quase 300 portugueses nesta lista de mais de dois mil colecionadores de vinhos de elevado valor acrescentado, comparáveis a ações, joias ou carros de luxo.
Na “parede da fama” deste espaço, uma espécie de passadeira vermelha, os mais famosos são um Masseto 1996 (Toscana, Itália) de mais de 4.700 euros ou um Chateau Margaux 2005 (Bordeaux, França) de mais de 1.100 euros. Prendem logo a atenção, mas não são para a carteira de qualquer um. Mas já há quem tenha comprado um Don Romanée-Conti, da Borgonha (França), garantidamente o “vinho mais caro, em que uma garrafa pode custar mais de 30 mil euros”, desvenda ao ECO Tiago Stattmiller, gestor de conta e responsável da Oeno para o mercado português. Por aqui já conquistou a carteira de quase 300 portugueses que investiram neste ativo não financeiro.
O mercado português é prometedor, assegura o CEO da empresa britânica, Michael Doerr. Cada vez mais portugueses rendem-se a esta nova forma de investir ativos em vinho raros e, assegura o empresário, “com menos riscos do que, por exemplo, um mercado tão volátil como a bolsa”, que acaba por sofrer os impactos, por exemplo, do contexto de inflação ou da guerra. “Um relatório recente da Liv-Ex — que reúne índices sobre os vinhos finos mais negociados no mundo — dá conta que o vinho fino superou o S&P 500 com um aumento de 13,6% nos últimos 15 anos, em comparação com 7,8% (excluindo dividendos) para o S&P”, realça o CEO da Oeno.
Oeno está a crescer 40% em Portugal
A tendência é de crescimento no mercado lusitano. “Estamos a crescer 40% em relação ao ano anterior no que diz respeito a novos clientes baseados em Portugal, com cerca de 3.000 pedidos de informação para abrir uma conta na Oeno”, avança Michael Doerr. “O investidor português médio começa a sua carteira com 20 mil euros, mas tende a chegar a cerca de 100 mil euros nos primeiros seis meses”, revela o CEO da Oeno, com sede em Londres e escritórios em Bordéus, Madrid, Munique, Nova Iorque, Toscana e Lisboa.
Ainda assim, o mínimo de investimento são cinco mil euros, sendo aconselhável 10 mil euros para ter um portefólio mais diversificado do catálogo da Oeno. “Criamos um portefólio de vinho em nome do cliente e as garrafas ficam armazenadas no London City Bonds que é o armazém de vinhos mais antigo do Reino Unido e que pertence ao Governo inglês“, descreve, por sua vez, Tiago Stattmiller. “O mesmo local onde a rainha Isabel II armazena a sua garrafeira pessoal”, acrescenta.
Estamos a crescer 40% em relação ao ano anterior no que diz respeito a novos clientes baseados em Portugal, com cerca de 3.000 pedidos de informação para abrir uma conta na Oeno.
O gestor diz que “Portugal foi o mercado que mais cresceu nos últimos dois anos dentro da Oeno, continua em crescimento e com um enorme potencial não só dos vinhos, mas também no investimento em whisky”. O desempenho tem sido de tal forma positivo que a Oeno calcula duplicar o volume de negócios no mercado português nos próximos dois anos, atingindo um total de dez milhões de euros.
“O cliente tem um retorno anual entre os 10% e os 15% do investimento que fez”, calcula o gestor dos clientes portugueses. Aconselha, por isso, “um investimento entre cinco a dez anos para o vinho valorizar”, tendo em conta que este produto precisa de tempo para amadurecer. E depois entram na equação as tendências de consumo no mercado. Na prática, explica, “quanto mais tempo investir, maior será o retorno financeiro, porque os vinhos vão ficando cada vez mais raros, mais velhos e mais caros”. E até pode acompanhar a evolução do preço no mercado através de uma aplicação no telemóvel. “Como se fossem ações da bolsa, para poder decidir se quer ou não vender”, explica Tiago Stattmiller, ele próprio um investidor nestes ativos não financeiros.
O cliente tem um retorno anual entre os 10 e os 15% do investimento que fez.
Investir em whisky pode ser mais rentável
Mas se o vinho é “rei” no investimento da Oeno em terras de Sua Majestade, também o whisky surge como alternativa e está a conquistar cada vez mais investidores lusitanos. “Tanto o vinho como o whisky têm sido uma classe de ativos interessante para Portugal. Os investidores estão agora a ver os grandes retornos e os benefícios de diversificar a sua carteira neste ativo de luxo”, destaca Michael Doerr. O vinho é, naturalmente, dominante, mas o interesse pelo whisky está a aumentar significativamente”, sublinha o CEO da Oeno.
Nos planos do grupo para o mercado português está a abertura de uma Oeno House em Lisboa, ainda este ano, com o objetivo de aumentar a proximidade aos clientes. “Um dos principais objetivos é prestar um serviço ao cliente quase perfeito e alguns clientes precisam dessa presença física para se sentirem confortáveis connosco”, argumenta Michael Doerr.
A empresa britânica de investimento nestes vinhos de valor exorbitante ambiciona “acrescentar vinhos portugueses de grande qualidade à carteira de vinhos finos”, posicionando Portugal na rota dos investimentos juntamente com outros ativos de renome. Por enquanto, só o Júpiter, da Herdade do Rocim, e o Barca Velha fizeram parte do portefólio.
Ainda este ano, a empresa deverá realizar um evento no Porto para abordar a temática dos vinhos finos e fazer provas. “Criar uma espécie de comunidade entre os investidores, de confraria”, conclui Tiago Stattmiller.
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